Ana Moser toma posse no Ministério do Esporte: “Missão mais difícil que Brasil e Cuba”
Ana Moser toma posse no Ministério do Esporte: "Missão mais difícil que Brasil e Cuba"
Pasta é recriada no novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu no dia 1º de janeiro. No mandato de Jair Bolsonaro, pasta era secretaria especial do Ministério da Cidadania
Por Redação do ge — Brasília - 04/01/2023 09h40 Atualizado há uma hora
Medalhista
olímpica de vôlei, Ana Moser tomou posse do Ministério do Esporte nesta
quarta-feira. Ela é a primeira mulher da história a comandar a pasta. A
ex-atleta, de 54 anos de idade, foi anunciada para liderar o ministério no
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana. Nos últimos
quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro, o esporte virou uma
secretaria especial, subordinada ao Ministério da Cidadania.
A cerimônia de posse de Ana Moser contou com a presença de outros dois ex-ministros da pasta, Orlando Silva e Leandro Cruz. Outras autoridades, como os também ministros Camilo Santana (Educação), Aniele Franco (Igualdade Racial), Esther Dweck (Gestão), Nisia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho), além de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Paulo Wanderley, presidente do COB, e Mizael Conrado, presidente do CPB, também estiveram presentes. Com um certo atraso na programação, Ana Moser falou sobre a missão de assumir o esporte no país e lembrou a dificuldade dos confrontos entre Brasil e Cuba nas quadras de vôlei.
– Acho que a
missão aqui é mais difícil que Brasil e Cuba (risos). Vamos estar juntos de
cada um que está aqui para ouvir e encaminhar as questões de todas as dimensões
do esporte, que são muitas e diversas. E que tenhamos espírito de muita
conversa para que a gente construa algo novo e maior que temos hoje. E que
aumente e muito o esporte. A gente tem de fazer que mais pessoas conheçam,
pratiquem e se beneficiem do esporte.
Em seu
discurso, Ana Moser anunciou Marta Sobral, referência no basquete, como nova
secretária do Esporte e Rendimento. Além disso, anunciou a chegada de Diogo
Silva, referência no taekwondo, ao seu grupo de trabalho. A nova ministra falou
da importância da conversa com outros ministérios, como Educação e Saúde. E
disse que vai conversar com todos os setores, como os comitês paralímpicos, que
terão atenção especial no trabalho da nova ministra.
– Nosso
público é o mesmo. Crianças e jovens que estão na escola, população em geral,
atendidos pelo SUS. Missão é que tenham acesso a todos os serviços. Esporte é
transversal e precisamos que isso se reflita na prática – disse.
Em seu
discurso, a ministra fez menções honrosas a Isabel Salgado e Pelé, mortos no
ano passado. Fez, inclusive, o apelo para que o Rei do Futebol desse nome a
escolas no país. Ana Moser afirmou, também, o pedido de Lula para ampliar a
prática do esporte amador na sociedade brasileira.
– Fazer uma
revolução no esporte. Oferecer o esporte na vida de todos e todas as
brasileiras. E fazer evoluir o esporte amador. Foi um pedido do presidente
Lula. Lula sempre foi um esportista. Essa é a grande janela que se abriu. Ele
ter a experiência e amar o esporte.
Ana Moser,
que participou do grupo de transição do esporte do presidente Lula, é uma das
diretoras da organização “Atletas pelo Brasil”, iniciativa formada
por atletas e ex-atletas que lutam por melhorias em modalidade esportivas e por
avanços sociais no país.
Fora das
quadras, a vocação social de Ana Moser se manifesta há anos. Ela criou o
Instituto Esporte & Educação (IEE), em 2001, que já atendeu a 6 milhões de
crianças e jovens e capacitou mais de 55 mil professores e educadores pelo
Brasil. Na posse, Ana Moser exaltou o legado e afirmou que se licenciou do
comando do do instituto.
– Vamos
buscar as parcerias para ampliar o acesso ao esporte em todo o país. Assumo
essa missão para inverter a pirâmide e garantir o acesso a todos ao esporte,
como está previsto na Constituição. Nossas propostas têm referências
internacionais. Elas têm base e são prioridade na nossa pasta.
Ana Moser
revelou que, em conversa, Lula falou de sua fama de pavio curto, diante dos
embates da ex-atleta com o COB na história recente. Ela, no entanto, falou da
necessidade de trabalhar com todas as instituições.
– Ele (Lula)
tinha ouvido falar que sou muito pavio curto. E deu uma risadinha. Acho que
isso são reflexos de longos episódios com COB e outras. Vou dizer que vamos
continuar a ter esses episódios, se for o caso. Mas acho que não será. Temos
setores que avançaram muito nas ultimas décadas. temos inúmeros temas e
contribuições para compartilhar. O gabinete estará sempre aberto.
Ana Moser
nasceu em Blumenau, Santa Catarina, em 14 de agosto de 1968. A atleta, que
começou no vôlei aos sete anos de idade, passou pela seleção brasileira
infanto-juvenil antes de brilhar na equipe principal.
Em 1988, Ana
Moser participou, pela primeira vez, de uma edição de Olimpíadas, em Seul, na
Coreia do Sul. Em 1992, na cidade de Barcelona, na Espanha, foi novamente
convocada, porém, a medalha veio apenas nos Jogos de Atlanta, em 1996, com o
bronze conquistado na vitória por 3 sets a 2 sobre a Rússia.
– Eu sou
atleta e defendi a seleção por 15 anos. Mas nunca tirei a camisa da seleção. Eu
defendo todos os atletas, técnicos, profissionais. Sei das dores, das glórias e
dos valores que distribuímos.
Ministério
do Esporte
A pasta foi
criada em 1995 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que colocou
Pelé, tricampeão mundial de futebol com a Seleção Brasileira, à frente do
posto.
O ministério
contou ainda com Rafael Greca, Carlos Melles, Caio Cibella de Carvalho, Agnelo
Queiroz, Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton, Ricardo Leyser, Leonardo
Picciani e Leandro Cruz Fróes da Silva.