Ibama renova licença da Petrobras para perfuração na Margem Equatorial
Ibama renova licença da Petrobras para perfuração na Margem Equatorial
Trata-se da 21ª autorização concedida para exploração na região.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Rodrigo Agostinho, assinou, nesta segunda-feira (2), a renovação da
licença de operação para a Petrobras perfurar dois poços de petróleo na Bacia
Potiguar, no litoral do Rio Grande Norte, na Margem Equatorial brasileira. A
informação havia sido antecipada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) na
última sexta-feira (29).
Os poços
Pitú Oeste e Anhangá estão localizados nos blocos de exploração BM-POT-17 e
POT-M-762. A licença tem validade de dois anos e é uma renovação de licença
anterior, que havia sido concedida em 2013. Segundo o Ibama, a retificação foi
necessária porque houve a exclusão de um bloco (BM-POT-16) e a inclusão de
outro (POT-M-762).
Ainda
segundo o instituto, trata-se da 21ª licença concedida desde 2004 para
perfuração na região da chamada Margem Equatorial.
A Margem
Equatorial abrange cinco bacias em alto-mar, entre o Amapá e o Rio Grande do
Norte, entre elas a Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, cuja licença
para prospecção marítima foi negada em maio deste ano e gerou debates públicos
sobre a exploração da região. O licenciamento em questão é para exploração no
chamado bloco FZA-M-59.
Na ocasião, o Ibama alegou que a decisão foi tomada “em função do conjunto de inconsistências técnicas” para uma operação segura em nova área exploratória. A área fica em uma região considerada de extrema sensibilidade socioambiental
Já o MME
defende a continuidade das pesquisas sobre as potencialidades das reservas de
petróleo na Margem Equatorial, incluindo a Bacia da Foz do Amazonas. A área é
considerada “a última grande fronteira” de exploração de petróleo e gás natural
e pode dar a segurança energética que o país precisa, inclusive, para “financiar
a transição energética”.
A Petrobras
informou que pretende perfurar 16 poços exploratórios na Margem Equatorial, em
cinco anos. O investimento previsto para a região é de cerca de US$ 3 bilhões,
direcionado para projetos de pesquisa e investigação do potencial petrolífero
da região. No caso da Bacia da Foz do Amazonas, o pedido de reavaliação da
proposta está sob análise técnica do Ibama.
Plano de emergência
De acordo
com a Petrobras, os dois poços exploratórios agora licenciados estão em águas
profundas da Bacia Potiguar, o primeiro a 52 quilômetros da costa. A licença é
referente à atividade de pesquisa da capacidade de produção de petróleo e gás
natural na localidade. As reservas estimadas dessa bacia são de 2 bilhões de
barris de óleo.
Com a
pesquisa exploratória, a Petrobras pretende obter mais informações geológicas
da área para avaliar a viabilidade econômica e a extensão da descoberta de
petróleo realizada em 2013 no poço de Pitu. Não há produção de petróleo nessa
fase.
A previsão é
que as atividades de perfuração marítima na costa do Rio Grande do Norte tenham
início em novembro deste ano, após a conclusão da limpeza da bioincrustação do
casco da sonda que será utilizada. Segundo o Ibama, o objetivo deste trabalho,
realizado em base de apoio na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é prevenir
a disseminação de coral-sol, uma espécie exótica.
A
autorização para perfuração dos blocos foi concedida após a conclusão e
aprovação de Avaliação Pré-Operacional (APO), procedimento adicional à análise
do Ibama, que busca comprovar a efetividade do plano de emergência proposto
pela empresa. Essa avaliação é exigida para regiões de alta sensibilidade
ambiental, como é o caso da Bacia Potiguar, e para projetos de grande
complexidade.
Durante a
APO, a equipe do Ibama analisou as medidas de resposta a emergências da empresa
licenciada em áreas marinhas e costeiras do Ceará, assim como as ações de
atendimento à fauna nas Áreas de Proteção Ambiental (APA) da Praia de Ponta
Grossa e do Manguezal da Barra Grande, incluindo cuidados com os peixes-boi de
Icapuí (CE), na APA Berçários da Vida Marinha.
“Os técnicos
do Ibama constataram que os Planos de Emergência Individual e de Proteção à
Fauna foram executados de acordo com o que foi apresentado pela Petrobras no
processo de licenciamento. As instalações e os equipamentos da Sala de Comando,
na sede da empresa, no Rio de Janeiro, e dos postos de atendimento, em campo,
foram avaliados positivamente, assim como a execução da estratégia de proteção
em Unidades de Conservação costeiras e áreas sensíveis”, afirmou o Ibama.
Por outro lado, a equipe técnica do instituto avaliou a necessidade de ajustes e melhorias no Plano de Emergência Individual apresentado, especialmente em relação à proteção de peixes-boi e às ações de resgate de fauna, como treinamento da equipe e uso de equipamentos, entre outras.
Em
comunicado, o Ibama explicou que esses pontos serão detalhados em parecer
técnico específico e foram debatidos com a Petrobras em reunião para
apresentação da APO, realizada na última quinta-feira (28).
Edição:
Denise Griesinger