Governo conta com reforma tributária para estabilizar a dívida pública com ‘menor esforço fiscal’
Governo conta com reforma tributária para estabilizar a dívida pública com 'menor esforço fiscal'
Informação consta no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, encaminhado ao Congresso Nacional em meados de abril.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 11/05/2023 04h00 - Atualizado há 27 minutos
Informações
divulgadas pelo governo federal no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) de 2024, enviada em abril ao Congresso Nacional, mostram que o Executivo
conta com a reforma tributária para ajudar no ajuste das contas públicas.
“Ao
simplificar e modernizar o sistema tributário brasileiro, essa reforma irá
gerar efeitos positivos na produtividade e no crescimento econômico. Esse maior
crescimento permitirá ao país realizar um menor esforço fiscal para estabilizar
a sua dívida pública como proporção do PIB”, informou o governo no projeto
da LDO 2024.
A reforma
tributária está sendo avaliada pelo Legislativo e pode ser votada ainda neste
semestre pela Câmara dos Deputados. A percepção da área econômica é de que há
um clima positivo para que a reforma seja aprovada pelo Congresso Nacional até
o fim de 2023.
De acordo
com o governo, estudos mostram que a reforma tributária, se concluída,
possibilitará um “elevado aumento no potencial de crescimento do país,
além do potencial de reduzir a desigualdade”.
Analistas estimam que a reforma dos impostos sobre o consumo tem potencial para elevar o PIB potencial do Brasil em no mínimo 10% nas próximas décadas – o que geraria um impacto no aumento da arrecadação federal.
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O governo
busca melhorar o perfil das contas públicas para possibilitar uma queda mais
rápida, e contínua, da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, o
maior nível em seis anos e meio.
Ajuste
das contas públicas
Para
melhorar as contas públicas, o governo enviou ao Congresso Nacional, em abril,
a proposta arcabouço fiscal, ou seja, a nova regra para as contas públicas.
O objetivo
da área econômica é zerar o déficit fiscal primário (que considera receitas e
despesas, mas não os gastos com juros), estimado em R$ 231 bilhões neste ano
(acima de 2% do PIB), a partir de 2024, e obter saldos positivos de 0,5% e de
1% do PIB, respectivamente, em 2025 e 2026.
Para a
Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal,
entretanto, para estabilizar a dívida pública seria necessário um superávit
maior ainda, da ordem de 1,5% do PIB (cerca de R$ 150 bilhões por ano) entre
2023 e 2031.
A
preocupação dos economistas é com o aumento da dívida pública. Nesta semana, no
Senado Federal, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou que o juro é
alto no Brasil justamente porque a dívida é alta, acima da média dos
emergentes.
Atualmente,
a dívida brasileira está em cerca de 73% do PIB. O Tesouro Nacional admitiu que
a dívida brasileira pode superar 80% do PIB ao fim do mandato do presidente
Lula.
Impacto
da reforma tributária
Na avaliação
do secretário extraordinário do Ministério da Fazenda para a reforma
tributária, Bernard Appy, a reforma começará a ter impacto no crescimento do
PIB, nas expectativas dos agentes econômicos, assim que for aprovada pelo
Legislativo.
“Se
aprovar a reforma, a percepção sobre o Brasil tende a melhorar. Estrangeiros
entendem que a reforma tem efeito sobre a percepção de risco do Brasil e que
tem impacto positivo sobre o crescimento, mesmo que o efeito direto venha no
longo prazo. Isso já entra na conta de trajetória fiscal, melhora muito o
fiscal no longo prazo, ajuda a baixar juro de longo prazo”, disse Appy, ao
g1.
Ele estimou que, se a reforma tributária for aprovada neste ano pelo Congresso Nacional, PIS/Cofins começariam a ser eliminados, na troca pelo futuro imposto sobre valor agregado, em meados de 2025. Já o ICMS e ISS, tributos estaduais e municipais, começariam essa transição a partir de 2027, o que se estenderia, gradualmente, até 2031.
Após o
impacto inicial da reforma tributária nas expectativas dos agentes econômicos,
Appy avalia que ela seguirá tendo impacto gradual no crescimento da economia na
medida em que o IVA for entrando em vigor, de acordo com o calendário da
transição.
“O
grosso da transição, que é a parte do ICMS e ISS, corre de 2027 até 2030, 2031,
vai ser escalonado no tempo. E o aumento do PIB, do poder de compra, vai ser
escalonado no tempo também”, acrescentou o secretário Appy.