Produção industrial registra queda de 0,6% em abril
Produção industrial registra queda de 0,6% em abril
Segundo o IBGE, resultado ocorreu depois da alta de 1% no mês anterior.
Publicado em 02/06/2023 - 10:31 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A produção
industrial brasileira registrou queda de 0,6% em abril. O resultado ocorreu
depois da alta de 1% no mês anterior. Naquele momento, o percentual interrompeu
dois meses seguidos de recuo.
Na
comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção da indústria recuou 2,7%.
O acumulado do ano apresentou queda de 1% e, em 12 meses, mostra variação
negativa de 0,2%.
Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, nesta
sexta-feira (2), os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), com esses
resultados, a indústria ainda se encontra 2% abaixo do nível pré-pandemia
(fevereiro de 2020) e 18,5% aquém do ponto mais alto da série histórica, obtido
em maio de 2011.
O gerente da
PIM, André Macedo, observou que diferentemente dos últimos três meses do ano
passado, quando houve saldo positivo acumulado de 1,5%, no início de 2023, há
uma maior presença de resultados negativos. “Em abril, observamos uma maior
disseminação de quedas na produção industrial, alcançando 16 dos 25 ramos industriais
investigados. Esse maior espalhamento de resultados negativos não era visto
desde outubro de 2022”, ressaltou, em texto publicado pelo IBGE.
Segmentos
Conforme a
pesquisa, os produtos alimentícios (-3,2%), máquinas e equipamentos (-9,9%) e
veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%), foram as principais
influências negativas para o desempenho do indicador em abril. Entre as três
influências, o setor de produtos alimentícios foi o responsável pelo maior
impacto negativo no resultado deste mês, ao ter o quarto mês seguido de recuo
na produção. No período, a perda acumulada é de 7,3%.
De acordo
com o gerente, anteriormente à sequência de retrações, o setor teve resultados
positivos por três meses consecutivos, o que resultou em um ganho acumulado de
20,2%, o que para ele, ainda significa um saldo positivo. “Em abril houve
grande influência negativa por parte da produção de açúcar. Isso teve relação
direta com um maior volume de chuvas, especialmente na segunda quinzena do mês,
nas regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do país”, contou,
lembrando que a queda foi atenuada pela retomada do crescimento de carnes de
bovinos, após ter sido atingida pelas restrições de exportação para a China.
Já o setor
de máquinas e equipamentos, com a queda de 9,9%, eliminou o crescimento de 6,7%
anotado em março. “Neste mês, houve queda disseminada nos seus principais
grupamentos”, apontou o IBGE.
Após
registrar variação nula nos meses de fevereiro e março, o segmento de veículos
automotores, reboques e carrocerias teve redução de 4,6%. “Automóveis e
caminhões, que são os itens de maior peso na atividade, tiveram queda na
produção”, completou.
O gerente
destacou que o segmento é um exemplo dos efeitos da manutenção da taxa de juros
em níveis elevados, que provoca encarecimento e a maior dificuldade na
concessão do crédito. A indústria e, em especial, o setor são impactados ainda
por altas taxas de inadimplência e o maior endividamento das famílias. Segundo
o pesquisador, esses não são os únicos fatores. Conforme revelou, permanece a
dificuldade na obtenção de componentes eletrônicos para o setor. “Por conta
disso, observa-se uma maior frequência de paralisações, reduções de jornadas de
trabalho e férias coletivas”, concluiu.
A influência
negativa no indicador se estende ainda a equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-9,4%), indústrias extrativas (-1,1%), bebidas (-3,6%),
produtos de metal (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-5,2%) e
máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,9%).
Em sentido
contrário, entre as nove atividades que tiveram aumento na produção, o maior
impacto positivo em abril partiu do setor de coque, produtos derivados do
petróleo e biocombustíveis que apresentou avanço de 3,6%. “Trata-se do terceiro
resultado positivo em sequência do setor, período em que acumulou crescimento
de 6,3%”, indicou o IBGE.
Nas grandes
categorias econômicas, houve recuos nos setores de bens de capital (-11,5%) e
bens de consumo duráveis (-6,9%). O movimento foi diferente em bens de consumo
semi e não duráveis, que registrou alta de 1,1% e em bens intermediários com
ganho de 0,4%. A primeira eliminou a perda de 0,6% acumulada na passagem de
fevereiro para março e a segunda teve expansão de 1,8% decorrente de três meses
seguidos de aumento na produção.
Comparação
interanual
Em relação a abril de 2022, a indústria registrou queda de 2,7%, com resultados negativos em 18 dos 25 ramos pesquisados. “As principais influências negativas vieram de produtos químicos (-12,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,7%) e máquinas e equipamentos (-14,3%)”, apontou o IBGE.
Houve recuo
ainda em Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-15,7%),
metalurgia (-5,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,2%),
produtos de metal (-8,7%), produtos de minerais não metálicos (-9,6%), bebidas
(-7,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-9,9%) e produtos de
madeira (-15,9%).
As maiores
influências positivas ficaram por conta de coque, produtos derivados do
petróleo e biocombustíveis (3,2%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(18,1%). Os resultados positivos também foram notados nos ramos de produtos
alimentícios (2%), de indústrias extrativas (1,4%) e de outros equipamentos de
transporte (19,2%).
Pesquisa
De acordo
com o IBGE, desde a década de 1970, a PIM Brasil produz indicadores de curto
prazo, “relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e
de transformação”.
Depois de
reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes, a
partir de março de 2023, começou a divulgação da nova série de índices mensais
da produção industrial. Além disso, foi elaborada uma nova estrutura de
ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes,
houve atualização do ano base de referência da pesquisa e a incorporação de
novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais.
A próxima
divulgação da produção industrial será em 4 de julho.
Edição:
Kelly Oliveira