Israel anuncia cerco total à Cidade de Gaza
Israel anuncia cerco total à Cidade de Gaza
Informação foi divulgada pelo porta-voz do exército israelense. Braço armado do Hamas afirmou que Gaza será 'maldição' para Israel. Lideranças árabes e americanas buscam cessar-fogo por ajuda humanitária.
Por Deutsche Welle
As Forças de
Defesa de Israel (FDI) anunciaram na noite desta quinta-feira (2) que cercaram
completamente a Cidade de Gaza, enclave de onde partiram os ataques terroristas
perpetrados pelo grupo terrorista islâmico Hamas no dia 7 de outubro e que
deixaram mais de 1.400 mortos em território israelense.
“Os
soldados concluíram o cerco à Cidade de Gaza, o centro da organização
terrorista Hamas”, declarou o porta-voz do exército israelense, Daniel
Hagari.
Em resposta
à declaração, o braço armado do Hamas, formado pelas Brigadas Ezzedine
al-Qassam, disse que Gaza seria uma “maldição” para Israel e que seus
soldados voltariam para casa “em sacos pretos”.
Depois de
quase quatro semanas de conflito, o número de mortos na Faixa de Gaza
ultrapassou os 9.000, sendo 3.760 crianças, de acordo com informações divulgadas
por autoridades locais.
A quantidade
de crianças mortas no conflito Israel-Hamas é mais de seis vezes maior do que
as 560 vítimas registradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 19 meses
de guerra na Ucrânia.
Líderes americanos e árabes, a exemplo de aliados americanos, como a Jordânia, aumentaram a pressão para que Israel alivie o cerco ao enclave.
Também nesta
quinta, a Câmara dos Deputados dos EUA, controlada por parlamentares do Partido
Republicano, aprovou um projeto de lei que concede 14,3 bilhões de dólares em
ajuda a Israel. Mas parlamentares democratas, que controlam o Senado, já
avisaram que o projeto não deve seguir adiante.
Blinken viaja ao Oriente Médio
Nesta
sexta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deve viajar a
Israel e à Jordânia, após sugestão do presidente Joe Biden, para negociar uma
“pausa” devido à crise humanitária na região.
O objetivo
seria permitir a entrada de ajuda para palestinos e a retirada de mais
estrangeiros e feridos – nos últimos dois dias, cerca de 800 pessoas deixaram o
território da Faixa de Gaza.
Israel não
respondeu imediatamente à sugestão de Biden. Mais cedo, porém, o
primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já havia indicado que não deve acatar
pedidos de cessar-fogo no momento: “Estamos avançando. Nada vai nos
deter”, disse.
No último
final de semana, Netanyahu afirmou que o conflito na Faixa de Gaza entrou em
sua segunda fase com a expansão das operações militares por terra.
O objetivo,
segundo o primeiro-ministro israelense, é destruir as capacidades militares e o
controle que o Hamas exerce no território palestino, bem como resgatar os mais
de 200 reféns sequestrados no início do mês.
Brasileiros tentam deixar Gaza
A Embaixada
do Brasil na Palestina articula com autoridades egípcias e israelenses a
repatriação de 34 pessoas que pediram ajuda para deixar Gaza, sendo 24
brasileiros e dez palestinos que querem imigrar. Deste total, 18 já estão na
cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, e 16 estão em Khan Yunis, distante
dez quilômetros.
Mas, até o
momento, os brasileiros seguem fora da lista de cidadãos estrangeiros ou com
dupla nacionalidade autorizados a deixar a Faixa de Gaza pela passagem de
fronteira com o Egito.
A passagem
de Rafah, a única saída de Gaza não controlada por Tel Aviv, foi aberta pela
primeira vez nesta quarta-feira, após um acordo firmado entre os governos de
Egito e Israel, sob mediação do Catar e em coordenação com os EUA.
Com o Brasil
ainda de fora, a segunda lista de países que podem retirar seus cidadãos inclui
Azerbaijão, Bahrein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Estados Unidos, Grécia,
Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade.
Desde o
início da guerra, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), em operação
coordenada com os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, já retiraram
1.445 pessoas e 53 animais. Nesta quinta, mais um voo chegou ao país com 32 passageiros
vindos da Cisjordânia.
A maioria
das pessoas autorizadas a deixar o enclave palestino – um total de 400 nomes –
é de americanos, após pressão pessoal de Biden. Na quarta, o democrata havia
declarado que a passagem segura para a saída de feridos e estrangeiros foi
garantida “graças à liderança americana”.
Alemanha proíbe atividades ligadas ao
Hamas
Também nesta
quinta-feira, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, anunciou a
proibição de qualquer atividade vinculada ao Hamas, e baniu também uma rede
palestina atuante no país chamada Samidoun que promoveu atos de comemoração do
ataque do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro.
A proibição
de atividades relacionadas ao Hamas na Alemanha já havia sido anunciada pelo
chanceler federal, Olaf Scholz, em 12 de outubro, e torna-se efetiva após a
ordem desta quinta do Ministério do Interior. O Hamas é considerado uma
organização terrorista pela União Europeia e por Alemanha, Estados Unidos e
outros países.
A Samidoun é
uma rede palestina que opera na Alemanha sob os nomes Hirak – Palestinian Youth
Mobilization Jugendbewegung (Germany) e Hirak e.V.
Segundo o
Departamento Federal de Proteção da Constituição da Alemanha (BfV), ela é
vinculada à organização radical palestina PFLP (Frente Popular para a
Libertação da Palestina), que defende a luta armada contra Israel.