STF mantém afastamento de Ibaneis Rocha do governo do DF por 90 dias
STF mantém afastamento de Ibaneis Rocha do governo do DF por 90 dias
Oito ministros acompanharam o relator Alexandre de Moraes. André Mendonça e Nunes Marques — indicados por Bolsonaro — divergiram.
Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília - 11/01/2023 10h58 - Atualizado há uma hora
Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu manter o afastamento de Ibaneis Rocha do governo do
Distrito Federal por 90 dias em decorrência do vandalismo promovido por
bolsonaristas radicais em Brasília no domingo (8). O julgamento aconteceu nesta
quarta-feira (11), em plenário virtual.
O STF também votou por manter a
determinação de prisão de prisão preventiva do ex-secretário de Segurança do
DF, Anderson Torres; e do ex-comandante da PM, Fábio Augusto Vieira.
Oito ministros acompanharam o relator,
ministro Alexandre de Moares: Gilmar Mendes, Edson Fachin, Carmen Lúcia, Dias
Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
André Mendonça e Nunes Marques — indicados elo ex-presidente Jair Bolsonaro —
divergiram.
Mendonça votou contra o afastamento de
Ibaneis e pela decretação de medidas cautelares diversas da prisão para
Anderson Torres e para o ex-comandante da PM. Nunes Marques votou contra o
afastamento de Ibaneis e contra a prisão preventiva para Torres e o
ex-comandante.
Além do próprio
Moraes, votaram a favor das medidas os ministros:
Gilmar Mendes
Edson Fachin
Carmen Lúcia
Dias Toffoli
Luís Roberto Barroso
Luiz Fux
Ricardo Lewandowski
Rosa Weber
Em nota divulgada ainda na quarta
(11), quando já havia maioria no plenário virtual para manter o afastamento,
Ibaneis divulgou nota em que disse receber a decisão “com serenidade e
respeito”.
Ibanais também afirmou aguardar que
“toda apuração chegue o mais rápido possível ao seu final para que assim a
verdade seja restabelecida”.
“Tenho a consciência tranquila e
a certeza que não fui conivente com qualquer ato criminoso. Ao contrário, como
já divulgado nos áudios e documentos que juntei ao inquérito e que fiz chegar a
todos os senhores Ministros e a população, fui levado a erro pelas autoridades
da segurança que estavam à frente da operação. Sigo confiante em Deus e na
justiça”, prossegue a nota.
Bloqueios
proibidos
Nesta quinta-feira (12), o plenário
virtual do STF começou a julgar se mantém decisão de Moraes que determinou,
nesta quarta-feira (11), que as autoridades públicas de todo o país impeçam
qualquer tentativa de bloqueio de vias públicas ou rodovias.
A proibição também vale para invasão
de prédios públicos ou bloqueios que interrompam o acesso a estes edifícios.
O julgamento começa à 0h e termina às
23h59. No plenário virtual, os ministros inserem seus votos em um sistema
eletrônico do tribunal.
Acampamentos e
investigação
A decisão de Moraes foi tomada horas
depois da destruição provocada por bolsonaristas radicais em Brasília, no
domingo (8). Na ocasião, o ministro ordenou:
– dissolução dos acampamentos em
imediações dos Quarteis Generais e outras unidades militares para a prática de
atos antidemocráticos;
– prisão, em flagrante, de
participantes de manifestação nos QGs pelos crimes de: atos terroristas,
inclusive preparatórios; associação criminosa; abolição violenta do Estado
Democrático de Direito; golpe de Estado; ameaça; perseguição e incitação ao
crime. Os crimes estão previstos no Código Penal e na lei que tipifica o
terrorismo;
– desocupação de todas as vias
públicas e prédios públicos estaduais e federais em todo o território nacional;
– apreensão e bloqueio de todos os
ônibus identificados pela Polícia Federal, que trouxeram os terroristas para o
Distrito Federal. Os proprietários deverão ser identificados e ouvidos,
apresentando a relação e identificação de todos os passageiros, dos
contratantes do transporte, inclusive apresentando contratos escritos caso
existam, meios de pagamento e quaisquer outras informações pertinentes;
– proibição da entrada de ônibus e
caminhões com manifestantes no DF até 31 de janeiro.
Moraes também tomou medidas
relacionadas à investigação, ou seja, para viabilizar a identificação e
responsabilização dos criminosos. São elas:
– a ANTT vai manter e enviar ao
processo o registro de todos os veículos que ingressaram no Distrito Federal
entre os dias 5 e 8 de janeiro de 2023;
– a PF deve obter todas as imagens das
câmeras do Distrito Federal que possam auxiliar no reconhecimento facial dos
terroristas que praticaram os atos do dia 8 de janeiro;
– o TSE deve consultar dados de
identificação civil e outros dados biográficos necessários à identificação e
localização de pessoas envolvidas nos atos terroristas do dia 8 de janeiro;
bloqueio de perfis em redes sociais
que estimulam atos antidemocráticos.
Decisão sobre
Torres e comandante da PF
Na decisão em que determinou a prisão
do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres e do
ex-comandante da Polícia Militar Fábio Augusto, o ministro Alexandre de Moraes
afirmou que o comportamento dos dois coloca em risco a segurança de
autoridades.
Moraes atendeu a um pedido da Polícia
Federal ao determinar a prisão dos dois, como desdobramento dos atos
terroristas que tomaram conta da Praça dos Três Poderes no último domingo (8).
“Os comportamentos de Anderson
Gustavo Torres e Fábio Augusto Vieira são gravíssimos e podem colocar em risco,
inclusive, a vida do presidente da República, dos deputados federais e
senadores e dos ministros do Supremo Tribunal Federal”, escreveu Moraes.
Moraes entendeu que houve omissão e
conivência por parte de Torres e Augusto ao não atuarem para conter os
terroristas e evitar a destruição nas sedes dos poderes da República.
Os fatos que indicam a omissão e
conivência, segundo Moraes, são:
– ausência de policiamento necessário
na Praça dos Três Poderes, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar
do Distrito Federal;
– autorização para que mais de 100
ônibus ingressassem livremente em Brasília, sem qualquer acompanhamento
policial, mesmo sendo fato notório que praticariam atos violentos e
antidemocráticos;
– a “total inércia” ao não
desmontarem o acampamento criminoso na frente do QG do Exército, “mesmo
quando patente que o local estava infestado de terroristas”.
O ministro também entendeu que as
prisões são necessárias para evitar a destruição de provas e entraves à investigação.