Chanceler chinês diz que ‘confronto e conflito’ vão ocorrer se EUA não mudarem
Chanceler chinês diz que 'confronto e conflito' vão ocorrer se EUA não mudarem
Declaração foi feita pelo ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang.
Por Artur Nicoceli, g1 07/03/2023 06h17 - Atualizado há 3 horas
O ministro
de Relações Exteriores da China, Qin Gang, declarou nesta terça-feira (7) que
os Estados Unidos devem mudar sua atitude “distorcida” em relação à
região asiática ou haverá um “conflito e confronto”.
“Se os
Estados Unidos não pisarem no freio e continuarem a acelerar no caminho errado,
nenhuma barreira poderá impedir o descarrilamento, que trará um conflito e
confronto, que arcará em consequências catastróficas”, declarou em
entrevista coletiva de quase duas horas em que respondeu a perguntas enviadas
com antecedência.
As relações
entre as duas superpotências estão tensas há anos devido a uma série de
questões, incluindo Taiwan, comércio e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia,
mas pioraram no mês passado depois que os Estados Unidos derrubaram um balão na
costa leste dos EUA que diz ser chinês.
Gang afirmou
que “a percepção e as visões dos EUA sobre a China estão seriamente
distorcidas. [Os norte-americanos] consideram a China como seu principal rival
e o maior desafio geopolítico”.
Os EUA, porém,
dizem que estão estabelecendo barreiras para as relações e não estão buscando
conflito.
“Os EUA
afirmam que buscam competir com a China, mas não buscam conflito. Mas, na
realidade, a chamada ‘competição’ dos EUA é contenção e repressão total, um jogo
de soma zero de vida e morte”, declara o chanceler.
Ucrânia e
Rússia
Ao longo da
entrevista, Qin fez uma defesa robusta da “diplomacia do guerreiro
lobo”, uma postura assertiva e muitas vezes abrasiva adotada pelos
diplomatas da China desde 2020.
“Quando
chacais e lobos estão bloqueando o caminho e lobos famintos estão nos atacando,
os diplomatas chineses devem dançar com os lobos e proteger e defender nossa
casa e nosso país”, afirmou o ministro.
Qin também
delcarou que uma “mão invisível” pressionava pela escalada da guerra
na Ucrânia “para servir a certas agendas geopolíticas”, sem
especificar a quem se referia. Os norte-americanos, em 18 de fevereiro de 2023,
declararam que Vladimir Putin, presidente da Rússia, comete crimes contra a humanidade
no país vizinho.
Segundo o
ministro, a China precisa ampliar as relações com a Rússia à medida que o mundo
se torna mais turbulento e as interações estreitas entre o presidente da
República Popular da China, Xi Jinping, e seu colega russo, Vladimir Putin, ancoraram
as relações dos vizinhos.
Ele não
respondeu quando perguntaram se Xi Jinping visitaria a Rússia após a sessão do
parlamento da China, que dura mais uma semana.
Desde que a
Rússia invadiu seu vizinho do sudoeste há um ano, o presidente da China conversou
várias vezes com Putin, mas não com o ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Moedas
Questionado
se é possível que a China e a Rússia abandonem o dólar e o euro para o comércio
bilateral, o ministro disse que os países devem usar qualquer moeda que seja eficiente,
segura e confiável.
A China tem
procurado internacionalizar seu renminbi, ou o yuan, que ganhou popularidade na
Rússia no ano passado depois que as sanções ocidentais fecharam os bancos
russos e muitas de suas empresas fora dos sistemas de pagamento em dólar e
euro.
“As
moedas não devem ser o trunfo para sanções unilaterais, muito menos um disfarce
para intimidação ou coerção”, declarou Qin.