Ministra do Planejamento diz que é ‘mais fácil’ elevar arrecadação do que cortar gastos
Ministra do Planejamento diz que é 'mais fácil' elevar arrecadação do que cortar gastos
Tebet participou de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso. Ela afirmou que uma secretaria do Planejamento avalia a qualidade das despesas para eventuais revisões.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
A ministra
do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta quarta-feira (4) que é
mais fácil para o governo aumentar a arrecadação por meio de novas medidas do
que cortar gastos – atribuição que está concentrada mais na sua pasta.
Tebet deu as
declarações durante audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do
Congresso Nacional.
Ela destacou
propostas encaminhadas pelo Ministério da Fazenda para o Legislativo, como a
taxação das chamadas “offshores”, que buscam elevar a receita do
governo.
Sobre o
corte de gastos, uma tarefa mais relacionada ao Ministério do Planejamento do
que à Fazenda, a emedebista disse que é preciso “coragem” dos
gestores.
“É mais
fácil até aumentar a arrecadação, como agora está sendo votado taxação de
‘offshores’, do que cortar gastos. Em um país tão pobre, não é uma decisão tão
simples. É preciso ter coragem para fazer isso. Na pior das hipóteses, melhorar
qualidade dos gastos. Tirar de quem não merece e dar para quem precisa. Se
conseguirmos virar essa chave, teremos um novo Brasil”, declarou Tebet.
Economistas
ouvidos pelo g1 avaliaram que a equipe econômica do governo falhou, nos
primeiros oito meses, ao não dar ao corte de gastos o mesmo peso que tem dado à
elaboração de medidas de aumento de arrecadação.
Eles também
apontaram possíveis reduções de despesas que podem ser implementadas pelo
Executivo.
Sem o corte
de despesas, alertam os economistas, será mais difícil atingir a meta de zerar
o déficit das contas públicas em 2024. Uma vez que o efeito das medidas de
aumento de arrecadação propostas para alcançar esse objetivo – com impacto
estimado de R$ 168 bilhões em 2024 – é considerado incerto.
Além disso,
embora o arcabouço fiscal preveja um espaço maior para despesas, ainda pode
haver uma compressão dos chamados “gastos livres” dos ministérios,
com impacto em políticas públicas. Para evitar esse cenário, também seria
importante conter gastos.
A ministra
do Planejamento lembrou, nesta quarta-feira, que a pasta que chefia tem uma
secretaria voltada para o monitoramento e avaliação de políticas públicas, e
que estão sendo criados grupos de trabalho para revisar as despesas como forma
de melhorar a qualidade dos gastos públicos.
“Criamos
pela primeira vez no Ministério uma secretaria de avaliação prévia de políticas
públicas, e vamos apresentar relatórios a cada trimestre. Os senhores
[parlamentares] é que decidem, que têm o poder do voto, mas vamos mostrar o que
é eficiente e o que não é eficiente”, disse a ministra.
Segundo ela,
o governo está levando adiante uma revisão dos gastos do Bolsa Família, que
pode economizar R$ 7 bilhões por ano, com a retirada de pessoas sem direito ao
benefício. Ela observou que as famílias unipessoais, de uma pessoa só, tiveram
um salto grande durante as eleições do ano passado.
Além disso,
acrescentou Simone Tebet, também está sendo feito um pente fino no Benefício
por Prestação Continuada e na Previdência Social – mirando acabar com fraudes.