SP: governador diz que greve é ilegal; sindicato defende direitos
SP: governador diz que greve é ilegal; sindicato defende direitos
Segundo Tarcísio, paralisação desrespeita decisão do TRT.
Publicado por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
O governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerou abusiva a greve que paralisou
metrô, trens e parte dos trabalhadores da estatal de saneamento nesta
terça-feira (3).
“Infelizmente,
aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos uma greve de metrô,
CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos] e Sabesp [Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo]. Uma greve ilegal, abusiva,
claramente política. Uma greve que tem por objetivo a defesa de um interesse
muito corporativo”, disse, sobre o movimento contra a privatização de serviços.
Segundo o
balanço apresentado pelo governo, as linhas 1,2,3 e 15, operadas pelo metrô
amanheceram completamente paralisadas. Funcionam apenas as linhas 4 e 5,
concedidas à inciativa privada. No caso da CPTM, estavam totalmente paradas
três das cinco linhas. Operam parcialmente as linhas de trens 7 e 11, mas
nenhuma faz o trajeto completo e têm intervalos maiores de espera. As linhas 8
e 9, também privatizadas, mantiveram operação.
Segundo
Tarcísio, a paralisação desrespeita a decisão do Tribunal Regional do Trabalho
(TRT), de sexta-feira (29), que proibiu a greve total dos trabalhadores do
metrô. Conforme determinação do desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de
Oliveira, deveria ser assegurada a circulação da frota de 100% dos trens nos
horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 80% nos demais períodos, sob
pena de multa de R$ 500 mil. “Essa turma não está respeitando sequer o
Judiciário. Não estão respeitando o poder Judiciário, não estão respeitando o
cidadão”, criticou o governador.
Estudos
Sobre os
processos em andamento, Tarcísio afirmou que as decisões não foram tomadas
ainda e que a população será consultada. “Gente, nós estamos estudando.
Iniciamos estudos para verificar a viabilidade financeira, para verificar se a
gente pode prestar o melhor serviço. Em todo o processo de desestatização e
todo o processo de concessão existe um momento da consulta à população, faz
parte do rito faz parte do rito audiência pública”, afirmou.
Em relação
aos problemas apresentados pelas linhas 8 e 9 de trens, que são alvo de
procedimentos pelo Ministério Público de São Paulo devido ao grande aumento de
falhas desde o início do contrato, em janeiro de 2022. “As linhas apresentam
falhas porque chegaram nas mãos da iniciativa privada extremamente deterioradas.
Por que aconteceram os descarrilamentos? Porque nós tínhamos problemas de via
permanente”, defendeu o governador.[
Tarcísio
disse ainda que os investimentos da Via Mobilidade, concessionária que
administra as linhas, estão surtindo efeito. “Toda rede aérea foi substituída.
Está havendo reforma em todas as subtrações. Ou seja, tem um investimento que
está acontecendo e, obviamente, o número de falhas está diminuindo”,
acrescentou.
Sindicato contesta
A presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, rebateu, em transmissão pelas redes sociais, as declarações do governador. Segundo a líder sindical, a privatização dos serviços do metrô, trens e da Sabesp já está em andamento e não apenas em fase de estudos, como afirmou Tarcísio. “Ele já fez um edital de terceirização dos serviços de atendimento do metrô, que está previsto para ocorrer na semana que vem, no dia 10 de outubro”, enfatizou.
“Tem leilão
marcado de privatização da linha 7 Rubi para o dia 29 de fevereiro. Ele está
encaminhando o projeto de lei de privatização da Sabesp na Assembleia
Legislativa. Ele está conversando com os prefeitos de todas as cidades que têm
os serviços de Sabesp, convencendo as prefeituras a abrir mão da autonomia dos
municípios para avançar com o projeto de privatização da Sabesp”, destacou a
sindicalista sobre as ações concretas que estão sendo tomadas para que os
serviços públicos sejam repassados à iniciativa privada.
Para Camila,
Tarcísio tem agido pouco para reduzir os problemas enfrentados nas linhas de
trem já privatizadas. “Gostaria de ver a braveza do governador Tarcísio quando
tem descarrilamento da linha 8 e da linha 9. Eu gostaria de ver a braveza do
governador Tarcísio quando o trem fica andando em velocidade reduzida ou quando
as pessoas têm que andar pelos trilhos.”
A
sindicalista pontuou ainda que em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro a
privatização dos serviços de transportes resultou em expressivo aumento nos
valores das tarifas cobradas dos passageiros.
Segundo
Camila, a paralisação desta terça-feira defende os direitos dos trabalhadores e
da população. “Nós estamos defendendo emprego. Estamos defendendo direitos e,
ao mesmo tempo, estamos defendendo o interesse da população, que quer um
transporte público de qualidade, que a água esteja com qualidade, que a conta
de água não aumente”.
Edição:
Maria Claudia