Plenário do Senado aprova novos diretores do Banco Central
Plenário do Senado aprova novos diretores do Banco Central
Gabriel Galípolo e Ailton Aquino foram primeiros nomes do novo governo.
Publicado Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O plenário
do Senado aprovou no início da noite desta terça-feira (4) as indicações de
Gabriel Galípolo e de Ailton Aquino para diretorias do Banco Central (BC).
Futuro diretor de Política Monetária, Galípolo teve 39 votos a favor e 12
contra. Indicado para a Diretoria de Fiscalização, Aquino recebeu 42 votos a
favor e 10 contrários. Nas duas votações houve uma abstenção.
Os nomes
tinham sido aprovados mais cedo pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do
Senado, que sabatinou os dois indicados. Galípolo e Aquino são os primeiros
diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A posse dos
dois novos diretores ainda depende de procedimentos formais. Primeiramente, o
Senado terá de enviar um comunicado à Presidência da República informando a
aprovação. Em seguida, as nomeações serão publicadas no Diário Oficial da União
para, só então, o BC marcar a solenidade de posse.
Os dois
novos diretores, os primeiros a serem indicados pelo atual governo,
participarão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na
primeira semana de agosto. Originalmente, a sabatina e a votação em plenário
ocorreriam no último dia 27, mas foram adiadas em uma semana.
Sabatina
Durante a
sabatina, Galípolo defendeu a atual agenda de reformas econômicas, como o novo
arcabouço fiscal e a reforma tributária, e disse que a melhor solução para
controlar a dívida pública brasileira consiste em fazer a economia crescer
mais. Esse caminho, declarou, aumentaria o Produto Interno Bruto (PIB)
potencial, produção máxima que não faz crescer a inflação, e reduziria os juros
de equilíbrio, taxa necessária para segurar os preços e não estimular nem desestimular
a atividade econômica.
“Se a gente
seguir com premissas de um crescimento potencial de 1,5% ou 1,6% e uma taxa de
juros neutra de 4,5%, por mais sofisticados que sejam os modelos dos
economistas, a relação dívida [pública]/PIB não vai apresentar um bom
comportamento. A única solução, como também disse Roberto Campos Neto
[presidente do BC], é crescer, e para crescer é preciso seguir com a agenda
econômica enfrentada agora”, declarou Galípolo no início da sabatina.
Sobre as
críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, aos juros básicos atuais, de 13,75% ao ano, o futuro diretor
afirmou que o debate público não pode ser interditado. Para Galípolo, é necessária
uma discussão sobre os movimentos da economia, tanto na esfera técnica como na
esfera política. “
“Não cabe a
nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser o
destino econômico do país à revelia da vontade democrática e dos seus
representantes eleitos, que são os senhores [senadores]”, comentou Galípolo.
Servidor de
carreira do BC e primeiro negro a ocupar um cargo de diretor no órgão, Aquino
disse estar comprometido com os objetivos da autoridade monetária, que consiste
em garantir a estabilidade de preços, a segurança do sistema financeiro, a
redução da volatilidade na economia e o fomento ao pleno emprego (taxa em que o
mercado de trabalho tem o mínimo de desemprego possível).
O novo
diretor de Fiscalização também afirmou estar otimista com a economia
brasileira, destacando a queda nas expectativas de inflação e os aumentos
recentes nas estimativas de crescimento do PIB em 2023.
Perfil dos indicados
Galípolo
substituirá o ex-diretor Bruno Serra Fernandes, exonerado no fim de março. Até
agora, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillem, acumulava a Diretoria de
Política Monetária.
Ailton
Aquino dos Santos entrará no lugar de Paulo Sérgio Neves de Souza. Desde março,
Souza ocupa interinamente a diretoria de Fiscalização até a posse do novo
diretor.
Exonerado há
duas semanas da Secretaria-Executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo foi o
segundo nome da pasta abaixo do ministro Haddad de janeiro a junho.
Ex-secretário de Economia e de Transportes do governo estadual de São Paulo, o
novo diretor de Política Monetária também trabalhou na Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), no Centro Brasileiro de Relações Internacionais
e no Banco Fator.
Servidor de
carreira do BC desde 1998, Ailton Aquino Santos passou por diversos
departamentos dentro da instituição, onde chegou a ser auditor-chefe.
Tradicionalmente, a Diretoria de Fiscalização é concedida a um servidor do
quadro do órgão.
Mandatos
A Diretoria
Colegiada do Banco Central é composta pelo presidente e mais oito diretores.
Conforme a Lei Complementar nº 179 de 2021, que estabeleceu a autonomia do
Banco Central, os mandatos são fixos e têm duração de quatro anos, podendo ser
renovados por apenas uma vez. No caso de Galípolo e Aquino, os mandatos vão até
2027, podendo chegar a 2031.
Os mandatos
do presidente do BC e de dois diretores têm início no dia 1º de janeiro do
terceiro ano de mandato do presidente da República. Dois diretores assumem em
1º de março do primeiro ano de mandato do presidente, dois em 1º de janeiro do
segundo ano de mandato e, por fim, dois em 1º de janeiro do quarto ano de
mandato.
Dnit
O plenário
do Senado vota nesta quarta-feira (5), a partir das 16h, em regime de urgência,
a indicação de quatro novos diretores do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), cujos nomes foram aprovados mais cedo
pela Comissão de Infraestrutura da Casa.
Além do novo
diretor-geral do Dnit, Fabricio de Oliveira Galvão, o plenário votará a
indicação do diretor-executivo, Carlos Antonio Rocha de Barros; e dos diretores
de Infraestrutura Ferroviária, José Eduardo Guidi; e de Infraestrutura
Rodoviária, Fabio Pessoa da Silva Nunes.
Edição:
Aline Leal