Análise: faltou muita coisa ao Corinthians no Dérbi, menos o mais importante
Análise: faltou muita coisa ao Corinthians no Dérbi, menos o mais importante
Timão busca empate com o Palmeiras com dois jogadores a menos e mostra virtudes exigidas por seu torcedor; novas opções no banco e bola parada como arma também são notícias positivas.
Por Bruno Cassucci — São Paulo
Um mês
atrás, ao final do primeiro jogo na temporada, a torcida do Corinthians entoou
um grito nas arquibancadas da Neo Química Arena que soava como um recado ao
novo elenco que estava sendo formado:
No clássico
contra o Palmeiras faltou uma série de atributos ao time. Mas não o principal,
aquilo que o torcedor do Corinthians trata como inegociável: dedicação, entrega,
luta até o último minuto.
O empate em
2 a 2 no Dérbi de Barueri, com dois jogadores a menos e um zagueiro improvisado
como goleiro nos minutos finais, será lembrado pelos alvinegros por muito
tempo. Não pelo resultado do jogo, mas pela forma como ele foi conquistado.
O
comprometimento, a vibração e a resiliência apresentados neste domingo são
essenciais para a formação de um grupo campeão, e o clássico contra o Palmeiras
pode virar um marco para essa equipe, como outros Dérbis já foram no passado.
Porém, o
Corinthians ainda precisa de mais para voltar a levantar taças. Algo previsível
em meio a uma reformulação tão intensa e a esta altura da temporada. É possível
contar nos dedos de uma mão a quantidade de treinos táticos que António
Oliveira realizou em 10 dias de trabalho no clube.
Desde que Abel Ferreira assumiu o rival, em 2020, nove técnicos diferentes passaram pelo Parque São Jorge.
Mesmo diante
de um adversário que não contava com seu principal articulador (Raphael Veiga,
machucado), o Corinthians cedeu inúmeras oportunidades de gol.
A fim de
proteger Gustavo Henrique e Félix Torres, o volante Raniele afundava entre a
dupla e atuava como líbero. A estratégia funcionava ao proporcionar coberturas
aos zagueiros, mas oferecia espaço demais em frente a área corintiana.
O vazio
deveria ser preenchido por Fausto Vera, que mais uma vez esteve apagadíssimo.
Rodrigo Garro também não tapava o buraco na intermediária defensiva.
Para piorar,
o Corinthians não conseguia reter a bola no campo de ataque e sofria com
atuações individuais ruins, como a de Caetano, novamente improvisado na lateral
esquerda. Na frente, Yuri Alberto era pouco municiado, Romero produzia pouco e
Wesley só foi notado ao ser “engolido” pela marcação no lance que originou
o primeiro gol alviverde.
António
Oliveira voltou do intervalo com uma mudança na lateral. Matheuzinho, de
características mais ofensivas, entrou no lugar de Fagner.
Os problemas
persistiram, e o Corinthians sofreu dois gols – um deles anulado por
impedimento.
Mas, além da
raça já mencionada neste texto, o Timão mostrou que agora tem um banco de
reservas mais qualificado. O ataque ganhou fôlego com as entradas de Pedro
Henrique e Gustavo Mosquito – foi dele a assistência para Yuri Alberto marcar
pelo terceiro jogo consecutivo.
O improvável
empate, aos 54 minutos, veio numa arma que também não era vista na equipe há
tempos: uma cobrança magistral de falta de Rodrigo Garro.
Estatísticas do clássico – Palmeiras
x Corinthians:
Posse de
bola: 53% x 47%
Finalizações:
20 x 13
Chutes no
gol: 5 x 6
Faltas: 20 x
17
Passes: 337
x 292
Dribles: 10
x 9
Desarmes: 20
x 20
O
Corinthians não conseguiu vencer nenhum dos três clássicos na primeira fase do
Paulista, mas sai fortalecido do Dérbi. Ainda há muito em que melhorar e a
classificação para o mata-mata segue difícil, mas o time dá sinais de evolução.
E do jeito que seu torcedor mais gosta.