Unesco vai ajudar governo brasileiro a recuperar patrimônio depredado por terroristas em Brasília
Unesco vai ajudar governo brasileiro a recuperar patrimônio depredado por terroristas em Brasília
Representação da Unesco no Brasil colocou especialistas em restauro à disposição do governo federal. Extremistas invadiram as sedes dos três poderes e danificaram obras de arte, mobiliários e vidraças.
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília - 12/01/2023 00h01 Atualizado há 6 horas
A
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco)
informou que fechou uma parceria com o governo brasileiro para auxiliar no
trabalho de recuperação do patrimônio depredado por radicais bolsonaristas em
Brasília.
A diretora e
representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, afirmou ao g1 que
especialistas da agência em diferentes técnicas de restauro estão à disposição
do governo federal.
Eles devem
atuar no restauro de obras de arte, mobiliário e dos próprios prédios atacados
no último domingo (8) por terroristas. Os golpistas invadiram o Palácio do
Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
“A
parceria está fechada, nós acertamos com a ministra Margareth Menezes [Cultura]
que a Unesco vai apoiar todo o trabalho de restauração do patrimônio
danificado”, disse Marlova.
Procurada, a
assessoria do Ministério da Cultura informou que a pasta receberá “com a
maior satisfação toda a ajuda técnica, financeira e de pessoal que a Unesco
possa disponibilizar” neste momento.
Cooperação
técnica
Segundo
Marlova, a Unesco auxiliará por meio de cooperação técnica, com a oferta do
trabalho de seus especialistas em diferentes áreas.
A agência
aguarda a conclusão do levantamento dos danos provocados pelos extremistas para
definir, junto com o governo federal, quais especialistas poderão trabalhar ao
lado de técnicos brasileiros. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) deve concluir um inventário inicial nesta quinta-feira (12).
“Temos
especialistas no mundo todo, especialistas muito conceituados e de renome que
têm condições de dar uma contribuição muito expressiva. O Brasil é um país que
sempre esteve na vanguarda da preservação do patrimônio, então tem muitos
especialistas de excelência e de qualidade, mas, havendo a necessidade de se
trazer alguém de fora, nós também traremos”, afirmou Marlova.
Patrimônio
da Humanidade
Marlova
frisou que Brasília está desde 1987 na lista de patrimônios da humanidade da
própria Unesco – reconhecimento que engloba o conjunto arquitetônico da
Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes.
A
representante foi ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (11) e viu pessoalmente
os estragos provocados pelos terroristas em quadros, esculturas, móveis e
janelas.
Marlova
salientou que a recuperação do mobiliário modernista é um dos temas que
preocupa a agência em razão da importância das peças que estão em Brasília.
“O
mobiliário modernista, a mesa do Juscelino Kubistchek está danificada, cadeiras
do Sergio Rodrigues, móveis do Niemeyer [Oscar, arquiteto]. Muito triste porque
são obras de valor inestimável para a humanidade. Nós estamos falando das joias
do modernismo brasileiro”, disse.
Obras
danificadas
A
Presidência da República, o Congresso e o STF divulgaram nos últimos dias
levantamentos de obras danificadas pelos vândalos. Na Câmara, por exemplo, o
muro escultório criado por Athos Bulcão foi danificado.
No Palácio
do Planalto uma série de obras foram depredadas:
“As
mulatas”, de Di Cavalcanti: quadro foi encontrado com sete rasgos e peça
tem valor está estimado em R$ 8 milhões.
“O
Flautista”, de Bruno Jorge: avaliada em R$ 250 mil, a escultura em bronze
foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo chão.
Relógio de
Balthazar Martinot: relógio de pêndulo do século XVII, foi um presente da Corte
Francesa para o rei português Dom João VI e tem a recuperação considerada
‘muito difícil’.
“Bandeira
do Brasil”, de Jorge Eduardo: a pintura, que reproduz a bandeira nacional
hasteada em frente ao palácio, foi encontrada boiando sobre a água que inundou
todo o térreo do Planalto.
Escultura de
parede em madeira de Frans Krajcberg: avaliada em R$ 300 mil, a peça teve
galhos quebrados.
Mesa de
trabalho de Juscelino Kubitscheck: a mesa foi usada como barricada pelos
terroristas.
Mesa-vitrine
de Sérgio Rodrigues: o móvel teve o vidro quebrado.