Ibovespa opera em queda, de olho em juros dos EUA e Campos Neto no Senado
Ibovespa opera em queda, de olho em juros dos EUA e Campos Neto no Senado
Na véspera, o principal índice do mercado de ações brasileiro recuou 0,40%, aos 103.946 pontos.
Por g1 25/04/2023 10h07 - Atualizado há 15 minutos
O Ibovespa,
principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em queda nesta
terça-feira (25), com mercados antecipando a decisão de juros nos Estados
Unidos e de olhos na audiência do presidente do Banco Central do Brasil,
Roberto Campos Neto, no Senado Federal.
Às 10h35, o
Ibovespa caía 0,79%, aos 103.127 pontos. Veja mais cotações.
Na véspera,
o índice teve queda de 0,40%, aos 103.946 pontos. Com o resultado, o Ibovespa
acumulou os seguintes resultados:
Na semana, a
bolsa tem recuo de 0,40%;
No mês, o
Ibovespa tem ganhos de 2,03%;
No ano,
entretanto, acumula perdas de 5,27%.
O que
está mexendo com os mercados?
A semana continua com mais cautela nos mercados internacionais, com recuo nos ativos de risco na Europa e Estados Unidos que antecedem a decisão de política monetária do Federal Reserve. A expectativa do mercado é de nova alta de 0,25 ponto percentual na faixa de juros, mas agentes aguardam as sinalizações futuras do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto).
A alta no
início do dia estava em linha com a valorização do índice que compara a moeda
norte-americana a uma cesta de seis pares fortes, depois que resultados
corporativos decepcionantes nas principais economias reacenderam temores de
recessão ou problemas financeiros mais graves.
Nos EUA, os
destaques da semana serão os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no
primeiro trimestre na quinta-feira, e a publicação da leitura do índice de
preços PCE na sexta-feira.
O grande
evento do dia é a audiência do presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Ele afirmou
que age de forma técnica na fixação da taxa básica de juros para combater a
inflação e lembrou que a taxa básica de juros avançou no ano passado, durante
período eleitoral.
“Nunca
na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de
alta dos juros em um período eleitoral. O que mostra que o BC entendeu que a
inflação ia subir, antes de grande parte dos outros países. O BC do país foi um
dos primeiros a subir os juros”, declarou Campos Neto.
Segundo ele,
se o Banco Central tivesse parado de subir os juros no ano passado, durante as
eleições, a inflação teria sido de 10% em 2022, e não 5,8%. “E hoje, para
controlar a inflação e a expectativa do ano que vem, teríamos que ter juros de
18,75% [ao ano]. Se não tivéssemos, a inflação ia contaminar e subir bastante.
O BC atuou de forma autônoma”, acrescentou o presidente do BC.
A audiência
acontece em meio a um aumento de pressão contra Campos Neto. Como mostrou o
blog da Julia Duailibi, Lula está cobrando integrantes do governo para que
busquem alternativas que possam compensar o nível alto das taxas de juros.
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido praticamente uma voz isolada ao defender
a harmonia entre o fiscal e a política monetária. Inclusive, nesta segunda, em
Portugal, Lula voltou a criticar publicamente o patamar atual da taxa básica de
juros da economia brasileira.
Entre os
indicadores no Brasil, as contas externas do país registraram um déficit de US$
11,82 bilhões no primeiro trimestre deste ano, informou o Banco Central. O
resultado negativo é 40% menor que o registrado no mesmo período do ano passado
— quando o déficit foi de US$ 16,56 bilhões.
O resultado
em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do
país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e
outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas
(remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Somente em
março, as contas externas apresentaram superávit de US$ 286 milhões. Foi o
primeiro saldo positivo desde junho de 2022 (+US$ 266 milhões). Em março de
2022, as contas externas apresentaram um déficit de US$ 3,01 bilhões.
De acordo com o BC, o resultado positivo nas contas externas em março está relacionado, principalmente, com o superávit comercial recorde do mês passado, além de um resultado negativo menor na conta de serviços (que inclui viagens ao exterior).
Além disso,
a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas
atingiu R$ 171,056 bilhões em março, informou a Receita Federal. O resultado
representa uma queda real (descontada a inflação) de 0,42% na comparação com
março do ano passado, quando a arrecadação somou R$ 171,781 bilhões (valor
corrigido pela inflação).
Apesar da
queda em relação ao ano passado, o resultado deste ano foi o segundo maior para
meses de março desde o início da série histórica da Receita Federal, só
perdendo para março de 2022. A série começou em 1995 e é atualizada pela
inflação.
Já as vendas
no varejo brasileiro tiveram queda de 0,1% em fevereiro na comparação com o mês
anterior e aumentaram 1,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior, informou o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pesquisa da
Reuters apontou que as expectativas eram de queda de 0,2% na comparação mensal
e alta de 0,9% sobre um ano antes.