Lula destaca viés social do Banco do Brics em posse de Dilma Rousseff
Lula destaca viés social do Banco do Brics em posse de Dilma Rousseff
Nova presidenta do NDB pediu prosperidade comum a todos os países.
Publicado em 13/04/2023 - 02:44 Por Marcelo Brandão - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Na posse de
Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla
em inglês), em Xangai, na China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
poupou críticas ao modelo tradicional de financiamento de instituições
financeiras internacionais. O NDB, também conhecido como Banco do Brics (bloco
econômico composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), não tem a
participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou instituições financeiras
de países de fora do grupo. Fato destacado por Lula.
“Pela
primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem
a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto,
das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às
economias emergentes. E mais, com a possibilidade de financiamento de projetos
em moeda local”.
Lula
continuou exaltando o papel do banco como um instrumento de combate à
desigualdade. Para ele, o NDB deve atender os mais afetados por questões
climáticas e econômicas, ajudando-os em uma recuperação. “A mudança do clima, a
pandemia e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais
vulneráveis. Muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis. É
nesse contexto que a criação do NDB se impõe”.
Em uma solenidade recheada de deputados e ministros brasileiros, integrantes da comitiva de Lula nesta viagem à China, o presidente brasileiro não poupou críticas ao FMI, a quem acusou de “asfixiar” a Argentina. Para ele, os bancos devem ter “paciência” e ter em mente a palavra tolerância ao renovar seus acordos de financiamento.
“Nenhum
governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque está devendo”, disse.
“Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como está fazendo
com a Argentina o Fundo Monetário Internacional”, completou.
Por fim,
Lula fez um aceno à comunidade internacional. Em um tom mais abrangente, pediu
mais generosidade para as pessoas. “Não podemos ter uma sociedade sem
solidariedade, sem sentimento. Temos que voltar a ser generosos. Vamos ter que
aprender a estender a mão outra vez. Nós precisamos derrotar o individualismo
que está tomando conta da humanidade”.
Dilma
Em seu
discurso de posse, Dilma Rousseff também defendeu o viés social do banco e
assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e
digital. Sinalizando em toda sua fala o apoio às comunidades mais pobres e a
necessidade de ajudá-las a garantir moradia e condições mais dignas, a
ex-presidenta da República pediu “prosperidade comum” a todos.
“Assumir à
presidência do NDB é uma oportunidade de fazer mais para os países dos Brics,
mas também para os países emergentes e os países em desenvolvimento”, disse.
“Estou confiante de que juntos podemos realizar nossa visão de desenvolvimento.
Queremos que a prosperidade seja comum a todos os países”, acrescentou.
Desafios
Segundo
especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a futura presidenta do Banco do
Brics terá oportunidade de ampliar a inserção internacional na instituição, mas
enfrentará dois grandes desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente
e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos
sócios-fundadores.
Criado em
dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e
de projetos de desenvolvimento sustentável no Brics e em outras economias
emergentes, o NDB atualmente tem cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados.
Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente
em projetos de rodovias e portos.
Em 2021, o Banco do Brics teve a adesão dos
seguintes países: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.