Moraes afasta governador do Distrito Federal por 90 dias
Moraes afasta governador do Distrito Federal por 90 dias
Ministro do STF citou descaso e omissão de Ibaneis Rocha
Publicado em 09/01/2023 - 07:07 Por Karine Melo - Repórter da Agência Brasil – Brasília
O governador
do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, ficará 90 dias afastado do cargo. Em
decisão publicada na madrugada desta segunda-feira (9), o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou descaso e omissão por parte do
governador e do então secretário de
Segurança do DF, Anderson Torres, que foi exonerado ontem.
“O descaso e a conivência do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres – cuja responsabilidade está sendo apurada em petição em separado – com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a ordem no DF, tanto do patrimônio público – Congresso Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal – só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do governador do DF, Ibaneis Rocha, que não só deu declarações públicas defendendo uma falsa “livre manifestação política em Brasília” – mesmo sabedor, por todas as redes, que ataques às instituições e seus membros seriam realizados – como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante ao realizado nos últimos dois anos, em 7 de setembro em especial, com a proibição de ingresso na Esplanada dos Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso”, destacou o magistrado.
O chefe do
Executivo local e o secretário de Segurança exonerado Anderson Torres também serão
incluídos no inquérito que investiga atos antidemocráticos. A vice de Ibaneis,
Celina Leão (PP), assumirá o comando do Executivo local nesse período.
Moraes
determinou ainda a desocupação total do acampamento bolsonarista em frente ao
Quartel do Exército, na área central de Brasília, em até 24 horas. Os que
insistirem, alerta o ministro, poderão ser presos em flagrante e enquadrados em
pelo menos sete crimes diferentes. “Determino a desocupação e dissolução total,
em 24 (vinte e quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos
quartéis generais e outras unidades militares para a prática de atos
antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes pela prática dos
crimes previstos nos artigos 2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive
preparatórios) da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016 e nos artigos 288
(associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de
Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A, § 1º, III
(perseguição), 286 (incitação ao crime)”.
A
desocupação deverá ser feita pelas polícias militares dos estados e Distrito
Federal, com o apoio da Força Nacional e Polícia Federal se necessário, devendo
o governador do estado e DF ser intimado para efetivar a decisão, sob pena de
responsabilidade pessoal.
Em vídeo
divulgado ontem (8) a noite, Ibaneis Rocha pediu desculpas aos chefes dos Três
Poderes. Segundo o governador afastado, não se imaginava que os atos tomariam
tal proporção. “Quero me dirigir aqui, primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje em nossa cidade. Para a
presidente do Supremo Tribunal Federal [Rosa Weber], ao meu querido amigo
Arthur Lira [presidente da Câmara], ao meu querido amigo Rodrigo Pacheco
[presidente do Senado]”, disse.
Intervenção
Ontem, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a publicação de um decreto que
prevê a intervenção na área de segurança pública do governo do Distrito Federal
(GDF). A intervenção vai até 31 de janeiro deste ano.
Edição:
Graça Adjuto