Câmara aprova marco temporal de demarcação de terras indígenas
Câmara aprova marco temporal de demarcação de terras indígenas
Projeto segue para votação do Senado.
Publicado em 30/05/2023 - 20:46 Por Agência Brasil* - Brasília
A Câmara dos
Deputados aprovou na noite desta terça-feira (30) o texto-base do Projeto de
Lei 490/07, que trata do marco temporal na demarcação de terras indígenas.
Foram 283 votos a favor e 155, contra.
Com a
aprovação na Câmara, a proposta segue para votação pelos senadores.
O
substitutivo do relator, deputado Arthur Maia (União-BA), prevê que a
demarcação de terras indígenas valerá somente para as áreas que eram ocupadas
por povos tradicionais até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da
Constituição Federal.
O Plenário
rejeitou os dois destaques apresentados, sendo que um deles, do PSOL e Rede,
sugeria a exclusão desse trecho.
Conforme o
texto aprovado, é preciso confirmar que as terras ocupadas tradicionalmente
eram, ao mesmo tempo, habitadas em caráter permanente, usadas para atividades
produtivas e necessárias à preservação dos recursos ambientais e à reprodução
física e cultural na data da promulgação da Constituição. Se a comunidade
indígena não estava em determinado território antes dessa data, independentemente
do motivo, a área não será reconhecida como tradicionalmente ocupada.
O texto
ainda autoriza plantação de cultivares transgênicos em terras indígenas; proíbe
ampliação de áreas já demarcadas; determina que processos de demarcação
ainda não concluídos devem se submeter às novas regras; e anula demarcação
em discordância com o novo marco temporal.
STF
Mais cedo,
grupo de deputados federais recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para
suspender a tramitação do projeto de lei. A ação será relatada pelo ministro
André Mendonça. O mandado de segurança foi protocolado pelos deputados Tadeu
Veneri (PT-PR), Juliana Cardoso (PT-SP) e Túlio Gadelha (Rede), antes da
aprovação do marco temporal pelo Plenário da Casa.
Os
parlamentares argumentam que o Projeto de Lei nº 490 deve ter a tramitação
suspensa até que o Supremo analise a legalidade da tese do marco temporal na
sessão de 7 de junho. “Qualquer lei ordinária sobre o marco temporal
necessariamente teria que ser apreciada a respeito de sua constitucionalidade,
consequentemente é totalmente inadequado discutir um projeto de lei sobre uma
temática constitucional, discussão na qual inclusive já está em trâmite, em
fase de julgamento”, afirmam os parlamentares.
Os deputados
argumentam também que o PL traz prejuízos aos povos indígenas, que não foram
consultados sobre as mudanças na legislação.”Todos os projetos, sejam eles
de ordem legislativa ou executiva, que afetam povos indígenas, povos
quilombolas e comunidades tradicionais, devem ser consultados previamente, por
meio de consulta livre, prévia, informada e de boa-fé”, completaram.
No
julgamento no STF, os ministros discutem o chamado marco temporal. Pela tese,
defendida por proprietários de terras, os indígenas somente teriam direito às
terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da
promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial nesta
época. O processo que motivou a discussão trata da disputa pela posse da Terra
Indígena (TI) Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos
Xokleng, Kaingang e Guarani, e a posse de parte da TI é questionada pela
procuradoria do estado
O placar do
julgamento está empatado em 1 a 1: o ministro Edson Fachin votou contra a tese,
e Nunes Marques se manifestou a favor.
A análise
foi suspensa em setembro de 2021 após um pedido de vista do ministro Alexandre
de Moraes.
* Com
informações da Agência Câmara de Notícias
Edição: Carolina Pimentel