Haddad estima em R$ 32 bilhões impacto com desonerações
Haddad estima em R$ 32 bilhões impacto com desonerações
Folha de pagamento e auxílio ao setor de eventos estão no cálculo.
Publicado por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A renúncia
fiscal com a derrubada do veto à desoneração da folha de pagamento e com o
Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) está estimada em
R$ 32 bilhões para este ano, disse nesta terça-feira (16) o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad. Ele deu os números após o governo refazer os cálculos
do impacto das medidas.
Desse total,
R$ 12 bilhões correspondem à prorrogação da desoneração da folha de pagamento,
estendida para 2027. Já R$ 4 bilhões dizem respeito à redução da alíquota de
contribuição para a Previdência Social por pequenos municípios e R$ 16 bilhões
vêm do Perse. No fim do ano passado, o governo editou uma medida provisória
(MP) que extinguirá progressivamente os benefícios.
Haddad
informou que se reunirá nesta quarta-feira (17) com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para discutir os resultados das primeiras negociações em torno do
tema com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O ministro também disse que
conversará pessoalmente com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira,
nesta quinta (18) ou sexta-feira (19). Haddad afirmou ter conversado por
telefone com Lira.
Na tarde
desta terça, Haddad se reuniu com o ministro das Relações Institucionais,
Alexandre Padilha, com o líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães
(PT-CE), e com o líder do Governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), para
discutirem a agenda legislativa da área econômica para 2023. Além da busca por
um acordo sobre a MP que reonerará a folha de pagamentos, o encontro discutiu a
regulamentação da reforma tributária e medidas do Plano de Transformação
Ecológica, como o mercado de carbono.
Gradualidade
Reafirmando
o compromisso com o equilíbrio fiscal neste ano, Haddad defendeu uma redução
gradual da desoneração da folha de pagamento. Segundo ele, o procedimento segue
o modelo da reforma tributária, que estabelece a redução escalonada dos
benefícios fiscais.
“Nós fizemos
a proposta de fazer com o benefício fiscal o mesmo que foi feito na reforma
tributária. Se pegar a reforma tributária, todos os benefícios foram extintos e
diluídos no tempo, justamente para que os setores não fossem afetados no curto
prazo”, explicou o ministro.
Em relação à
reunião da segunda-feira com Pacheco, Haddad afirmou que o presidente do Senado
fez uma “proposta de encaminhamento” da medida provisória. O ministro não deu
detalhes, afirmando que a solução ainda precisa ser informada ao presidente
Lula e a Arthur Lira. Apenas disse que as “conversas finais” ocorrerão até o
fim desta semana.
Apesar da
reação negativa de frentes parlamentares à edição da medida provisória que
prevê a reoneração progressiva da folha de pagamento a 17 setores da economia e
revoga a redução da contribuição para a Previdência Social aos municípios,
Haddad negou mal-estar com o Poder Legislativo. “As pessoas tentam criar uma
animosidade que não existe entre os Poderes”, declarou.
Na
entrevista, o ministro disse que o objetivo da MP é permitir o crescimento do
país com taxas de juros sustentáveis, argumentando que não pode prejudicar toda
a sociedade com o custo da desoneração para dar vantagem a um setor específico.
Negociações
O ministro
das Relações Institucionais disse que as negociações estão apenas começando,
mas não deu prazo para que uma solução seja alcançada. Como a MP só entrará de
fato em vigor em abril, contribuições só podem ser aumentadas 90 dias após a
publicação da MP ou sanção de projeto de lei, as conversas poderão se estender
por meses.
“A MP foi
apenas o primeiro passo para iniciar o diálogo”, disse o ministro. Ele admitiu
que as discussões são complexas, mas disse estar otimista dada a aprovação de
diversas medidas difíceis no ano passado.
“Ninguém
acreditava na aprovação do projeto do Carf [Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais], da taxação das offshores e da MP 1.185 [que limitou ajudas
financeiras a estados], mas conseguimos a aprovação com muita conversa”,
declarou Padilha, que reafirmou o compromisso da equipe econômica com o
equilíbrio fiscal.
Em relação
aos pequenos municípios, o deputado José Guimarães disse que o governo estuda
uma ajuda financeira para as prefeituras com dificuldade de caixa para
contribuírem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Sabemos das
dificuldades dos pequenos municípios, mas podemos conceder uma ajuda, como
fizemos com os estados no ano passado”, complicou.
Edição:
Marcelo Brandão