Covid: após 3 anos, China acaba com quarentena para viajantes em meio a onda da doença
Covid: após 3 anos, China acaba com quarentena para viajantes em meio a onda da doença
Pequim eliminará quarentena para viajantes - a última grande restrição para covid que vinha impondo.
Por BBC - 27/12/2022 07h30 Atualizado há 3 horas
A China
eliminará a quarentena para viajantes a partir de 8 de janeiro, informaram
autoridades, marcando a última grande mudança na política de “covid
zero” do país.
Depois de
quase três anos de fronteiras fechadas, a medida reabrirá o país para quem tem
visto de trabalho e estudo, ou busca visitar familiares.
Mas ocorre
no momento em que a China luta contra a forte disseminação do vírus após a
suspensão das restrições.
Hospitais
estão sobrecarregados e idosos morrendo.
Na semana
passada, o governo chinês registrou cerca de 4 mil novas infecções por covid a
cada dia e poucas mortes.
No domingo,
as autoridades informaram que parariam de publicar os números de casos. Mas a
empresa britânica de dados de saúde Airfinity estimou que a China estava
enfrentando mais de 1 milhão de infecções e 5 mil mortes por dia, segundo a
agência de notícias Reuters.
A China é a
última grande economia do mundo a adotar a política de “viver com a
covid” após três anos de lockdowns, fronteiras fechadas e quarentena
obrigatória para casos e contatos da covid.
Conhecida
como covid zero, tal política impactou negativamente a economia e deixou os
chineses cansados de restrições e testes ininterruptos.
O
ressentimento contra a política tomou forma em raros porém intensos protestos
públicos contra o presidente Xi Jinping em novembro, o que levou as autoridades
a abandonar as medidas anticovid apenas algumas semanas depois.
Fronteiras
fechadas continuam sendo a última grande restrição. Desde março de 2020,
qualquer pessoa que entrasse na China tinha que passar por quarentena
obrigatória em uma instalação do Estado — por até três semanas por vez. Isso
foi recentemente reduzido para cinco dias.
Mas na
segunda-feira, a Comissão Nacional de Saúde anunciou que a covid seria
formalmente rebaixada para uma doença infecciosa de classe B em 8 de janeiro.
Na prática,
isso significa que a quarentena será suspensa — embora os viajantes que chegam
ainda precisem fazer um teste PCR — e um limite para o número diário de voos
permitidos para a China também seria descartado.
Rastreando
a onda de Covid na China
Autoridades
chinesas disseram que também “otimizariam” os acordos de visto para
estrangeiros que desejam vir à China para trabalhar e estudar, bem como visitas
familiares e reuniões.
Não está
claro se isso inclui vistos de turista, mas o governo disse que um programa
piloto seria iniciado para navios de cruzeiro internacionais.
As novas
regras foram bem recebidas por muitos chineses, que agora poderão viajar para o
exterior novamente. As principais agências de viagens on-line do país relataram
um aumento no tráfego horas após o anúncio.
Mas muitos
também expressaram raiva pela liberdade repentina após anos de controle.
“Estou
feliz com isso, mas também sem palavras. Se estamos fazendo isso [a reabertura]
de qualquer maneira — por que tivemos que passar por todos os testes e
lockdowns diários da covid este ano?” diz Rachel Liu, que mora em Xangai.
Ela disse
que enfrentou três meses de confinamento em abril, mas quase todos em sua família
foram infectados com o vírus nas últimas semanas.
E
acrescentou que seus pais, avós e companheiro — que vivem em três cidades
diferentes: Xi’an, Xangai e Hangzhou — tiveram febre na semana passada.
Muitos
também expressaram preocupação nas redes sociais com a reabertura das
fronteiras, à medida que os casos de covid atingem o pico na China.
“Por que não podemos esperar até que essa onda passe para a abertura? Os profissionais de saúde já estão exaustos e os idosos não sobreviverão a duas infecções em um mês”, dizia um comentário com várias curtidas no Weibo, o Twitter chinês.
Pessoas em
cidades como Pequim e Xangai, que experimentam temperaturas baixas no inverno,
dizem que estão ficando sem remédios para gripe e resfriado e pedem ajuda
médica para parentes doentes.
Teme-se que
centenas de mortes não sejam notificadas, já que os crematórios estão
sobrecarregados.
Na
segunda-feira, o presidente Xi Jinping fez seus primeiros comentários sobre as
mudanças, pedindo às autoridades que fizessem o que fosse “viável”
para salvar vidas.
A imprensa
estatal o citou dizendo que o país enfrenta um novo desafio com o controle da
pandemia e precisa de uma resposta mais direcionada.
A
reviravolta da China na forma como o país administra a pandemia colocou Xi em
uma situação difícil, dizem analistas. Ele foi a força motriz por trás da
“covid zero”, que muitos culparam por restringir excessivamente a
vida das pessoas e paralisar a economia.
Mas, tendo
abandonado essa política, analistas dizem que agora ele deve assumir a
responsabilidade pela enorme onda de infecções e internações hospitalares.
Muitos questionaram por que o país não estava mais bem preparado.