Haddad diz que votação final do arcabouço em julho não preocupa
Haddad diz que votação final do arcabouço em julho não preocupa
Ministro também trocou percepções com Campos Neto antes do Copom.
Publicado em 20/06/2023 - 23:10 Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, disse, na noite desta terça-feira (20), não estar
preocupado, assim como a equipe econômica do governo, com a decisão do
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de votar o arcabouço fiscal
pela segunda vez na Casa só no início de julho. O texto continua no Senado, mas
deverá ser aprovado com alterações, retornando à Câmara. Segundo Lira, a nova
data não deverá interferir na elaboração do projeto de lei do Orçamento de
2024.
“Esse
arcabouço era para ter ido para o Congresso em agosto. Nós mandamos em abril,
ele já está praticamente aprovado. A primeira semana de julho é prazo mais que
suficiente para fazer a peça orçamentária com base na nova regra fiscal”,
declarou o ministro.
Para o
ministro da Fazenda, as negociações do novo arcabouço e do projeto que retoma o
voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(Carf) estão avançadas. Segundo Haddad, a reforma tributária, cuja votação
também está prometida para a primeira semana de julho, deverá exigir mais
articulação política. “Vai dar muito trabalho negociar [a reforma tributária],
disse.
Haddad
voltou a ressaltar a importância da aprovação da reforma para destravar a
economia do país. “Vamos adotar um regime tributário que tem vigência em 150
países e funciona melhor do que a nossa economia hoje”, afirmou. Ele procurou
tranquilizar setores resistentes à reforma, como os serviços e parte do varejo,
dizendo que o Simples Nacional (regime para micro e pequenas empresas) e que
setores como saúde e educação terão tratamento diferenciado.
Taxa de
juros
Haddad
também confirmou o almoço que teve com o presidente do Banco Central (BC),
Roberto Campos Neto, fora da agenda oficial. Segundo o ministro, o encontro,
ocorrido no dia anterior, serviu para “trocar percepções” na semana de reunião
do Comitê de Política Monetária (Copom).
“A gente, às
vezes, almoça junto para discutir as coisas, discutir a economia brasileira,
trocar informações. E trocar percepções também sobre como podemos interagir
mais”, disse o ministro após se reunir com o presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira
O encontro
ocorreu na segunda-feira (19) num restaurante de Brasília e não foi divulgado
na agenda. Nesta terça (20) e quarta (21), o Copom reúne-se para decidir a Taxa
Selic (juros básicos da economia). Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal
com instituições financeiras feita pelo BC, os analistas de mercado esperam a
manutenção da Selic em 13,75% ao ano e uma eventual redução a partir de agosto.
O ministro
reiterou declarações em favor da “harmonização” entre as políticas fiscal
(gastos públicos) e monetária (juros). “Ele [Campos Neto] me apresenta
argumentos, eu apresento argumentos a ele, no sentido de buscar convergir. Nós
temos uma relação pessoal e institucional que exige encontros periódicos que
são feitos com muita naturalidade”, declarou.
Segundo
Haddad, há expectativas boas de queda da inflação e de queda da Taxa Selic nos
próximos meses. “Temos perspectiva de chegar a uma Selic moderada até o fim do
ano”, afirmou. O ministro evitou afirmar se a redução de juros deveria começar
agora, mas na segunda-feira (19) tinha dito que a Selic deveria ter começado a
cair em março, diante da queda das projeções de inflação.
Edição:
Marcelo Brandão