Se economia seguir desacelerando em razão dos juros, haverá ‘problemas’ na arrecadação, diz Haddad
Se economia seguir desacelerando em razão dos juros, haverá 'problemas' na arrecadação, diz Haddad
Ministro da Fazenda deu a declaração sentado ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em sessão no Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico.
Por Alexandro Martello e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília 27/04/2023 11h12 - Atualizado há um minuto
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (27) que, se a economia
brasileira continuar desacelerando em razão dos juros altos, haverá
“problemas fiscais”, ou seja, nas contas públicas, por conta do
impacto do menor nível de atividade na arrecadação federal.
Haddad deu a
declaração durante sessão no Senado sobre juros, inflação e crescimento
econômico – da qual também participaram o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
“Não
vejo a política fiscal, monetária e prudencial separadas umas das outras. Elas
fazem parte da mesma engrenagem. Se a economia continuar desacelerando, por
razões ligadas à política monetária [taxa de juros alta, fixada pelo Banco
Central], vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada.
Não tem como separar. Se desacelero a economia, vou ter impactos fiscais”,
afirmou Haddad.
Na sessão no Senado, Haddad se sentou ao lado de Roberto Campos Neto. Cabe ao Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), fixar a taxa básica de juros da economia (Selic), que, atualmente, está em 13,75% ao ano – maior patamar em seis anos.
“Se eu
desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter
impactos fiscais [nas contas públicas], e nós estamos tomando medidas inclusive
difíceis de tomar, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado [nas
eleições], que surrupiou quase R$ 40 bilhões dos estados no ano passado, mais
R$ 60 bilhões de Receita Federal – no ano passado”, acrescentou o
ministro.
Os juros
altos vêm sendo motivo de atritos entre o governo Lula e sua equipe econômica com
o Banco Central – instituição que vem sendo criticada por governistas.
Na sessão,
Fernando Haddad disse também que o governo herdou um país com sérios problemas
na economia e que está tomando “medidas difíceis” para compensar o
que chamou de “populismo” eleitoral de Jair Bolsonaro no ano passado.
“Não é
fácil tomar medidas impopulares, mas são medidas que saneiam as contas e
permitem um ambiente de planejamento”, afirmou.
‘Caixa-preta’
de benefícios fiscais
No Senado, o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu ainda que o governo abra o que
chamou de “caixa-preta” dos benefícios fiscais a fim de aumentar a
arrecadação federal.
Segundo o
titular da Fazenda, o orçamento brasileiro prevê cerca de R$ 500 bilhões de
renúncias fiscais e é preciso cortar gastos tributários.
“Temos
que abrir essa caixa-preta e discutir com a sociedade e discutir item por item
para onde está indo o recurso público. E nós estamos falando de quase R$ 500
bilhões explícitos da peça orçamentária, nos seus respectivos anexos de
renuncia fiscal, e outros R$ 100 bilhões que não estão na lei orçamentária,
porque são tributos que sequer são considerados para fins fiscais pela
frouxidão da nossa legislação. Há que se falar em cortes de gastos, sim,
sobretudo o gasto tributário”, declarou Haddad.