Lei Seca 15 anos: mistura de álcool com direção causa 8,7 internações e 1,2 mortes por hora no país em 2021
Lei Seca 15 anos: mistura de álcool com direção causa 8,7 internações e 1,2 mortes por hora no país em 2021
Em 10 anos, mortes em acidentes de trânsito causados pelo uso de bebidas alcoólicas caíram no país, mas hospitalizações aumentaram, segundo levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). Lei Seca entrou em vigor há exatos 15 anos no país.
Por Marina Pagno, g1 19/06/2023 00h00 - Atualizado há 9 horas
As mortes em
acidentes de trânsito causados pela mistura de álcool e direção caíram 32% no
Brasil entre 2010 e 2021, mas o índice de internações aumentou 34% no mesmo
período. Os dados foram divulgados pelo Centro de Informações sobre Saúde e
Álcool (CISA) nesta segunda-feira (19), dia em que a chamada Lei Seca completa
15 anos em vigor no país.
Em 2010, o
índice era de 7 mortes e 27 internações a cada 100 mil habitantes.
Já em 2021,
foram 36 hospitalizações e 5 óbitos a cada 100 mil habitantes.
A perigosa e
proibida mistura de bebida alcoólica com direção causou 8,7 internações e 1,2
mortes por hora no Brasil em 2021, de acordo com as informações mais recentes
levantadas pela entidade com base nos dados do Datasus, do Ministério da Saúde.
Foram 75.983
hospitalizações e 10.887 óbitos por essa causa em 2021.
Pessoas do
sexo masculino representam 85% das internações e 89% das mortes.
Em relação à
faixa etária, a população entre 18 e 34 anos de idade é a mais afetada.
A Lei Seca, que endureceu as regras para o consumo de álcool por
motoristas, foi sancionada no dia 19 de junho de 2008. O Brasil é um dos poucos
países do mundo a estabelecer tolerância zero para quem dirigir alcoolizado ou
sob efeito de substâncias psicoativas.
“Ter uma
legislação que proíba álcool e direção é uma das estratégias mais eficazes para
diminuir acidentes de trânsito no mundo e o fato de que eles vêm perdendo
consideravelmente sua letalidade no Brasil é muito positivo”, disse Arthur
Guerra, psiquiatra e presidente do CISA.
“Mas
sabemos que a prevenção é ainda mais efetiva quando a fiscalização é constante
e resulta em sanções rápidas e severas, e quando há campanhas de educação”,
afirmou Guerra.
Segundo a análise feita pela
entidade, a tendência de queda foi vista tanto nas mortes como nas internações
entre os ocupantes de veículos e pedestres. No entanto, entre ciclistas e
motociclistas, a houve crescimento das internações.
“Em pequenas
quantidades, o álcool já é capaz de alterar os reflexos do condutor e, conforme
a concentração de álcool no sangue se eleva, aumenta também o risco de
envolvimento em acidentes de trânsito graves”, explicou Guerra.
Cerca de 5,4% dos brasileiros
relataram dirigir após beber e esse índice apresenta estabilidade no Brasil, de
acordo com a CISA.
Cenário
nos estados
Mais da
metade (17) dos estados brasileiros registraram índices de mortalidade
superiores à taxa nacional de 2021.
Tocantins
foi o estado que apresentou a maior taxa de mortalidade: 11,8 óbitos a cada 100
mil habitantes. Já o Rio de Janeiro, o índice foi o menor do Brasil, com 1,6
mortes.
Nas
hospitalizações, Piauí está em primeiro lugar no ranking dos estados, com 85,2
internações para cada 100 mil habitantes. O menor índice foi registrado no
Amazonas, com 11,8 casos.
Segundo
Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do CISA, é preciso que as autoridades
locais tomem medidas para reverter o cenário, como aumentar o número e
frequência das fiscalizações e implantar campanhas educativas.
“A educação
da população tem um importante papel na segurança viária e, em relação à
fiscalização, sabemos que quando não há continuidade, o impacto na redução de
mortes viárias tende a diminuir, apesar da existência de leis”, disse
Mariana.
Mais
sobre a Lei Seca
O Brasil tem uma das legislações mais rigorosas do mundo sobre consumo de álcool e direção de veículos automotores. Dirigir sob efeito de álcool em qualquer quantidade é considerado crime no país.
A Lei nº
11.705, de 19 de junho de 2008, conhecida como Lei Seca, foi aperfeiçoada ao
longo dos anos. Ela estabelece tolerância zero para a presença de álcool no
sangue de condutores e punições que vão de multas à prisão, como em casos de
acidentes que resultem em homicídio culposo ou lesão corporal.
Em 2013, o Jornal Nacional mostrou como a Lei Seca ficou mais rigorosa após mudanças feitas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran):