Cashback pode elevar preços da cesta na reforma tributária, diz Abras
Cashback pode elevar preços da cesta na reforma tributária, diz Abras
Relatório da PEC da reforma tributária prevê devolução de impostos.
Publicado por Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) é favorável à reforma tributária e concorda
com o relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM), mas ressalta que é preciso
ter cuidado com a aplicação do instrumento de cashback – mecanismo que restitui
ao consumidor parte do dinheiro gasto – na cesta básica.
Entre os pontos
da proposta de reforma tributária, o presidente da Abras, João Galassi,
destacou a criação de duas cestas básicas, uma isenta e outra com alíquota de 60%
de desconto mais o cashback.
Galassi
disse que, para a Abras, a cesta básica isenta é infinitamente mais eficiente
como distribuição de renda do que o cashback. Apesar disso, a entidade não se
opõe que a cesta estendida seja acrescida desse benefício.
“O cashback
não é o melhor instrumento da política social. A desoneração total da cesta
básica seria muito mais benéfica para a população de baixa renda. O instrumento
não atenderá uma parte da população vulnerável, onerando o grupo com mais
tributos, por meio dos produtos que eventualmente tenham aumento de preços por
aumento da carga tributária, como alguns tipos como carne e hortifruti”, disse
hoje (1º), em entrevista coletiva virtual.
“No entanto,
visto que o Congresso resolveu seguir com a criação deste instrumento, após a
redução de 60% da cesta estendida, é importante garantir que a devolução dos
tributos aconteça para o consumo de alimentos e não nos opomos à forma como foi
apresentada”, completou.
O presidente
da Abras disse que, em outros estudos, a associação não questionou o cashback
porque estava focada em apresentar o impacto da carga tributária. Mas agora que
foi feito um relatório, a entidade apoia, defende e acredita que existem
instrumentos que, durante o debate das leis complementares, poderão aferir uma
redução ou carga neutra na cesta básica nacional isenta.
Aumento da carga tributária
O dirigente
alertou que poderá ocorrer aumento da carga tributária, dependendo da alíquota
do imposto sobre o valor agregado (IVA), que poderá variar de 25% a 30% e da
composição dos itens que estão em cada uma das cestas.
“Aqui temos
a garantia do relator Eduardo Braga, que também luta por uma trava nessa
reforma dos tributos que se referem ao IVA, o qual apoiamos claramente. Por
exemplo, se a carne bovina estiver na cesta isenta, beneficiaremos os
consumidores com uma redução de impostos. No entanto, se estiver na cesta
ampliada aumentaremos em 30% o valor pago atualmente”, afirmou.
Setor supermercadista
De acordo o
vice-presidente de Ativos Setoriais da Abras, Rodrigo Segurado, a reforma
tributária é o modelo de financiamento do Estado e o país tem um grande desafio
social a ser desenvolvido para o trabalhador do Brasil, que é a fome. “Temos
cálculos que apontam que, para combater a fome no Brasil, precisamos de R$ 13
bilhões para distribuir 2,6 milhões de alimentos. Esse é o impacto social que
estamos preocupados em combater também”.
Segundo o
vice-presidente, a cesta básica isenta, incluída no texto aprovado na Câmara,
está validada pelo Senado, que criou o cashback na cesta básica estendida com
redução de 60% de tributos.
“Tem uma
cesta básica isenta, mas uma cesta básica estendida com redução de 60%, com
cashback; hortifruti, frutas e ovos com 100% de isenção; alimentos para consumo
humano com 60% de desconto na alíquota padrão; higiene com 60% de desconto da
alíquota padrão; saúde menstrual podendo chegar a 100% de isenção e limpeza com
desconto de 60% da alíquota padrão. Esse é, em resumo, o que o Senado Federal
apresenta como texto da reforma tributária a partir do que recebeu da Câmara
dos Deputados.”
Edição:
Maria Claudia