Caça chinês voa a 120 metros de avião dos EUA, e Pequim alega ‘invasão’ que ‘ameaça paz’
Caça chinês voa a 120 metros de avião dos EUA, e Pequim alega 'invasão' que 'ameaça paz'
Manobra 'agressiva', segundo as Forças Armadas dos EUA, aconteceu em espaço aéreo internacional sobre o Mar do Sul da China. Pequim diz que aeronave norte-americana invadiu zona de treinamento. Episódio é o mais novo de série de incidentes diplomáticos entre as duas potências.
Por g1 31/05/2023 06h00 - Atualizado há 48 minutos
No mais novo
incidente diplomático entre EUA e China, o piloto de um avião militar chinês
realizou uma manobra “desnecessariamente agressiva” a 120 metros de
uma aeronave de vigilância norte-americana que sobrevoava o Mar do Sul China na
semana passada, disse o Exército dos Estados Unidos na terça-feira (30).
Pequim
acusou os EUA de invadirem uma área de treinamento (leia mais abaixo) e falou
em fim da . Já Washington afirmou que o incidente ocorreu durante um exercício
em espaço aéreo internacional.
As imagens,
gravadas da cabine do piloto da aeronave dos EUA, mostram o caça chinês J-16
fazendo uma manobra diante de RC-135 norte-americano e provocando, com isso,
uma leve turbulência.
Segundo o Comando Indo-Pacífico das Forças Aéreas norte-americanas, o avião chinês estava a uma distância de cerca de 120 metros da aeronave dos EUA.
“O
RC-135 estava conduzindo operações seguras e rotineiras sobre o Mar do Sul da
China no espaço aéreo internacional, em conformidade com o direito internacional”,
alegou o comando em comunicado.
Nesta
quarta-feira (31), o Exército chinês se posicionou sobre o caso e acusou os EUA
de terem invadido uma zona de treinamento das Forças Aéreas do país asiático e
disse que a ação minaram seriamente a estabilidade e paz na região.
O porta-voz
da embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, acusou os Estados Unidos de
estar “mobilizando com frequência aeronaves e embarcações muito perto da
fronteira da China, o que representa um sério perigo para segurança nacional do
país.”
“A
China pede aos EUA que parem com tais provocações perigosas e parem de desviar
a culpa para a China”, disse Liu à agência de notícias Reuters.
Ele
acrescentou que a China “continuará a tomar as medidas necessárias para
defender resolutamente sua soberania e segurança e trabalhará com os países da
região para salvaguardar firmemente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da
China”.
Já um membro
do alto escalão do Departamento de Defesa dos EUA disse à agência de notícias
AFP que houve um aumento alarmante no número de interceptações aéreas
arriscadas e enfrentamentos no mar por parte de aviões e embarcações chinesas,
e que essas ações têm o potencial de provocar um incidente inseguro ou erros de
cálculo.
As manobras,
relatou o membro do governo dos EUA à AFP, seriam uma diretriz das Forças
Armadas da China.
Um incidente
similar envolvendo um jato chinês e um RC-135 norte-americano já havia
acontecido em dezembro, forçando o avião dos EUA a “realizar manobras
evasivas para evitar uma colisão”, disse, à época, o Comando Indo-Pacífico
das Forças Aéreas norte-americanas.
O vídeo que
mostra o encontro das aeronaves estava em sigilo, mas os EUA decidiram torná-lo
público na terça-feira.
EUA e
China
Duas das
principais potências militares e econômicas do mundo, os EUA e a China têm
protagonizado incidentes diplomáticos e tensões desde o ano passado. Entre uma
série de episódios, dois principais deterioram a relação entre Washington e
Pequim:
Em
fevereiro, os EUA identificaram um suposto balão espião chinês sobrevoando a
costa oeste norte-americana. Pequim alegou ser um equipamento de pesquisa que
se perdeu, mas o Pentágono alegou espionagem, derrubou o balão e disse ter
encontrado equipamentos que captavam e transmitiam sinais de bases militares
dos EUA.
Antes disso,
a ex-presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, fez uma visita surpresa a
Taiwan, que os chineses reivindicam como parte de seu país. A viagem foi
considerada como uma provocação pela China, que aumentou o número de exercícios
militares ao redor da ilha.
O anúncio
deste último incidente ocorre ainda um dia após o Pentágono dizer que Pequim
recusou um convite feito pelos EUA para que o secretário da Defesa, Lloyd
Austin, se reunisse com o o ministro chinês em Singapura no final desta semana.
Austin e o
governo do presidente Joe Biden vêm tentando fortalecer alianças e parcerias na
Ásia, em uma tentativa de fazer frente à influência de Pequim na região.
Mas também
houve sinais de diplomacia dos dois lados nos últimos meses. Em novembro, Joe
Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, tiveram um encontro inédito com tom
conciliatório.
Já no início
deste mês, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake
Sullivan, e o alto diplomata chinês, Wang Yi, se reuniram em Viena, e Biden
afirmou posteriormente que os laços entre Washington e Pequim devem se reforçar
“muito em breve”.