‘Dinheiro esquecido’: BC alerta para aumento de golpes; volta das consultas segue indefinida
'Dinheiro esquecido': BC alerta para aumento de golpes; volta das consultas segue indefinida
Ferramenta que mostra valores a receber em instituições financeiras é usada por golpistas para roubar dados de cidadãos; consulta aos valores esquecidos está suspensa desde abril do ano passado, sem previsão de reabertura, assim como os saques.
Por Marta Cavallini, g1 - 11/01/2023 04h00 Atualizado há 4 horas
O Banco
Central emitiu um alerta após aumento no número de consultas sobre falsas
mensagens relativas ao Sistema de Valores a Receber (SVR), ferramenta que
mostra dinheiro “esquecido” em instituições financeiras.
O SVR ainda
tem R$ 4,6 bilhões esquecidos em instituições financeiras para serem
devolvidos, segundo o BC — R$ 3,6 bilhões referentes a mais de 32 milhões de
pessoas físicas e R$ 1 bilhão destinados a mais de 2 milhões de empresas.
A consulta
aos valores esquecidos está suspensa desde abril do ano passado, sem previsão
de reabertura, assim como os saques. Quando o sistema voltar a funcionar, será
permitido o saque dos recursos também pelos herdeiros e representantes legais
dos falecidos.
Por
enquanto, o BC anunciou que voltará a receber novos dados das instituições
financeiras neste mês.
Segundo o
BC, os serviços de atendimento ao cidadão têm recebido volume quatro vezes
maior que a média de consultas sobre informações inverídicas. Grande parte das
falsas mensagens passaram a circular na internet nos últimos dias, segundo
informações da Agência Brasil.
Dicas
para não cair em golpes
A primeira
dica para não cair em golpes se refere a mensagens recebidas pelo WhatsApp para
resgatar os valores esquecidos via PIX. Nesse caso, o BC orienta a ignorar as
mensagens e, principalmente, não clicar em links.
Esses links,
informa a instituição, roubam senhas em redes sociais e podem instalar vírus e
programas espiões no celular.
Informações
oficiais sobre valores a receber e sobre a consulta ao sistema são divulgadas
apenas no site do Banco Central e nas redes oficiais da instituição, e não por
meio de aplicativos de mensagens ou SMS.
Confira,
abaixo, dicas para não cair em golpes:
O Banco
Central não envia links e não entra em contato com os clientes para tratar
sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.
Ninguém está
autorizado a entrar em contato com os clientes em nome do Banco Central ou do
Sistema Valores a Receber.
Nunca clique
em links suspeitos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram.
Não faça
qualquer tipo de pagamento para ter acesso aos valores.
O único site
para saber informações sobre valores a receber é
https://valoresareceber.bcb.gov.br/
Novidades
Entre as
novidades da segunda fase de consultas ao dinheiro esquecido, ainda sem data
para começar, estarão disponíveis as informações referentes a:
contas de
pagamento pré-paga e pós-paga encerradas com saldo disponível;
contas de
registro mantidas por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e
por sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários para registro de
operações de clientes encerradas com saldo disponível; e
outras
situações que ensejam valores a devolver reconhecidas pelas instituições.
Segundo o
Banco Central, os dados recebidos das instituições financeiras serão fornecidos
aos correntistas assim que o SVR for reaberto. E informou ainda que trabalha em
melhorias no sistema, como a inclusão de novos tipos de valores e o saque por
herdeiros e representantes legais de falecidos.
Assim que o
sistema for reaberto, herdeiros, testamentários, inventariantes ou
representantes legais da pessoa falecida poderão consultar a existência de
valores esquecidos e receber instruções para o resgate do dinheiro.
Outra
novidade será a adoção de uma fila de espera virtual para acessar o SVR. A
ferramenta substituirá a lógica de acesso programado (com dia e hora definidos)
que vigorou na primeira fase do sistema.
Maior
parte tem valor de até R$ 10
Atualmente,
os valores esquecidos no sistema financeiro estão distribuídos nas seguintes
faixas:
23,58
milhões de correntistas (68%): até R$ 10
7,94 milhões
(23%): entre R$ 10,01 e R$ 100
2,86 milhões
(8%): de R$ 100,01 e R$ 1 mil
476,5 mil
(1%): acima de R$ 1 mil
A devolução
de valores esquecidos ocorreu de fevereiro a abril do ano passado – foram
devolvidos R$ 2,36 bilhões a 7,2 milhões de pessoas físicas e 300 mil pessoas
jurídicas, segundo a Agência Brasil.
Desse total,
R$ 321 milhões foram devolvidos via PIX a 3,7 milhões de beneficiários que
clicaram diretamente no sistema para pedir os valores. O restante foi devolvido
por meio de contato do beneficiário com a instituição (telefone, e-mail, ida à
agência ou outros canais de atendimento).
Se o
correntista perdeu a chance de resgatar o dinheiro, o Banco Central garante que
não há motivo para se preocupar. Os valores a receber continuarão guardados
pelas instituições financeiras esperando o pedido de devolução quando as
consultas ao SVR forem retomadas.
Inicialmente,
estava prevista uma segunda fase de consultas e saques no SVR para maio do ano
passado — que incluiria mais fontes de recursos esquecidos, como cobranças
indevidas de tarifas ou obrigações de crédito não previstas em termo de
compromisso, contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas e contas
encerradas em corretoras e distribuidoras.
No entanto, o processo foi interrompido por causa da greve dos servidores do BC, que durou três meses e paralisou o desenvolvimento de projetos dentro do órgão.