Escola Thomazia Montoro retoma aulas com parte dos estudantes duas semanas após professora ser morta em ataque
Escola Thomazia Montoro retoma aulas com parte dos estudantes duas semanas após professora ser morta em ataque
Segundo o governo de São Paulo, retorno é acompanhado por equipe de saúde mental e há reforço nas equipes de Ronda Escolar. Escola foi reformada.
Por g1 SP — São Paulo 10/04/2023 04h00 - Atualizado há 28 minutos
A Escola
Estadual Thomazia Montoro retomou as aulas na manhã desta segunda-feira (10),
duas semanas depois do ataque em que um estudante matou a facadas a professora
Elisabete Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras quatro pessoas.
Neste
primeiro dia, foram recebidos 90 alunos de três turmas com seus responsáveis.
Já na
terça-feira (11), todos os jovens poderão retornar para as atividades
escolares.
Segundo o
governo do estado, a equipe realiza rodas de conversas, oficinas de
conscientização, jogos e outras atividades.
Dados do
Censo Escolar indicam que a escola conta com 15 professores e aproximadamente
300 alunos matriculados do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.
“Eles
terão o apoio das equipes multiprofissionais de saúde e das atividades
pedagógicas que serão desdobradas em oficinas de arte e grafitagem para
repaginação da escola com todos os estudantes”, explica a dirigente de
ensino da Diretoria Centro-Oeste de São Paulo, Jane Rúbia Adami da Silva.
Ainda de
acordo com o governo de São Paulo, a Polícia Militar reforçou o policiamento na
região e determinou ponto de estacionamento de viaturas em frente à instituição
citada a partir de sexta-feira (7), para acompanhar o retorno das aulas.
A Secretaria
da Segurança Pública (SSP) também afirma que, após o ataque, a Polícia Militar
reuniu os comandantes das companhias de área com os diretores escolares para
discutir a ampliação dos programas e estratégias de combate a agressores
ativos. “Além desta medida, a gestão estadual também estuda contratar
policiais da reserva para que eles fiquem de forma permanente nas
escolas.”
A Secretaria
da Educação diz que realizou uma revitalização no colégio com manutenção,
pintura e reparos na estrutura – com recursos estimados em R$ 200 mil.
Posteriormente,
a fachada da escola será pintada com grafites do artista plástico Pagu.
“Outro
apoio solidário foi o recebimento de mais de 300 cartas em apoio aos alunos,
professores e funcionários”, diz a pasta.
O ataque
No último
dia 27, a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, morreu e outras quatro
pessoas ficaram feridas após serem esfaqueadas por um aluno de 13 anos. O
agressor, que estudava no oitavo ano na escola, foi desarmado por professoras e
está internado em uma unidade da Fundação Casa.
A polícia
investiga a participação de outros dois alunos no ataque e a Justiça concedeu a
quebra de sigilo do celular, do computador e do videogame Xbox do adolescente
que matou Elisabete.
Na porta da
instituição, ainda é possível ver o altar montado pelos alunos em homenagem à
docente. Também colocaram cruzes, flores, mensagens e um cartaz com a mensagem
“livros sim, armas não!”.
A professora
Beth não tinha completado nem dois meses de trabalho na Escola Estadual
Thomazia Montoro quando foi esfaqueada pelas costas por um aluno na sala de
aula. O assassino também estava na escola havia pouco tempo, desde o início de
março.
Na escola
anterior, o comportamento agressivo e as ameaças de atos violentos foram
notados e preocuparam professores e pais. A direção registrou um boletim de
ocorrência.
Com poucos
dias na nova escola, ele brigou com os novos colegas. Uma dessas brigas, foi
Beth quem separou. A diretora chamou o adolescente para uma conversa, que
estava agendada para a manhã da segunda-feira, o dia do ataque.
Investigação
A Justiça concedeu a quebra de sigilo do celular, do computador e do videogame Xbox do adolescente que matou Elizabeth.
O delegado
do 34º DP levou os equipamentos à sede do Decap, departamento que administra as
delegacias da capital, para fazer a extração dos dados. O procedimento é feito
por um equipamento israelense, com software que busca em aparelhos eletrônicos
de comunicação os arquivos e informações em períodos determinados, mesmo que
tenham sido apagados.
A polícia
não sabe dizer quando tempo levará para fazer a extração dos dados. Para a
polícia, o acesso às informações poderá comprovar ou descartar a participação
de outras pessoas no plano do ataque. Os investigadores acreditam que o aluno
teve incentivo ou ajuda de duas pessoas.
Psiquiatras
O
adolescente acusado de matar a professora e ferir outras quatro pessoas foi
avaliado por uma equipe de peritos, com três psiquiatras (sendo um deles também
psicólogo) e um médico clínico geral.
O
adolescente segue internado provisoriamente em uma unidade da Fundação CASA,
após a justiça acatar um pedido do MP da capital. Ele pode ficar internado
provisoriamente por, no máximo, 45 dias, de acordo com o Estatuto da Criança e
do Adolescente. Após sentença, o jovem poderá cumprir medida socioeducativa de
até 3 anos.
“O
contexto dos autos revela envolvimento do adolescente em ato infracional
equiparado a crimes punidos com reclusão, possuindo capacidade de corromper sua
formação moral e/ou intelectual e de colocá-lo em risco de lesão física
grave”, justificou o juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Taboão da
Serra.
A Justiça
também acatou o pedido de representação enviada pelo Ministério Público de
Taboão da Serra, na região metropolitana. Na nova denúncia, a Promotoria
analisou dois possíveis atos infracionais equiparados aos crimes de ameaça e
extorsão que teriam sido cometidos pelo adolescente no início de fevereiro,
quase dois meses antes do ataque ocorrido nesta semana, contra um garoto de sua
antiga escola, a E.E. Prof. Roberto José Pacheco.
O estudante foi ouvido na tarde da última terça(27) pelo Ministério Público de São Paulo.