Análise: valente, Corinthians fica perto de meta tacanha, mas fundamental
Análise: valente, Corinthians fica perto de meta tacanha, mas fundamental
Mano adota estratégia nova, e equipe se entrega para suprir inferioridade numérica contra o Grêmio; vitória gigante dá alívio e praticamente livra o Timão do risco do rebaixamento.
Por Bruno Cassucci — São Paulo
Comemorar a
fuga do rebaixamento é algo tacanho demais para um clube gigante como o
Corinthians. Ainda mais quando são gastos mais de R$ 22 milhões todo mês somente
com salários dos jogadores.
Mas a
realidade do Corinthians neste fim de temporada é esta, e a vitória por vitória
por 1 a 0 sobre o Grêmio, fora de casa, tem que ser muito comemorada, não
apenas pelo o que ela significou em termos de classificação, mas pela forma
como foi conquistada.
Com um
jogador a menos desde os nove minutos do primeiro tempo e jogando em um gramado
horroroso, o Timão soube se adaptar às adversidades e mostrou muita valentia e
aplicação tática para buscar o resultado.
Mano Menezes
adotou uma estratégia nova para essa partida. Escalou três zagueiros, com
Fagner e Bidu nas laterais, e um ataque móvel, sem centroavante – Yuri Alberto
deu lugar a Wesley.
O início foi
promissor, com a Corinthians criando chances e tendo um pênalti não marcado em
Matheus Bidu. Porém, tudo mudou muito rápido, com o cartão vermelho para Bruno
Méndez.
Com a clareza de que seria suicídio se expor diante desse cenário, Mano fechou a equipe, montando duas linhas de quatro jogadores muito próximas, em frente à área, e deixando Renato Augusto mais avançado.
Era óbvio: o
jogo passaria a ser ataque contra defesa. Difícil mesmo era prever que, em
circunstâncias tão desfavoráveis, o Corinthians abriria o placar. Aos 31, após
escanteio, Lucas Veríssimo (em atuação quase impecável), escorou de cabeça para
Romero, que marcou pelo segundo jogo consecutivo.
Com a
vantagem, o Timão se fechou ainda mais. A linha defensiva chegou a ter até seis
jogadores em alguns momentos, com Romero e Wesley (depois Gustavo Mosquito)
recuando bastante para dar suporte aos laterais.
Faltou à
equipe se defender um pouco mais com a bola. Mas tal dificuldade é
compreensível não apenas pelas desvantagens numérica e técnica, mas também pela
péssima qualidade do campo.
Até por
causa disso, Mano abriu mão de Renato Augusto no segundo tempo. Sem ter a quem
acionar na frente e jogando de costas para o gol, o camisa 8 ficou sem função.
Embora tenha
dominado, o Grêmio produziu pouco além de cruzamentos na área. Em chutes de
fora da área, os gaúchos pararam em Cássio e, depois, Carlos Miguel – que
entrou no lugar do titular quando ele sentiu dores no joelho.
Quando a
partida ficou com dez jogadores para cada lado, após a expulsão de Bruno Alves,
aos 35 da etapa final, o Corinthians ainda conseguiu criar chances com Romero e
Bidu.
Há destaques
individuais a serem exaltados. Além de Veríssimo, já citado, Fagner, Maycon e
Romero tiveram boas atuações. Mas mais do que isso, é preciso reconhecer a
entrega de toda a equipe, que entendeu a importância do jogo e deixou tudo em
campo.
Caso tivesse
sido derrotado, o Timão ficaria em situação extremamente incômoda durante as
duas próximas semanas, nas quais não irá jogar por causa da data Fifa. Poderia
até mesmo ficar na beira da zona de rebaixamento caso o Cruzeiro empatasse com
o Vasco e vencesse o Fortaleza nos jogos atrasados do Brasileirão. O resultado
em Porto Alegre foi gigante e fundamental na luta contra a degola.
Ainda não é
o momento de baixar a guarda, mas o Corinthians, enfim, começa a respirar
aliviado em uma temporada de decepções. Matemáticos dizem que a pontuação
necessária para fugir do rebaixamento não foi atingida, mas tudo indica que a
equipe conseguirá se livrar.
Quando
entrar em campo da próxima vez, contra o Bahia, dia 25, o clube já terá um novo
presidente eleito. O ano de 2023 ainda não acabou, mas é hora de começar a
planejar um futuro melhor.