Ministério denuncia aparelhamento político na saúde indígena em RR
Ministério denuncia aparelhamento político na saúde indígena em RR
Secretário diz que foram encontradas irregularidades no Dsei Yanomami.
Publicado em 07/02/2023 - 21:51 Por Pedro Rafael Vilela – Enviado especial - Boa Vista
O secretário
especial da saúde indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba,
afirmou nesta terça-feira (7) que houve aparelhamento político no serviço
público de assistência à saúde do povo Yanomami, em Roraima. Os indígenas da
etnia vivem uma grave crise humanitária, afetados principalmente pelo garimpo
ilegal que domina o território, gerando destruição ambiental, contaminação da água,
propagação de doenças e violência. O quadro é histórico, mas foi agravado nos
últimos quatro anos.
“O que
a gente experimentou no Dsei [Distrito Especial de Saúde Indígena] Yanomami,
nos últimos anos, foi um verdadeiro aparelhamento político, verdadeiras
oligarquias políticas que detêm o poder aqui em Roraima”, denunciou
Tapeba, em entrevista coletiva concedida em Boa Vista, onde participa de ações
para lidar com a crise. Em todo o país, há 34 distritos de saúde indígenas, os
Dsei, que são vinculados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Segundo o
secretário, uma auditoria realizada pelo próprio Ministério da Saúde no DSEI
Yanomami identificou irregularidades em contratos da unidade.
“Já foi
feita uma auditoria aqui no Dsei Yanomami. A AudiSUS, que é um departamento
dentro do Ministério da Saúde, realizou uma auditoria. Essa auditoria
apresentou um índice de irregularidades em uma série de contratos. Tivemos uma
reunião ontem com o Tribunal de Contas da União e o TCU também planeja uma auditoria
aqui no Dsei Yanomami”, observou.
Ligação
com garimpo ilegal
Tapeba ainda citou investigações da Polícia Federal sobre o envolvimento de agentes políticos do estado ligados ao garimpo ilegal. Ele não quis revelar o nome dessas pessoas.
“Muitos
desses políticos que estão envolvidos no aparelhamento do DSEI têm relação
direta com o garimpo também. Têm investigações em curso pela Polícia Federal,
inclusive, que, no final, vamos ter um desfecho muito grande e tenho certeza
que muita gente vai estar sendo, inclusive, presa”, disse.
No momento,
o cargo de coordenação geral do Dsei Yanomami está vago. A promessa do
secretário especial de saúde indígena é recompor a equipe de todos 34 distritos
do país, incluindo o Yanomami. A ideia, nessa primeira fase, é que a própria
Sesai faça o acompanhamento e monitoramento no distrito até que os atendimentos
estejam normalizados.
Edição:
Fábio Massalli