Vice-presidente de comissão quer que União Europeia contribua para Fundo Amazônia ainda neste ano
Vice-presidente de comissão quer que União Europeia contribua para Fundo Amazônia ainda neste ano
Frans Timmermans afirmou que bloco econômico avalia que incrementar o fundo é a maneira mais rápida de se atingir resultados concretos na área ambiental.
Por Paloma Rodrigues e Victor Boyadjian, TV Globo — Brasília 23/01/2023 19h51 Atualizado há 12 horas
O
vice-presidente Executivo da Comissão Europeia e líder das negociações
climáticas da União Europeia (UE), Frans Timmermans, disse nesta segunda-feira
(23) que o bloco econômico passará a contribuir para o Fundo Amazônia e que
trabalha para que as doações comecem ainda neste ano.
Criado em
2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização do
bioma, o fundo foi paralisado no início do governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro. No primeiro dia deste ano, Lula assinou decreto para reativar o
mecanismo.
“O que
podemos falar hoje é que vamos contribuir para o fundo. O que não posso dizer
hoje é com quanto, ainda temos que definir isso na União Europeia, mas com
certeza vai contribuir, porque acreditamos que essa é a maneira mais rápida de
mostrar resultados concretos”, afirmou Timmermans em entrevista à TV
Globo.
“Eu espero que [a contribuição] seja antes da próxima COP em Dubai para que sejamos claros [sobre o assunto] e para que possamos atrair outros financiadores”, acrescentou o vice-presidente da comissão, referindo-se à próxima Conferência do Clima que acontecerá nos Emirados Árabes entre novembro e dezembro deste ano.
Ele afirmou
que as sinalizações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem ajudar a
acelerar o processo, uma vez que a análise do bloco é a de que o governo tem se
mostrado comprometido com o combate ao desmatamento.
Na análise
de Timmermans, houve uma forte mudança na área ambiental em relação ao governo
do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“É uma
diferença como da noite para o dia. Eu também trabalhei com o governo Bolsonaro
e era muito difícil de convencê-los a avançar nesses problemas. No final, demos
pequenos passos, mas nunca conseguimos um comprometimento real, um
comprometimento no cenário internacional”, afirmou.
“O
Brasil é uma liderança tão importante no mundo nessa área e tem
responsabilidade [sobre o assunto]”, completou.
Timmermans
que trabalha para ratificar o acordo entre Brasil e União Europeia e acredita
que a sinalização do governo brasileiro em relação ao meio ambiente pode ajudar
a destravar o acordo.
“Eu vou
fazer o meu melhor, porque eu acho que o presidente Lula merece crédito pelo
seu histórico, ele está preparado para combater o desmatamento”, disse.
“Eu
quero que essa mensagem seja ouvida claramente na Europa e nós veremos se isso
terá um efeito positivo, eu acho que terá, mas outros líderes europeus também
virão ao Brasil em breve e eles todos vão testemunhar o fato de que Lula está
levando este assunto muito a sério”, emendou Timmermans.
O
vice-presidente da comissão afirmou que a UE também atuará para combater a
impunidade daqueles que estão exercendo atividades econômicas ilegais na
Amazonia.
“[Precisamos]
ter certeza de que a Europa identifique os que obtém lucro dessas atividades
ilegais e encerrar suas atividades. O fato de as pessoas pensarem que podem
seguir com o crime é ruim, porque atrai outros criminosos”, declarou.
O
vice-presidente da comissão visitará nesta terça-feira (24) Belém, no Pará,
onde visitará projetos ligados à bioeconomia.
A cidade é a
candidata do Brasil para sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima que acontecerá em 2026, mas a UE não deve sinalizar apoio à
cidade brasileira durante a visita.
“Não
depende de nós decidir [sobre o apoio] e temos países da União Europeia que
querem ser sede, mas vamos dizer que eu ficaria muito empolgado se fosse
sediado em Belém”, disse o representante europeu.
Pará é o estado que registrou o maior desmatamento na Amazônia em 2022. Perguntado se este seria o ambiente adequado para uma COP, Timmermans respondeu que seria a oportunidade para enfrentar o problema. “Eu acredito que se você realmente quer fazer a diferença, você tem que ir em lugares em que fazer a diferença realmente conta. E lá é um desses lugares no planeta”, disse.