Brasileira procurada por tentativa de homicídio é presa na Espanha
Brasileira procurada por tentativa de homicídio é presa na Espanha
Aline Fernanda de Siqueira Maschietto foi presa nesta terça-feira (12) no litoral espanhol. Foragida desde 2022 da Justiça de SP, paradeiro foi descoberto depois que ela denunciou suposto crime na Europa.
Por Thaisa Figueiredo, Rodolfo Tiengo, g1 Ribeirão e Franca
A polícia
espanhola prendeu nesta terça-feira (12) a brasileira Aline Fernanda de
Siqueira Maschietto, de 37 anos, acusada de tentativa de homicídio em Ribeirão
Preto (SP). A prisão ocorreu depois que a Justiça de São Paulo pediu que o nome
dela fosse incluído na Difusão Vermelha da Interpol.
Segundo
informações da Guardia Civil, órgão das Forças e Órgãos de Segurança ligado ao
Ministério do Interior da Espanha, Aline foi presa em Málaga, a 534 quilômetros
de Madri. A operação teve início no final de novembro após a Unidade
Operacional Central da Guardia Civil ser informada das acusações pelas autoridades
brasileiras.
A brasileira
foi encontrada próximo à casa onde estava vivendo com uma amiga na região da
costa Sul do país.
Procurada
pelo g1, a defesa de Aline no Brasil disse nesta terça-feira que não tomou
conhecimento da prisão e informou que aguarda o início da fase de instrução da
ação no tribunal de Justiça paulista.
Ao g1, o
comandante Vaquero, da assessoria da Unidade Central Operativa da Direção Geral
da Guarda Civil, informou que Aline deve seguir na quarta-feira (13) para
Madri. Ela ficará à disposição da Justiça local, que fará o contato com o
Ministério da Justiça brasileiro para tratar sobre o processo de extradição.
Aline havia
sido vista pela última vez na capital espanhola em novembro deste ano, após
retirar uma queixa de estupro contra o advogado Cándido Conde-Pumpido Varela,
filho do presidente do principal órgão de Justiça da Espanha.
Segundo
informações do Jornal El País, ela disse às autoridades ter sido vítima de
estupro na casa do advogado.
Dias depois,
quando imagens de câmeras de segurança não indicaram nada suspeito e um laudo
médico descartou lesões no órgão genital da brasileira, ela retirou a queixa,
sob a justificativa de que não estava mentalmente bem porque havia bebido.
O periódico
espanhol disse ainda que ela teria manifestado intenção de voltar ao Brasil.
Com o
destaque dado pela imprensa internacional à denúncia de estupro, veio à tona a
informação de que Aline era procurada pelas autoridades brasileiras por uma
tentativa de homicídio em 2022, em Ribeirão Preto.
Investigação no Brasil
Segundo o
inquérito policial em Ribeirão Preto, em 4 de março de 2022, um homem de 35
anos foi esfaqueado em um quarto de hotel na Avenida Presidente Kennedy, importante
via de acesso da cidade.
De acordo
com informações da Polícia Civil, o homem foi encontrado esfaqueado por um
funcionário que ouviu, por trás da porta trancada, gritos dele pedindo para que
arrombasse o quarto. De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima gritava
“ela vai me matar”. O homem foi hospitalizado e sobreviveu.
Consta no
boletim de ocorrência registrado na época que Aline disse ter conhecido o rapaz
em um aplicativo de relacionamentos antes de ir morar fora do país.
Ela alegou à
polícia que havia acabado de voltar do México e por isso marcou um encontro com
o homem no hotel, mas que acabou tendo uma discussão com ele. Segundo a
investigada, a discussão ocorreu depois que ele chamou outra mulher para ficar
com ele no apartamento.
Aline contou
ainda que, durante a discussão, o homem a ameaçou com uma faca e que ela se
defendia da investida dele quando o funcionário do hotel que arrombou a porta
do quarto apareceu e separou o casal. Ela também afirmou que o homem havia
jogado as chaves do flat pela janela.
Falta de respostas
Em julho de 2022, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/SP), o inquérito da Polícia Civil foi concluído e apresentado à Justiça. Na ação, Aline passou a ser acusada por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima.
Ela foi
citada a apresentar suas alegações, mas não se posicionou no âmbito do processo
nem instituiu um advogado para acompanhar o caso. Em outubro de 2022, foi alvo
de um mandado de prisão preventiva, com validade até 2042.
Desde então,
ela era considerada procurada, segundo informações do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
No despacho,
a Justiça levou em consideração o local incerto da ré, bem como o risco à
“tranquilidade pública”.
No fim de
novembro deste ano, o juiz Giovani Augusto Serra Azul Guimarães expediu novo
mandado de prisão a fim de pedir a colaboração dos órgãos internacionais para a
captura de Aline e o retorno dela ao Brasil para que o processo possa seguir
seu trâmite e para assegurar eventual aplicação da lei penal.