Em evento do Brics, Lula defende reaproximação do Brasil com países africanos: ‘Nunca deveria ter se afastado’
Em evento do Brics, Lula defende reaproximação do Brasil com países africanos: 'Nunca deveria ter se afastado'
Durante discurso, presidente também afirmou que países não podem aceitar o que chamou de 'neocolonialismo verde' sob o pretexto de preservação do meio ambiente.
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília
O presidente
Lula (PT) defendeu nesta terça-feira (22) uma reaproximação com países
africanos, dos quais, nas palavras do petista, o Brasil “nunca deveria ter
se afastado”.
Lula deu a
declaração em Joanesburgo, na África do Sul, durante discurso em um evento do
Brics, bloco de países composto Brasil, Índia, China e África do Sul.
Ao falar da
relação do Brasil com o continente africano, Lula afirmou que o fluxo comercial
do Brasil com a África corresponde a apenas 3,5% do comércio exterior
brasileiro.
“É
inaceitável que, em 2022, o comércio do Brasil com a África tenha diminuído em
um terço com relação a 2013, quando era de quase 30 bilhões de dólares […]. O
Brasil está de volta ao continente de que nunca deveria ter se afastado. A
África reúne vastas oportunidades e um enorme potencial de crescimento”,
disse Lula.
O petista participou nesta terça do Fórum Empresarial do Brics. Também participaram do encontro o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, não compareceram, mas enviaram representantes ao evento.
A
ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente chefia o Novo Banco de
Desenvolvimento, o chamado banco do Brics, também participou do fórum.
O
ex-presidente Jair Bolsonaro não visitou a África durante os quatro anos de
mandato. Antes, Michel Temer esteve na região em 2018.
De volta ao
Planalto, Lula está na sua segunda viagem à África. O presidente fez uma visita
rápida a Cabo Verde e, nesta semana, terá agendas na África do Sul (Brics),
Angola e São Tomé e Príncipe (reunião da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa).
Meio ambiente
Lula também
afirmou que o Brasil e os país africanos compartilham a responsabilidade de
“cuidar de florestas tropicais e preservar a biodiversidade”, e de
combater processos de desertificação.
O presidente
voltou a defender o pagamento por serviços ambientais a países que preservam
suas florestas e criticou o que considera um “neocolonialismo verde”,
sem dizer a quem estava se referindo.
“Não
podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e
medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente”,
disse.
A questão
ambiental é um dos temas que emperra, por exemplo, o acordo comercial entre
Mercosul e União Europeia.
Novo PAC
Lula
aproveitou o fórum empresarial do Brics para destacar a nova versão do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), que reúne um conjunto de projetos de
infraestrutura (rodovias, ferrovias, moradias, linhas de transmissão, terminais
etc) com a previsão de R$ 1,4 trilhão de investimento pública e privado até
2026.
“Apresentei
há duas semanas o novo PAC. O plano prevê a retomada de empreendimentos
paralisados, aceleração dos que estão em andamento e seleção de novos projetos.
Trata-se de um programa amplo, com muitas oportunidades que podem interessar
aos investidores dos países do Brics”, disse Lula.
O presidente
afirmou que espera mobilizar US$ 340 bilhões no programa, que terá parceria com
empresários e dará “prioridade” à geração de energia considerada
limpa.
“Também daremos prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. É enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde”, disse.