Plano de Lula e Marina para o Meio Ambiente prevê interdição de metade da área desmatada no país
Plano de Lula e Marina para o Meio Ambiente prevê interdição de metade da área desmatada no país
Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, divulgado nesta segunda, também projeta a criação até 2027 de novas unidades de conservação em 3 milhões de hectares.
Por Guilherme Balza, GloboNews — Brasília 05/06/2023 16h22 - Atualizado há 21 minutos
O novo plano
para enfrentar o desmatamento na Amazônia, lançado nesta segunda-feira (5) pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, prevê o embargo imediato de metade da área desmatada ilegalmente no
Brasil.
O embargo é
uma forma de sanção administrativa que suspende as atividades desenvolvidas na
propriedade atingida.
A proposta
também projeta a criação até 2027 de novas unidades de conservação em três
milhões de hectares – área equivalente ao estado de Alagoas.
O governo
federal escolheu o Dia Mundial do Meio Ambiente para lançar a 5ª fase do Plano
de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDam). O plano
é organizado em quatro eixos e tem cerca de 150 metas.
Trata-se de uma iniciativa interministerial, que envolve 17 pastas, com coordenação do Ministério do Meio Ambiente, e participação de dezenas de órgãos públicos (veja abaixo os principais pontos previstos no plano).
O PPCDam foi
criado em 2004, no primeiro mandato de Lula, por iniciativa de Marina Silva.
Especialistas afirmam que o plano foi fundamental para o Brasil reduzir o
desmatamento na Amazônia.
O projeto
foi encerrado em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, sob
críticas de ambientalistas no Brasil e no exterior.
O plano tem
o objetivo de ajudar o Brasil a cumprir a meta de zerar o desmatamento na
Amazônia até 2030.
Principais
pontos
Veja abaixo
alguns eixos e pontos do plano:
Eixo 1 –
Atividades produtivas sustentáveis
– elaborar o
Plano Nacional de Bioeconomia
–criar
selos e marcas oficiais para certificação de produtos da bioeconomia na
Amazônia
– levar
energia a 120 mil unidades para estimular projetos
Eixo 2 –
Monitoramento e controle ambiental
– embargar
50% da área desmatada ilegalmente identificada
– cancelar
100% dos registros irregulares no Cadastro Ambiental Rural sobrepostos a terras
federais
– ampliar o
número bases estratégicas, delegacias federais e aeronaves da Polícia Federal e
Forças Armadas na Amazônia
– contratar
1.600 analistas ambientais para atuar no combate ao desmatamento
– produzir
alertas diários de desmatamento
Eixo 3 –
Ordenamento territorial e fundiário
– criar 3
milhões de hectares de unidades de conservação
– incorporar
à União 100% das terras devolutas (terras que são públicas, mas ainda estão sem
destinação)
– demarcar
230 mil quilômetros de limites de terrenos marginais de rios
Eixo 4 –
Instrumentos normativos e econômicos
– Oferecer juros mais baixos e outros incentivos à produção sustentável no Plano Safra
– Regulamentar
o mercado de carbono no Brasil
Ofensiva
dos ruralistas
A retomada
do PPCDam ocorre em meio a uma ofensiva do Centrão e da bancada ruralista
contra pontos sensíveis da agenda ambiental do governo.
Nas últimas
semanas, a Câmara aprovou a MP da Mata Atlântica, adicionando jabutis que,
segundo especialistas, vão aumentar o desmatamento e a degradação do bioma.
Os deputados
também aprovaram o marco temporal das terras indígenas que, além de dificultar
demarcações, podem gerar impacto ambiental – o texto ainda precisa ser votado
no Senado.
Por fim, foi
aprovada nas duas Casas a MP da reorganização básica do governo, com o
esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente e Povos Indígenas.
A pasta de
Marina Silva, por exemplo perdeu o controle da Agência Nacional de Águas (ANA),
do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e de sistemas de gestão e informação.
Marina Silva
ainda tem sido alvo de críticas do Centrão e de setores do governo pela decisão
do Ibama de não autorizar a Petrobras a iniciar os estudos para prospectar
petróleo na margem equatorial.
O evento
desta segunda-feira é visto por interlocutores do governo como uma espécie de
ato de desagravo à Marina após os últimos acontecimentos para demostrar que ela
continua prestigiada no governo e que a pauta ambiental permanece sendo
prioritária para Lula.
Auxiliares
da ministra e do presidente afirmam que, apesar dos últimos acontecimentos, a
relação dos dois está muito boa e que eles têm trabalhado em sintonia. Neste
sábado (3), Marina gravou um pronunciamento para ser exibido nesta
segunda-feira em cadeia nacional.