Veja quem são os alvos da operação contra fraude em dados de vacinação de Bolsonaro e ajudantes
Veja quem são os alvos da operação contra fraude em dados de vacinação de Bolsonaro e ajudantes
Tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente foi preso na ação. Segundo PF, grupo falsificou dados em sistemas do Ministério da Saúde para acessar locais onde vacinação contra Covid-19 era obrigatória.
Por Bruno Tavares, Ana Flor, Isabela Camargo, Fábio Amato, Andréia Sadi, Vladimir Netto, Márcio Falcão e Pedro Alves Neto, TV Globo, GloboNews e g1 03/05/2023 09h05 - Atualizado há 32 minutos
A operação
deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (3), para apurar um suposto
esquema de fraude em dados de vacinação envolvendo ajudantes do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL), tem 17 alvos de busca e apreensão. Seis pessoas também
foram presas.
Segundo a PF, houve fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro. Ele é um dos alvos de mandado de busca e apreensão, que foi cumprido na casa onde ele mora, no Jardim Botânico, no Distrito Federal. Agentes apreenderam o celular dele.
A TV Globo
apurou que os alvos de busca são:
– Jair
Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
– Mauro
Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
– Gabriela
Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid
– Gutemberg
Reis de Oliveira, deputado federal pelo MDB-RJ
– Luís
Marcos dos Reis, sargento do Exército, ex-integrante da equipe de Mauro Cid
– Farley
Vinicius Alcântara, médico que teria envolvimento no esquema
– João
Carlos de Sousa Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ)
– Max
Guilherme Machado de Moura, segurança de Bolsonaro
– Sergio
Rocha Cordeiro, segurança de Bolsonaro
– Marcelo
Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro
– Eduardo
Crespo Alves, militar
– Marcello
Moraes Siciliano, ex-vereador do RJ
– Ailton
Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022
– Camila
Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias
– Claudia
Helena Acosta Rodrigues Da Silva
– Marcelo
Fernandes de Holand
Já os
seis presos nesta quarta são:
– tenente-coronel
Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
– policial
militar Max Guilherme, segurança de Bolsonaro
– militar do
Exército Sérgio Cordeiro, segurança de Bolsonaro
– secretário
de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha
– sargento
do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid
– Ailton
Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022
Como
funcionava?
A operação
foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, no inquérito que apura uma milícia digital contra a democracia. Os
mandados foram cumpridos no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Segundo a
PF, os suspeitos inseriram dados vacinais falsos sobre Covid-19 em dois
sistemas exclusivos do Ministério da Saúde: o do Programa Nacional de
Imunizações e da Rede Nacional de Dados em Saúde.
A corporação
afirma que o objetivo era emitir certificados falsos de vacinação para pessoas
que não tinham sido imunizadas e, assim, permitir acesso a locais onde a
imunização é obrigatória.
A apuração
aponta que os documentos fraudados teriam sido usados para a entrada de comitivas
de Bolsonaro nos Estados Unidos, onde o ex-presidente permaneceu entre janeiro
e março deste ano.
A TV Globo e
a GloboNews apuraram que, além do certificado de Bolsonaro, também teriam sido
forjados os documentos de vacinação:
– da filha
do ex-presidente, Laura Bolsonaro, hoje com 12 anos;
– do
ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele.
Segundo a
corporação, as fraudes ocorreram entre novembro de 2021 e novembro de 2022, e
“tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente
relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos
beneficiários”.
A PF afirma
ainda que a inserção de informações falsas quanto à vacinação pretendia
“manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas,
no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a
Covid-19”.
Os suspeitos
são investigados pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva,
associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e
corrupção de menores.
A operação
ganhou o nome de “Venire”. Segundo a PF, é uma referência ao
princípio “Venire contra factum proprium”, que significa “vir
contra seus próprios atos”.
A Polícia
Federal diz que esse é um princípio base do Direito Civil e do Direito
Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.