Rombo nas contas do governo ultrapassa os R$ 100 bilhões em agosto, pior resultado desde 2020
Rombo nas contas do governo ultrapassa os R$ 100 bilhões em agosto, pior resultado desde 2020
Além disso, rombo é o quarto pior da série histórica para o período de janeiro a agosto. Números são do Tesouro Nacional.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
As contas do
governo federal registraram déficit primário de R$ 104,59 bilhões de janeiro a
agosto deste ano, informou nesta quinta-feira (28) a Secretaria do Tesouro
Nacional.
O déficit
primário acontece quando a arrecadação com tributos fica abaixo dos gastos do
governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública). Quando as
receitas superam as despesas, o resultado é de superávit primário.
De acordo
com o governo, esse é o pior resultado, para o período, desde 2020, quando
houve aumento de despesas para o combate à pandemia da Covid-19. O saldo, nos
oito primeiros meses daquele ano, ficou negativo em R$ 753,6 bilhões (valores
corrigidos pela inflação).
Segundo
números oficiais, este também foi o quarto maior déficit fiscal para janeiro a
agosto, sendo superado por 2020, 2016 (-R$ 108,11 bilhões) e por 2017 (-R$
119,74 bilhões), em números atualizados pelo IPCA.
No mesmo mês
do ano passado, as contas do governo tiveram superávit de R$ 22,88 bilhões. Com
isso, houve uma piora de R$ 127,47 bilhões dos oito primeiros anos de 2022 para
igual período de 2023.
O governo foi autorizado pelo Congresso a ter um rombo de até R$ 238 bilhões em suas contas neste ano. Na semana passada, a área econômica informou que sua expectativa, até o momento, é de que o fique em R$ 141,4 bilhões em todo ano de 2023.
Somente em
agosto, ainda de acordo com informações do Tesouro Nacional, as contas do
governo apresentaram um resultado negativo de R$ 26,35 bilhões. Com isso, houve
melhora em relação ao mesmo mês de 2022 – quando o déficit somou R$ 50,35
bilhões.
PEC da transição e arcabouço fiscal
O aumento do
rombo nas contas públicas na parcial deste ano está relacionado,
principalmente, com a alta das despesas autorizada por meio da PEC da
transição, aprovada no fim do ano passado pelo governo eleito do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a
mudança, o governo obteve autorização para gastar R$ 168,9 bilhões a mais neste
ano. Esses gastos se tornaram permanentes com a aprovação do arcabouço fiscal,
a nova regra para as contas públicas aprovada pelo Congresso Nacional.
Parte do
valor foi usado para tornar permanente o benefício de R$ 600 do Bolsa Família.
Também foram recompostos gastos em saúde, educação e bolsas de estudo, entre
outras políticas públicas.
Para tentar
evitar uma piora maior das contas públicas, a equipe econômica tem atuado,
principalmente, no aumento de arrecadação. Com esse objetivo, foram adotadas
essas medidas:
– Foi
elevada a tributação sobre combustíveis;
– Obteve
vitória no STJ em processo sobre incentivos dados pelos estados a empresas;
– Contou com
a aprovação do Congresso em regras sobre tributação do comércio exterior;
– O governo
também propôs, por meio do orçamento de 2024, que as suas contas tenham um
déficit zero – resultado considerado ousado por economistas do mercado
financeiro.
Para atingir
esse resultado, porém, a equipe econômica propõe medidas de aumento de
arrecadação em R$ 168 bilhões no próximo ano.