Mercado reduz previsão da taxa Selic para menos de 12% ao ano
Mercado reduz previsão da taxa Selic para menos de 12% ao ano
Projeção de expansão da economia ficou em 2,26%, diz BC.
Publicado em 07/08/2023 - 09:56 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Após a
redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, os juros básicos da economia, na
semana passada, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC)
esperam por uma diminuição ainda maior até o final deste ano. A forte queda da
inflação fez o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortar os juros pela
primeira vez em três anos e levar a Selic de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano.
Para o
mercado, a taxa básica deve encerrar 2023 em 11,75% ao ano, na semana passada a
previsão era de 12% ao ano. A estimativa está no Boletim Focus desta
segunda-feira (7), pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com a expectativa de
instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para o fim
de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Já para o fim de
2025 e de 2026, a previsão é Selic em 8,5% ao ano, para os dois anos.
A última vez
em que o BC tinha reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de
2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de
covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num
ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de
energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa
em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
A taxa Selic é o principal instrumento de BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Quando o
Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida,
e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores
na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas
também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o
Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com
incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e
estimulando a atividade econômica.
Inflação
No Boletim
Focus de hoje, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – se
manteve em 4,84% neste ano. Para 2024, a projeção da inflação ficou em 3,88%.
Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos.
A estimativa
para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida
pelo BC. Definida pelo CMN, a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite
inferior é 1,75% e o superior 4,75%.
Segundo o
BC, no último Relatório de Inflação, a chance de a inflação oficial superar o
teto da meta em 2023 é de 61%.
A projeção
do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta
prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5
ponto percentual.
Em junho,
houve deflação no país, ou seja, um recuo nos preços na comparação com maio. O
IPCA ficou negativo em 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Foi o quarto mês seguido em que a inflação perdeu força. Em
maio, o IPCA foi de 0,23%.
No ano, o
índice soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados
nos 12 meses imediatamente anteriores e seguindo a tendência de queda
apresentada desde junho de 2022, quando o índice estava em 11,89%.
PIB e câmbio
A projeção
das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste
ano subiu de 2,24% para 2,26%.
Para 2024, a
expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e
serviços produzidos no país – é crescimento de 1,3%. Para 2025 e 2026, o
mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.
A previsão
para a cotação do dólar está em R$ 4,90 para o fim deste ano. Para o fim de
2024, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,00.
Edição:
Valéria Aguiar