Copom inicia segunda reunião do ano para definir juros básicos
Copom inicia segunda reunião do ano para definir juros básicos
Expectativa é que taxa Selic seja mantida em 13,75% ao ano.
Publicado em 21/03/2023 - 12:01 Por Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começou hoje (21), em
Brasília, a segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a
Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo
com as pressões do governo federal para redução da taxa.
Em
declaração após a primeira reunião do Copom, em janeiro, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou que os juros altos atrapalham os investimentos e
que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja neste momento
nesse patamar. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu maior
coordenação entre a política fiscal e a chamada política monetária, a cargo do
BC, para conter a inflação.
Embora a
taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais
alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário são sentidos na
desaceleração da economia.
Segundo a
edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de
mercado, a taxa básica deverá ser mantida em 13,75% ao ano, pela quinta vez seguida.
A expectativa do mercado financeiro, entretanto, é que a Selic encerre o ano em
12,75% ao ano.
Amanhã (22),
ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Na ata da
última reunião, em janeiro, o órgão indicou preocupação com a deterioração das
expectativas de inflação de prazos mais longos e não descartou a possibilidade
de novas elevações da taxa Selic caso o processo de desinflação não transcorra
como esperado. O aumento dos gastos públicos e as incertezas fiscais também
poderão fazer o Banco Central manter os juros elevados por mais tempo que o
inicialmente previsto.
Também em
declaração recente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a
autonomia da instituição na definição da política monetária e disse que, pensar
em uma política monetária e uma política fiscal de longo prazo, é importante
para ter um crescimento econômico sustentável.
Campos
avaliou positivamente o pacote de medidas já apresentadas pelo governo e tem
boas expectativas em relação ao novo arcabouço fiscal que será apresentado pelo
Ministério da Fazenda, em substituição ao teto de gastos, que limita as
despesas do governo à inflação do ano anterior.
Depois de
quedas nos últimos meses de 2022, as expectativas de inflação têm subido.
Embora tenha apresentado uma variação negativa no último boletim Focus, a
estimativa de inflação para 2023 está em 5,95%.
Em
fevereiro, puxado pelo grupo educação, com os reajustes aplicados pelos
estabelecimentos de ensino na virada do ano, o IPCA ficou em 0,84%, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o
indicador acumulou alta de 1,37% no ano e de 5,6% nos últimos 12 meses,
percentual mais baixo do que os 5,77% verificados no período imediatamente
anterior.
Taxa
Selic
A taxa
básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo
Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento
do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por
meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos
federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o
Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida,
e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a
expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na
hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a
Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à
produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a
atividade econômica.
O Copom
reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações
técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial
e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom,
formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta de
inflação
Para 2023, a
meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho
Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o
superior é 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para os dois anos, com o
mesmo intervalo de tolerância.
No último
Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a
autoridade monetária reconhece a possibilidade do estouro da meta de inflação
neste ano. No documento, a estimativa é que o IPCA atingirá 5% em 2023. O
próximo relatório será divulgado na semana que vem, no dia 30.
Edição:
Maria Claudia