Número de mortes no Brasil bate recorde em 2021, enquanto nascimentos têm o menor registro da série histórica, diz IBGE
Número de mortes no Brasil bate recorde em 2021, enquanto nascimentos têm o menor registro da série histórica, diz IBGE
A pandemia de Covid-19 foi a grande responsável pelos números recordes, afirma a pesquisadora responsável pelo levantamento.
Por Bruna Miato, g1 16/02/2023 10h21 - Atualizado há uma hora
No segundo
ano de pandemia de Covid-19, o Brasil registrou a maior taxa de óbitos de toda
a série histórica, iniciada em 1974, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Foram cerca de 1,8 milhão de mortes em 2021,
uma alta de 18% em relação ao ano anterior. Em números absolutos, 2021 teve 273
mil mortes a mais do que 2020.
Em
contrapartida, o número de nascimentos foi o menor da série histórica, iniciada
em 2003. Foram 2,6 milhões de registros de crianças nascidas naquele ano, queda
de 1,6% ante 2020 – ou 43 mil nascimentos a menos.
Os dados são
da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do IBGE. De acordo com a gerente da
pesquisa, Klívia Brayner, “a pandemia de Covid-19 mexeu muito com a parte
demográfica do país”.
“Quando
a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais
ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a
própria projeção do IBGE indica e o número de óbitos, muito acima”, afirma
Klívia.
Os óbitos
pela pandemia
O IBGE
revela que, em 2021, o número de óbitos ficou concentrado, principalmente, no
primeiro semestre do ano, época em que poucas pessoas ainda haviam sido
vacinadas. Durante aquele ano, foi no mês de março que ocorreu o maior registro
de mortes: 202,5 mil, um número 77,8% superior ao registrado em março de 2020,
quando a pandemia ainda estava começando.
A tendência
de queda no número de mortes passou a ser observada em julho de 2021, mês em
que os óbitos ainda estavam próximos dos 150 mil. Em setembro, no entanto, a
queda passou a ser mais expressiva e os registros de óbitos daquele mês até
dezembro foram sempre menores dos que os observados nos mesmos períodos de
2020.
“A
implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de
incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas
consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e
o avanço da vacinação no país”, aponta a gerente do levantamento.
Menos
nascimentos em 2021
Em 2021, o
número de crianças nascidas caiu pelo terceiro ano consecutivo, segundo o IBGE.
Foram pouco mais de 2,7 milhões de registros de nascimento, mas desse total,
apenas 2.635.854 são de crianças nascidas naquele ano.
A maior
queda percentual nos registros de nascimentos, de 4,9%, foi observada em São
Paulo, seguido do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, que tiveram baixas de
4,6% e 4,3%, respectivamente.
Já os
estados que registraram as maiores altas de nascimentos foram Amapá, com avanço
de 9,1%, Amazonas, de 6,0%, e Pará, de 5,0%, todos na região Norte do país.
Em relação
aos meses em que mais nasceram crianças, destaque para março, com 239 mil
nascimentos, e maio, com 237,3 mil. Enquanto isso, novembro teve o menor número
de registros, cerca de 205,4 mil.
Klívia
Brayner considera que a pandemia foi responsável, também, pela queda na taxa de
natlidade.
“A
redução de registos de nascimentos, observada pelo terceiro ano consecutivo,
parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país, já
sinalizada pelos últimos Censos Demográficos. Outra hipótese é que a pandemia
tenha gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela
gravidez tenha sido adiada”, ressalta.
Número de
divórcios também cresceu
Em 2021, o
número de divórcios concedidos em 1ª instância ou realizados por escrituras
extrajudiciais foi de 386,8 mil, um crescimento de 16,8% em relação ao ano
anterior.
O IBGE explica que, com esses números, a taxa geral de divórcios (número de divórcios para cada mil pessoas de 20 anos ou mais) também cresceu, passando de 2,15‰ em 2020, para 2,49‰ em 2021.