Brasil conquista prata inédita por equipes no Mundial de ginástica
Brasil conquista prata inédita por equipes no Mundial de ginástica
Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares colocam o time verde-amarelo em novo patamar com primeiro pódio de um Mundial.
Por Guilherme Pereira, Lorena Dillon e Rogerio Romera — Antuérpia, Bélgica
O Brasil está em um novo patamar na ginástica artística: o de medalhista por equipes. Nesta quarta-feira, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares deram um show na final da Antuérpia e conquistaram um pódio inédito para o país: prata por equipes femininas em um Mundial. O Brasil ficou atrás apenas dos Estados Unidos, comandados por Simone Biles. A França ficou com o bronze.
Por décadas, uma medalha por equipes em um Mundial era vista com um sonho distante, algo que só estava ao alcance de potências como Estados Unidos, Rússia, China e Romênia. Guiadas por Rebeca e Flavinha, as brasileiras mostraram já no ano passado que chegaram a um novo patamar, o de equipes medalhistas. Por menos de um ponto, o bronze escapou no Mundial de Liverpool. Na Bélgica, com o reforço de Jade, a medalha inédita veio, coroando o grupo que também conquistou a classificação para as Olimpíadas de Paris.
A comemoração foi grande e cheia de lágrimas. Não à toa. Jade Barbosa, aos 32 anos, voltou ao pódio de um Mundial depois de 13 anos para receber sua terceira medalha – já tinha dois bronzes. Rebeca chegou a cinco medalhas em Mundiais – também tem duas olímpicas. Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Júlia Soares e a reserva Carolyne Pedro subiram pela primeira vez no pódio de uma grande competição da ginástica.
– É o trabalho de muitas pessoas. Uma lista gigante. Hoje firmamos a escola de ginástica do Brasil. Fizemos incríveis escolhas. Estamos tão felizes. Mostramos que nosso trabalho está no caminho certo. A gente imaginava terceiro, que podíamos, mas a segunda posição é muito melhor – disse Jade Barbosa.
O Brasil somou 165,530 pontos nesta quarta-feira, superando em mais de um ponto a marca da classificatória (164,297) mesmo sem ter nota de descarte na final e contando com uma queda na trave. Assim subiu duas posições no ranking, incomodando inclusive as americanas, campeãs com 167,729 pontos graças a uma grande noite de Simone Biles. A França fez uma decisão sem grandes erros para chegar ao pódio com 164,064 pontos.
O Brasil ainda pode conquistar até mais oito medalhas no Mundial da Antuérpia. Nesta quinta-feira, às 14h30 (de Brasília), Diogo Soares disputa a final do individual geral masculino. Na sexta-feira, também às 14h30, Rebeca e Flávia estão na decisão do individual geral. No sábado, Rebeca está na final do salto, aparelho em que é a atual campeã olímpica. No domingo, Rebeca está na decisão da trave e do solo. Flavinha também está na final do solo. Arthur Nory fecha o Mundial na decisão da barra fixa.
Primeira rotação
O Brasil começou nas barras assimétricas, único aparelho em que teve falhas na classificatória. Falhas que as brasileiras corrigiram para a final. Lorrane (13,166 pontos) e Flavinha acertaram suas séries (13,733). Vice-campeã mundial do aparelho em 2021, Rebeca fechou com uma série quase perfeita (14,400). Todas as brasileiras melhoraram suas notas nas barras, e o Brasil somou 41,299 pontos, crescendo um ponto em relação à classificatória. As brasileiras se colocaram na terceira posição ao fim da primeira rotação, atrás da China (43,032 nas barras) e dos Estados Unidos (42,966 no salto).
Segunda rotação
A trave foi uma guerra de nervos para o Brasil. Caçula do time, Julia abriu com uma queda e tirou 12,200 pontos, um a menos que na classificatória. Flavinha deu show e compensou com um 14,066, quase sete décimos melhor que na classificatória. Rebeca teve alguns desequilíbrios pequenos e perdeu algumas ligações de movimentos e conseguiu 13,133 pontos, quase sete décimos pior que na classificatória. Somando 39,399 na trave, o Brasil ficou um ponto abaixo do que fez na classificatória. O Brasil caiu para a sexta posição, mas a menos de um ponto da França, que assumiu o terceiro posto depois de um bom salto. Na disputa pelo ouro, os Estados Unidos foram bem nas barras e passaram a China.
Terceira rotação
No seu ponto
forte, o Brasil abriu bem no solo com 13,600 pontos para Júlia em uma série
quase cravada, quatro décimos melhor que na classificatória. Rebeca deu um show
com acrobacias cravadas ao som de Beyoncé e Anitta. Tirou um notão: 14,666
pontos, seis décimos melhor que na classificatória. Flavinha também deu show e
melhorou bem pouquinho em relação à classificatória. Com 42,166 no solo, o Brasil
melhorou 1,1 em relação à classificatória e subiu para a quarta posição, nem
dois décimos atrás da França. Estados Unidos manteve a liderança, com a China
na cola.
Quarta rotação
Jade abriu a
participação do Brasil no salto com um bom Yurchenko com Dupla Pirueta. Vibrou
muito e conseguiu 13,933 pontos, um décimo melhor que na classificatória.
Flavinha fez o mesmo salto e conseguiu 13,833, praticamente igual ao que fez na
classificatória. Rebeca fechou com um Cheng praticamente cravado, repetindo os
14,900 da classificatória – Simone Biles no mesmo salto tirou 14,800 nesta
quarta-feira. Somando 42,666 pontos no salto, o Brasil melhorou um décimo no
aparelho e saltou para o pódio inédito. Só não deu para passar os Estados
Unidos, que contaram com um solo de 15,166 pontos de Simone Biles.