Corregedor determina auditoria na vara da Lava Jato e investigação em gabinetes da 8ª Turma do TRF-4
Corregedor determina auditoria na vara da Lava Jato e investigação em gabinetes da 8ª Turma do TRF-4
Decisão foi assinada nesta terça (30) pelo ministro Luis Felipe Salomão. Entre os gabinetes a serem auditados está o de Marcelo Malucelli, desembargador autor de pedido que afastou cautelarmente Eduardo Appio da Lava Jato.
Por Caio Budel, g1 PR — Curitiba 30/05/2023 11h08 - Atualizado há um minuto
O ministro
Luis Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
determinou nesta terça-feira (30) a realização de uma auditoria na 13ª Vara da
Justiça Federal de Curitiba, onde tramitam os processos da Lava Jato.
O ministro
também determinou a correição dos gabinetes dos desembargadores integrantes da
8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A decisão é da
manhã desta terça-feira (30).
Entre os
gabinetes a serem auditados está o do desembargador Marcelo Malucelli, que se
afastou dos processos da Lava Jato em segunda instância após se declarar
suspeito. O filho dele, o advogado João Malucelli, é sócio do senador Sergio
Moro (União-PR) e da deputada federal Rosângela Moro (União-SP).
Na última
sexta (26), o juiz afastado da 13ª Vara, Eduardo Appio, pediu ao CNJ a
auditoria da jurisdição. Ele foi afastado cautelarmente do cargo pelo TRF-4 em
22 de maio, após uma denúncia de Marcelo Malucelli. Relembre abaixo.
À frente da
jurisdição em Curitiba está a juíza substituta Gabriela Hardt, que assumiu o
cargo antes do afastamento por conta das férias do juiz Appio.
A
auditoria
Salomão
determinou que sejam disponibilizadas salas para a audiência de pessoas
indicados pelos magistrados. As pessoas a serem ouvidas, de acordo com o
corregedor, não deverão se comunicar, sendo autorizado o recolhimento de
celulares. A ordem é que as oitivas sejam presenciais, porém, frente à
impossibilidade, poderão ser realizadas de maneira remota, segundo o ministro.
Na
auditoria, chamada de “correição extraordinária”, também serão
solicitados documentos, sigilosos ou não, da vara da Lava Jato e da 8ª Turma do
TRF-4.
As
auditorias serão realizadas, de acordo com a decisão, de 31 de maio a 2 de
junho.
Do TRF-4,
também devem ser auditados, conforme a determinação, os gabinetes de outros
desembargadores da 8ª Turma, formada, além de Malucelli, pelo desembargador
Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, presidente da turma, e pela desembargadora
Loraci Flores de Lima.
Auditoria
motivada por ‘reclamações disciplinares’
De acordo
com o ministro Salomão, a decisão de correição foi tomada, entre outros
motivos, frente a existência de “diversas reclamações disciplinares em
face dos juízes e desembargadores” da 13ª Vara, em Curitiba e do TRF-4.
No caso de
Malucelli, pesam contra ele no CNJ pelo menos três pedidos de abertura de
processos administrativos, conforme apurou o g1. Os autores são o advogado e
réu por lavagem de dinheiro, Rodrigo Tacla Duran; e os senadores Renan
Calheiros (MDB) e Rogério Carvalho (PT).
O
desembargador Marcelo Malucelli foi autor do pedido que afastou da Lava Jato o
juiz Eduardo Appio. O magistrado estava à frente do juízo desde fevereiro deste
ano.
O
afastamento cautelar do juiz ocorreu após uma investigação indicar que Appio
acessou um processo com o contato do filho de Marcelo Malucelli e fez uma
ligação a ele, segundo o TRF-4, com tom de ameaça. O juiz recorreu do
afastamento cautelar.
Em um pedido
feito na segunda-feira (29), a defesa de Appio apontou ao CNJ a
“imparcialidade” comprometida da corregedoria do TRF-4 no
afastamento.
“Providência
cautelar desarrazoada e extrema de afastamento do Peticionário, sem sequer
promover o mínimo contraditório através de sua oitiva prévia, bem como sem
sequer existir um procedimento disciplinar instaurado”, cita trecho.