Dólar cai a R$ 5 e tem menor patamar em 10 meses, após inflação abaixo do esperado no Brasil
Dólar cai a R$ 5 e tem menor patamar em 10 meses, após inflação abaixo do esperado no Brasil
A moeda norte-americana caiu 1,17%, cotada a R$ 5,0067; foi a menor cotação da divisa desde junho de 2022.
Por g1 11/04/2023 09h34 - Atualizado há 17 horas
O dólar
fechou a sessão desta terça-feira (11) em forte queda, voltando aos R$ 5,00 e
no menor patamar desde 10 de junho de 2022, quando havia encerrado em R$
4,9871.
Investidores
repercutiram o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que veio abaixo do esperado pelo mercado, e se animaram com a
perspectiva de que uma queda de juros possa estar mais próxima.
Ao final da
sessão, a moeda norte-americana caiu 1,17%, cotada a R$ 5,0067. Na mínima do
dia, chegou a R$ 4,9894. Veja mais cotações.
Na véspera,
o dólar teve alta de 0,17%, cotada a R$ 5,0660. Com o resultado de hoje, o
dólar passou a acumular perdas de 1,23% no mês e de 5,14% no ano.
Sob o mesmo
efeito, o Ibovespa fechou em forte alta, aos 106 mil pontos.
O que
está mexendo com os mercados?
O destaque
da agenda hoje é interno, com o resultado do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). O indicador subiu 0,71% em março, segundo dados
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
expectativa de mercado era de alta de 0,77%.
Com isso, o
país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o
menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.
O grande
destaque no mês foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% e teve impacto
individual de 0,39 ponto percentual (p.p.) no índice. Trata-se de um efeito da
reoneração dos combustíveis, determinada pelo governo federal no fim de
fevereiro.
O grupo de
Transportes teve a maior alta do índice em março, com a subida de 2,11% no mês.
O segmento registrou impacto de 0,43 ponto percentual no IPCA. Além da
gasolina, o etanol teve alta de 3,20% em março. No acumulado de 12 meses,
contudo, ambos têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.
O resultado
do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro — uma
desaceleração, portanto.
Mas, uma das
principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de
0,25% em março. Também é uma redução de ritmo relevante em relação a fevereiro,
quando subiu 1,41%, mas a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando
7,63%.
“Os
destaques são ativos mais ligados a juros, tendo em vista essa leitura de IPCA
mais fraco em conjunto com o arcabouço fiscal, que também foi visto de maneira
positiva pelo mercado”, diz Victor Beyruti, economista da Guide
Investimentos.
“O
Brasil não havia aproveitado o momento de melhora nos ativos de risco,
esperando o arcabouço. Agora, temos a recuperação de setores com peso no índice
e que tinham voltado lá fora, como os bancos. Agora, com inflação mais baixa,
varejistas e incorporadoras também se beneficiam com a queda de juros”,
afirma.
O analista
lembra que o dólar passa por um momento de fraqueza desde o chacoalho no setor
bancário dos Estados Unidos, após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do
Signature. Havia a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) fosse obrigado a
parar a alta de juros para garantir a solvência das demais instituições
financeiras.
Mas dados
fortes da economia americana colocaram a hipótese de lado. Na semana passada,
por exemplo, a taxa de desemprego do país caiu para 3,5% em março, indicando
força do mercado de trabalho.
Por isso,
amanhã todos os olhos estão voltados para dados de inflação nos Estados Unidos,
com economistas prevendo que os preços ao consumidor cresceram 5,2% em março na
base anual, após aumento de 6,0% em fevereiro. No entanto, o núcleo dos preços
deve ter subido 5,6%, um ritmo ligeiramente mais rápido em comparação com os
5,5% de fevereiro.
Qualquer
dado forte no relatório de inflação deve alimentar apostas de que o Federal
Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política
monetária, no início de maio. Atualmente, os mercados futuros já precificam
cerca de 70% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica
em 0,25 ponto percentual.
Na China, a
inflação ao consumidor atingiu uma mínima em 18 meses e a queda nos preços ao
produtor acelerou em março. Em contraste com as demais economias desenvolvidas,
a demanda no país permaneceu fraca, reforçando o argumento de que as
autoridades talvez precisem tomar mais medidas para sustentar a recuperação
econômica depois do impacto da pandemia.
O índice de
preços ao consumidor subiu 0,7% na comparação anual, o ritmo mais lento desde
setembro de 2021 e mais fraco do que o avanço de 1,0% em fevereiro, informou o
Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira. O resultado ficou aquém
do aumento de 1,0% apontado em uma pesquisa da Reuters.
O índice de
preços ao produtor caiu 2,5% em relação ao ano anterior, o ritmo mais rápido
desde junho de 2020 e em comparação com uma queda de 1,4% em fevereiro. O
índice registra recuo agora por seis meses consecutivos.
A inflação dos preços dos alimentos, um dos principais impulsionadores da inflação ao consumidor, desacelerou para 2,4% em relação ao ano anterior, de 2,6% no mês anterior. Na comparação mensal, os preços dos alimentos caíram 1,4%.
“O
relatório de inflação da China em março sugere que a economia chinesa está
passando por um processo de desinflação, o que aponta para um espaço maior para
flexibilização da política monetária para impulsionar a demanda”, disse
Zhou Hao, economista da Guotai Junan International, à Reuters.