Sociedade de Infectologia pede reforço da vigilância sobre covid-19
Sociedade de Infectologia pede reforço da vigilância sobre covid-19
Nova variante ainda não modificou cenário epidemiológico no Brasil.
Publicado em 17/08/2023 - 12:53 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A Sociedade
Brasileira de Infectologia emitiu uma nota informativa nesta quinta-feira (17)
avaliando que a nova variante de interesse (EG.5) monitorada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) ainda não modificou o cenário epidemiológico no Brasil.
Apesar disso, a entidade pede que as autoridades sanitárias reforcem a
vigilância genômica dos casos sintomáticos de covid-19, para que qualquer
mudança de cenário seja detectada precocemente.
Essa
vigilância é feita com o sequenciamento genético das amostras positivas do
coronavírus SARS-CoV-2 coletadas nos testes RT-PCR, e permite identificar quais
variantes estão circulando no país e mudanças nesse cenário.
A nota
informativa foi assinada pelo presidente da SBI, o infectologista Alberto Chebabo,
que salienta que a nova variante ainda não foi detectada no Brasil, mas pode já
estar circulando de forma silenciosa, devido ao baixo índice de coleta para
análise genômica no país.
“Apesar
disto, não houve modificação no cenário de casos notificados de covid-19 ou
aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil no
momento, não havendo necessidade de mudança das recomendações vigentes”.
O texto foi
divulgado um dia depois de a Universidade Federal do Rio de Janeiro ter
recomendado a retomada do uso de máscaras em aglomerações e ambientes fechados
na universidade, como prevenção contra a covid-19.
A
universidade afirma ter detectado aumento moderado e progressivo nos testes
positivos de covid-19 realizados por seu centro de testagem, e menciona
avaliação da OMS de que 1,5 milhão de novos casos de covid-19 foram registrados
em todo o mundo entre 10 de julho e 6 de agosto, um aumento de 80% em relação
ao período anterior. Esse aumento, porém, está concentrado principalmente no
Leste da Ásia e Oceania, segundo a organização.
Para o
secretário municipal de saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, “não há
neste momento nenhuma alteração no cenário epidemiológico que justifique o uso
indiscriminado de máscara, a recomendação é que todos os maiores de 12 anos
realizem a dose de reforço para covid-19 com a vacina bivalente”.
Nova subvariante Ômicron
Na nota
divulgada nesta quinta, a Sociedade Brasileira de Infectologia contextualiza
que 51 países já confirmaram casos da nova subvariante EG.5, da cepa Ômicron.
Essa
variante apresenta maior capacidade de transmissão e escape imune, o que pode
aumentar os casos de covid-19 globalmente até que ela se torne a nova cepa
dominante e se estabilize dessa forma. Apesar destas características, a OMS
classificou a EG.5 apenas como variante de interesse, e como de baixo risco
para a saúde pública em nível global, porque ela não trouxe mudanças no padrão
de gravidade de doença (hospitalização e óbitos). Os óbitos por covid-19, na
verdade, tiveram queda de 80% no mesmo período em que os casos aumentaram,
segundo a OMS.
Vacinação
No cenário
atual, a Sociedade Brasileira de Infectologia enfatiza que é necessário manter
o calendário vacinal atualizado com as doses de reforço. A vacina bivalente foi
desenvolvida justamente para aumentar a proteção contra as subvariantes da
Ômicron, que tem grande capacidade de escape do esquema vacinal básico, sem as
doses de reforço.
A SBI
reforça que grupos de risco (pessoas com 60 anos ou mais, imunossuprimidos,
gestantes, população indígena e profissionais de saúde) devem ter doses de
reforço realizadas com não mais de um ano de intervalo da dose anterior,
preferencialmente com a vacina bivalente.
Em relação
às máscaras, a indicação de uso é para a população de risco em locais fechados,
com baixa ventilação e aglomeração, caso haja futuramente aumento de casos de
síndrome gripal, circulação e detecção viral no Brasil.
A sociedade científica
também considera importante que seja realizada testagem dos casos de síndrome
gripal para redução da transmissão em caso de covid-19, com isolamento dos
casos positivos.
Tratamento
Para o tratamento dos casos diagnosticados, a SBI aconselha que, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), sejam prescritos dentro dos cinco primeiros dias de sintomas os antivirais Nirmatrelvir/ritonavir (NMV/r), para pacientes com 65 anos ou mais e imunossuprimidos. A recomendação tem como objetivo reduzir risco de agravamento, complicação e morte. Também deve haver avaliação médica devido à possibilidade de interações com outras medicações e possíveis contraindicações à sua utilização.
Na rede
privada de saúde, em situações de impossibilidade de uso do NMR/r, devem ser
considerados alternativamente o uso de Molnupiravir ou Rendesevir nos primeiros
dias de sintomas, também nos casos de maior risco de hospitalização.
Edição: Valéria Aguiar