Pesquisa do IBGE diz que produção industrial cresce 0,1%
Pesquisa do IBGE diz que produção industrial cresce 0,1%
Setor acumula queda de 0,3% no ano.
Publicado em 01/08/2023 - 10:54 Por Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A produção
industrial brasileira subiu 0,1% em junho. Essa foi a segunda taxa seguida de
alta depois de ter avançado 0,3% em maio. Em relação a junho de 2022, a
elevação é de 0,3%. No entanto, a indústria acumula recuo de 0,3% no ano, em
movimento contrário ao dos últimos 12 meses, quando houve acréscimo de 0,1%.
Os dados da
Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Brasil (PIM Brasil), foram
divulgados nesta terça-feira (1º), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Para André
Macedo, analista do estudo, apesar de ser uma taxa muito próxima da
estabilidade, o resultado de junho indica uma manutenção no campo positivo.
Mesmo assim, os dois meses consecutivos de alta não cobrem a perda de 0,6% em
abril.
“Ainda que o
primeiro semestre de 2023 mostre saldo positivo de 0,5% quando comparado com o
patamar de dezembro de 2022, o ritmo está muito aquém do que o setor precisa
para recuperar as perdas do passado recente, afinal, ainda se encontra 1,4%
abaixo do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020”, completou texto publicado
pelo IBGE.
A pesquisa
mostrou, ainda, que, ao apresentar queda de 0,3% no primeiro semestre do ano, a
produção industrial nacional manteve a taxa negativa, embora tenha diminuído o
ritmo de perda na comparação com o fechamento dos quatro primeiros meses de 2023.
Nesse período, tinha recuado 1%.
Para o IBGE,
esse comportamento não foi visto em todas as grandes categorias econômicas.
“Entre esses dois períodos, o item bens intermediários, que também tem maior
peso, foi o único que mostrou ganho de dinamismo, ainda que, no campo negativo,
a categoria saiu de uma queda de 2,1% no primeiro quadrimestre para encerrar o
semestre com recuo de 0,5%”, acrescentou o IBGE.
Na visão do
analista da pesquisa, há uma relação muito clara com o setor extrativo, que,
com expansão de 5,8% nos primeiros seis meses do ano, exerce uma liderança em
termos de crescimento. Os destaques foram o minério de ferro e o petróleo.
Além dessa
categoria, a pesquisa ressaltou a importância dos resultados dos setores de
alimentos, em especial, os produtos de açúcar e os itens derivados da soja e do
petróleo. “As demais categorias econômicas não fizeram esse movimento de
melhora de ritmo durante o semestre, mesmo os segmentos que fecharam com taxas
positivas”, observou.
Setor extrativista
O resultado
de junho indicou que somente uma das quatro grandes categorias econômicas e
sete dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram avanço na produção. De acordo
com o levantamento, as indústrias extrativas foram a maior influência positiva
entre os grupos de atividades.
A alta em
junho ficou em 2,9%, enquanto em maio tinha sido de 1,4%. Macedo informou que o
setor é um dos poucos que estão acima do patamar pré-pandemia, com 7% de alta,
ante o resultado de fevereiro de 2020. “São cinco taxas positivas em seis
meses, influenciadas pelo avanço na extração de petróleo e minérios de ferro”,
concluiu.
As outras
contribuições para o resultado de junho de 2023 partiram dos setores de
confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,9%), produtos de borracha e de
material plástico (1,2%) e produtos de metal (1,2%).
Em movimento
oposto, entre as 16 atividades que recuaram, figuram coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (-3,6%), veículos automotores, reboques e
carrocerias (-4,0%) e máquinas e equipamentos (-4,5%), que exerceram os
principais impactos no resultado do mês.
A produção
industrial em duas das quatro grandes categorias econômicas, oito dos 25 ramos,
34 dos 80 grupos e 41,7% dos 789 produtos pesquisados avançou 0,3% em junho de
2023 se comparado ao mesmo mês de 2022. O IBGE chamou atenção para o
“efeito-calendário” não ter aparecido nesta comparação, porque junho de 2023
teve 21 dias úteis, o que também ocorreu em junho de 2022.
Também nesta
comparação entre os dois períodos, as indústrias extrativas se destacaram e
tiveram alta de 11%. Contribuíram ainda para o resultado os setores de produtos
alimentícios (4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis
(4,3%), impressão e reprodução de gravações (23,7%) e outros equipamentos de
transporte (10,1%).
Retração
Segundo o
IBGE, entre as 17 atividades que tiveram retração, figuram os resultados das
atividades de produtos químicos (-9,4%), veículos automotores, reboques e
carrocerias (-6,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,0%),
máquinas e equipamentos (-7,3%) e equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-12,6%). Essas foram as maiores influências para o
resultado.
Em
comparação semelhante com os meses de junho, a maior alta entre as grandes
categorias econômicas foi notada em bens intermediários. Avanço de 1,8%. “O
segmento de bens de consumo semi e não duráveis (0,1%) também teve resultado
positivo no mês, embora menos intenso do que a média da indústria (0,3%). Por
outro lado, houve quedas em bens de consumo duráveis (-3,9%) e bens de capital
(-10,3%)”, acentuou o IBGE.
Pesquisa
O instituo
acrescentou que – desde a década de 1970 – a pesquisa PIM Brasil produz
indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das
indústrias extrativa e de transformação. Em março de 2023 começou a divulgação
da nova série de índices mensais da produção industrial, após reformulação para
atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes, entre outras
funções.
O IBGE explicou que as alterações
metodológicas são necessárias e buscam incorporar as mudanças econômicas da
sociedade. A próxima divulgação do levantamento será no dia 5 de setembro.
Edição:
Kleber Sampaio