Belga condenada por assassinar 5 filhos morre por eutanásia com alegação psicológica
Belga condenada por assassinar 5 filhos morre por eutanásia com alegação psicológica
Genevieve Lhermitte escolheu morrer no aniversário da morte dos filhos.
Por BBC 03/03/2023 11h40 - Atualizado há 21 minutos
Uma belga de
56 anos que matou os cinco filhos foi submetida por vontade própria à
eutanásia, exatamente 16 anos após os assassinatos.
Genevieve
Lhermitte matou o filho e as quatro filhas — com idades de três a 14 anos — em
28 de fevereiro de 2007, na cidade belga de Nivelles, enquanto o pai deles
estava fora.
Ela tentou
tirar a própria vida na sequência, mas não conseguiu, e acabou ligando para os
serviços de emergência pedindo ajuda.
Lhermitte
foi condenada à prisão perpétua em 2008, antes de ser transferida para um
hospital psiquiátrico em 2019.
Na Bélgica,
a lei permite que as pessoas optem pela eutanásia se for considerado que elas
estão passando por um sofrimento psicológico “insuportável”, e não
apenas físico, que não pode ser curado.
A pessoa
precisa estar consciente da decisão e ser capaz de expressar seu desejo de
forma fundamentada e consistente. “É esse procedimento específico que a
senhora Lhermitte seguiu, com diferentes opiniões médicas coletadas”,
declarou seu advogado.
A psicóloga Emilie Maroit disse ao canal RTL-TVI que Lhermitte provavelmente escolheu morrer no dia 28 de fevereiro num “gesto simbólico de respeito aos filhos”.
“Também pode
ter sido para ela terminar o que começou, porque basicamente ela queria acabar
com sua vida quando os matou”, acrescentou.
O crime
gerou grande comoção na Bélgica em 2007.
Durante o
julgamento, os advogados de Lhermitte argumentaram que ela sofria de transtorno
mental, e não deveria ser mandada para a prisão. Mas o júri a considerou culpada
de assassinato premeditado e a condenou à prisão perpétua.
Em 2010,
Lhermitte entrou com uma ação civil exigindo até três milhões de euros de um
ex-psiquiatra, alegando que sua “inércia” não impediu os
assassinatos, mas ela acabou abandonando a batalha legal após 10 anos.
Em 2022,
cerca de 2.966 pessoas morreram por eutanásia na Bélgica, um aumento de 10% em
relação a 2021.
O câncer
continua sendo o motivo mais comum, mas as autoridades disseram que em
aproximadamente três de cada quatro solicitações, os pacientes apresentam
“vários tipos de sofrimento, tanto físico quanto psicológico”.
Desde 2014,
a Bélgica permite que crianças sejam ajudadas a morrer, assim como adultos, se
estiverem com doenças terminais e com muita dor e se tiverem o consentimento dos
pais.