IPCA sobe 0,71% em março, puxado pela alta da gasolina
IPCA sobe 0,71% em março, puxado pela alta da gasolina
País passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% em 12 meses. É o menor valor para a janela anual desde janeiro de 2021.
Por Raphael Martins, g1 11/04/2023 09h01 - Atualizado há 23 horas
O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação
oficial do país, subiu 0,71% em março, segundo dados divulgados nesta
terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o
país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o
menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.
O grande
destaque foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% no mês e teve impacto
individual de 0,39 ponto percentual no índice. Ainda assim, o IPCA veio abaixo
das expectativas de mercado, que eram de 0,77% para março.
O resultado
do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro. Já em março de
2022, o índice teve alta de 1,62%.
Os três
primeiros meses de 2023 acumulam alta de 2,09% nos preços. Mais uma vez, oito
dos nove grupos de preços registraram alta. Desta vez, porém, foi o grupo
Artigos de residência que registrou baixa de 0,27%.
Já na
esteira da alta de combustíveis, o grupo de Transportes teve a maior alta do
índice em março. Com a subida de 2,11% no mês, o segmento registrou impacto de
0,43 ponto percentual no IPCA.
Na
sequência, os grupos de Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%)
registraram as altas mais relevantes.
Veja o
resultado dos nove grupos que compõem o IPCA:
Alimentação
e bebidas: 0,05%
Habitação:
0,57%
Artigos de
residência: -0,27%
Vestuário:
0,31%
Transportes:
2,11%
Saúde e
cuidados pessoais: 0,82%
Despesas
pessoais: 0,38%
Educação:
0,10%
Comunicação:
0,50%
Reoneração
de combustíveis
A gasolina
ganhou grande destaque nos resultados de março em função da reoneração dos
combustíveis determinada pelo governo federal no fim de fevereiro. Os impostos
federais haviam sido retirados da cobrança pelo ex-presidente Jair Bolsonaro
para derrubar a inflação em ano eleitoral.
O governo de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renovou a desoneração por dois meses, mas
reinseriu parcialmente os impostos a partir do dia 1º de março. Desde então, a
gasolina passou a ter incidência de R$ 0,47 por litro. O etanol foi reonerado
em R$ 0,02 por litro.
“Havia,
portanto, a previsão do retorno da cobrança de PIS/COFINS sobre esses
combustíveis a partir de 1º de março”, diz o analista da pesquisa, André
Almeida.
Nos
resultados finais do IPCA após um mês da cobrança, a gasolina subiu 8,33% no
mês, enquanto o etanol teve alta de 3,20%. No acumulado de 12 meses, contudo, ambos
têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.
Ainda dentro
do grupo Transportes — que teve alta de 2,11% no mês — houve quedas relevantes
em gás veicular (-2,61%) e óleo diesel (-3,71%). Ao contrário dos demais
combustíveis, o diesel continua com a desoneração de impostos federais em vigor
até o fim do ano.
Por fim, as
passagens aéreas tiveram queda de 5,32% em março, depois de terem recuado
outros 9,38% em fevereiro.
Saúde e
Habitação em alta
Outros dois grupos de destaque foram Saúde e cuidados pessoais (0,82%), e Habitação (0,57%). Ambas registram desaceleração em março, quando comparadas ao mês de fevereiro.
No primeiro
segmento, o resultado foi puxado ainda por reajustes em planos de saúde. A alta
de 1,20% segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos
referentes ao ciclo de 2022-2023, segundo o IBGE.
Já no grupo
Habitação, o destaque foi a energia elétrica residencial, com alta de 2,23% no
mês e peso de 0,09 ponto percentual no índice cheio.
O aumento
foi registrado mesmo com a bandeira verde acionada pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), que não acrescenta custos às tarifas dos consumidores
de energia com base no seu consumo mensal.
Essa
bandeira está em vigor desde 16 de abril do 2022. Antes, as bandeiras
tarifárias emergenciais em meio à crise energética configuraram peso forte no
IPCA de 2021.
Serviços
Uma das
principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de
0,25% em março. A desaceleração é relevante em relação a fevereiro, quando
subiu 1,41%. Ainda assim, a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando
7,63%.
Para Laíz
Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, a desaceleração mais lenta dos
serviços e dos núcleos da inflação — métrica que procura ler a tendência do
índice sem choques momentâneos — a fazem acreditar que o IPCA deve fechar o ano
um pouco acima do patamar atual, na casa dos 6,5%.
“Essa
inflação ainda se mostrando persistente não deve dar espaço para o Banco
Central baixar os juros nas próximas reuniões. Nossa projeção é que consiga
baixar a Selic só no ano que vem”, afirma.
Já Claudia
Moreno, economista do C6 Bank, diz que os preços de serviços são pressionados
pelo mercado de trabalho aquecido, além de sofrerem os efeitos da inércia
inflacionária.
“Nossa
projeção é que esse comportamento continue até junho (…). No entanto, o IPCA
deve voltar a acelerar a partir do segundo semestre, quando o efeito da redução
de impostos adotada pelo governo em 2022 tiver saído completamente da base do
IPCA”, afirma.
O banco
projeta que o IPCA termine o ano na casa de 6% neste ano e desacelere para 5%
em 2024.
INPC tem
alta de 0,64% em março
O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para
reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda
mais baixa — teve alta de 0,64% em março. Em fevereiro, a alta foi de 0,77%.
Assim, o INPC acumula alta de 1,88% no ano e de 4,36% nos últimos 12 meses. Em março de 2022, a taxa foi de 1,71%.