Cúpula do Brics deve debater guerra na Ucrânia, moeda única e adesão de novos países, diz Itamaraty

Cúpula do Brics deve debater guerra na Ucrânia, moeda única e adesão de novos países, diz Itamaraty

Encontro de presidentes será na próxima semana na África do Sul. Lula participa e, na mesma viagem, deve cumprir agendas em Angola e em São Tomé e Príncipe.



Por Filipe Matoso, g1 — Brasília

O Ministério das Relações Exteriores informou nesta quarta-feira (16) que a próxima Cúpula do Brics deverá debater diversos temas, entre os quais a guerra na Ucrânia, a adoção de uma moeda única para o grupo em negociações financeiras e a adesão de novos países.

Formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo costuma se reunir anualmente. A próxima cúpula acontecerá nos dias 22, 23 e 24 deste mês, em Joanesburgo (África do Sul).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará do encontro, e integrantes do governo brasileiro já estão no país negociando os termos dos assuntos a serem discutidos.

O g1 já havia noticiado em julho que Lula avaliava fazer um “giro” no continente a fim de tentar reaproximar o Brasil dos países africanos – antecessor do petista, Jair Bolsonaro não esteve na África durante o mandato (2019-2022).

Nesta quarta-feira, o Itamaraty confirmou que, após a cúpula dos Brics na África do Sul, Lula também terá agendas em Angola e em São Tomé e Príncipe.

 

A cúpula na África do Sul

De acordo com o Itamaraty, três assuntos são considerados “principais” na cúpula deste ano:

 

Guerra na Ucrânia

O tema deverá ser discutido no chamado “retiro” dos líderes dos Brics, isto é, no encontro do qual participam somente os chefes de Estado e de governo dos países.

Segundo o Itamaraty, o presidente russo, Vladimir Putin, não estará presencialmente e deverá participar de forma virtual. Ele será representado nos demais eventos da cúpula pelo chanceler russo, Sergei Lavrov.

A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura um ano e meio, e Lula tem defendido a criação de um grupo formado por países que possam mediar um eventual acordo – o presidente costuma citar, além do Brasil, a China, a Índia e a Indonésia.

“Acho que a gente tem que diferenciar o que é discutido entre os líderes [no retiro] e o que ficará na declaração [da cúpula]. Eu acho que, certamente, o que é conversado entre os líderes será, sobretudo no retiro, muito mais rico do que o que ficará na declaração. Por quê? A declaração resguarda a posição dos países e nós sabemos que elas são um pouco diferentes”, afirmou nesta quarta o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Saboia.

 

Expansão dos Brics

Segundo o Itamaraty, 22 países já entraram com pedido de adesão aos Brics. O próprio presidente Lula tem defendido que países como Argentina, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita entrem no grupo.

De acordo com Eduardo Saboia, os negociadores da cúpula têm conversado sobre os parâmetros a serem observados para que outros países possam entrar nos Brics, mas que a decisão política sobre autorizar ou não a entrada e de quais países caberá aos chefes de Estado e de governo.

“A expansão dos Brics está na agenda do encontro privado dos líderes, no dia 22 à noite. Esses temas, no nível político, serão tratados neste momento. […] Estamos discutindo critérios e princípios que vão embasar esses anúncios, essas medidas que venham ser tomadas no nível político. Não vou antecipar quais são porque, para isso, tem a reunião de líderes. Mas o trabalho de preparação de diretrizes voltado para preservar a coesão dos Brics está sendo feito no nível dos negociadores”, afirmou.

 

Moeda única

Segundo o Itamaraty, outro tema a ser debatido durante a cúpula é a adoção de uma moeda única como base para negociações financeiras entre os países dos Brics.

Lula tem defendido que os países tenham a opção de fazer as negociações em outra moeda além do dólar e que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco dos Brics, possa escolher qual moeda utilizar. O presidente argumenta que a mudança pode fortalecer outras moedas.

 

Viagem a Angola

De acordo com o Itamaraty, após deixar a África do Sul, Lula seguirá para Angola, onde diversos compromissos, entre os quais:

– reunião com o presidente do país, João Lourenço;

– visita e discurso na Assembleia Nacional de Angola;

– encontro com empresários de setores como alimentos, farmacêutico, máquinas agrícolas e serviços de aviação;

– visita à sede do Instituto Guimarães Rosa.

 

Agenda em São Tomé

Ao final da agenda em Angola, ainda segundo o Itamaraty, Lula seguirá para São Tomé e Príncipe para participar da Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

De acordo com o governo brasileiro, um dos temas a serem discutidos na cúpula será o financiamento do organismo multilateral.

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