Em evento com Macron, Lula diz que Brasil está ao lado de ‘países que querem a paz’
Em evento com Macron, Lula diz que Brasil está ao lado de 'países que querem a paz'
Presidentes do Brasil e da França participaram de cerimônia de lançamento de submarino, no Rio. Lula também disse que há 'animosidade' contra democracias no mundo.
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (27) que o Brasil
está ao lado dos países que “querem a paz”.
O petista
deu a declaração durante evento de lançamento ao mar do Submarino Tonelero, no
complexo naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro (saiba mais sobre o submarino
aqui). A cerimônia contou com a participação do presidente da França, Emmanuel
Macron, que está em visita ao Brasil.
Em discurso,
Lula afirmou a Macron que o Brasil está investindo em submarinos com tecnologia
nuclear não para “fazer guerra”, mas para trabalhar pela paz.
“Presidente Macron, volte para a França e diga aos franceses que o Brasil está querendo os conhecimentos da tecnologia nuclear não para fazer guerra. Nós queremos ter o conhecimento para garantir a todos os países que querem paz, que saibam que o Brasil estará ao lado de todos, porque a guerra não constrói, a guerra destrói”, declarou Lula.
“O que
constrói é desenvolvimento, é conhecimento científico, é conhecimento
tecnológico. É nessa área que nós queremos fortalecer nossa parceria com o povo
francês”, completou o petista.
O presidente
do Brasil disse ainda que o país precisa ter Forças Armadas “altamente
qualificadas e preparadas” para garantir a paz quando necessário.
Lula não
citou, no discurso, nenhum conflito em andamento no mundo. Desde que assumiu o
mandato, em janeiro de 2023, o presidente brasileiro tem dado declarações
controversas sobre as guerras entre Rússia e Ucrânia, no leste europeu, e de
Israel contra o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio.
Em relação
ao conflito na Europa, por exemplo, Lula afirmou que tanto a Rússia, governada
por Vladimir Putin, quanto a Ucrânia, de Volodymyr Zelensky, têm responsabilidade
sobre o conflito.
Ele também
chegou a dizer que União Europeia, bloco integrado pela França, e Estados
Unidos contribuem com a continuidade do conflito, ao fornecer armas e munições
aos ucranianos. A fala foi mal recebida pelos estadunidenses e pelos europeus.
‘Animosidade’ contra democracias
Também no
pronunciamento, Lula disse que há uma “animosidade” contra o processo
democrático no Brasil e em outros países do mundo.
“Hoje,
nós sabemos, existe um problema muito sério de animosidade contra o processo
democrático deste país, contra o processo democrático do planeta Terra”,
disse.
“E nós
sabemos que a parceria que a França está construindo conosco é uma parceria que
vai permitir que dois países importantes, cada um num continente, se prepare
para que a gente possa conviver com essa diversidade sem se preocupar com
qualquer tipo de guerra, porque nós somos defensores da paz em todo e em
qualquer momento da nossa história”, afirmou Lula.
Também nesse
trecho do discurso Lula não fez referência a nenhuma ameaça contra regimes
democráticos no mundo.
Nesta
terça-feira (26), o Brasil divulgou, via Itamaraty, uma nota em que afirma ver
com “preocupação” o processo eleitoral na Venezuela, marcado para
julho.
No
comunicado, a diplomacia brasileira afirma que não houve explicações sobre o
impedimento da inscrição nas eleições de uma candidata que faz oposição a
Nicolás Maduro.
Em resposta,
o regime de Maduro classificou a manifestação brasileira como
“intervencionista” e disse que o comunicado do Itamaraty parece ter
sido “ditado” pelos Estados Unidos.
Parceria entre França e Brasil
O submarino
Tonelero foi fabricado no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub),
que faz parte da parceria estratégica Brasil-França, firmada em 2008. O projeto
adapta e aprimora às necessidades da Marinha do Brasil as embarcações francesas
da classe Scorpène.
O Tonelero é
o terceiro submarino convencional com propulsão diesel-elétrica construído no
Prosub. O programa de transferência de tecnologia entre os países pretende
entregar 5 submarinos, sendo 4 convencionais e 1 nuclear, até 2033.
Atualmente,
2 submarinos desenvolvidos pelo Prosub já estão em operação: Humaitá e
Riachuelo. O programa contempla ainda a construção do S-BR Angostura (S43) e do
Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN) Álvaro Alberto.
Presente à
cerimônia, a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, foi escolhida como
“madrinha” do submarino Tonelero. Ela quebrou uma garrafa de
champanhe para “batizar” a embarcação, uma tradição em eventos da
Marinha.
Em discurso,
Emmanuel Macron disse estar “orgulhoso” da parceria naval entre
França e Brasil.
“Fico,
particularmente, feliz que vocês [brasileiros] tenham a honra do lançamento
operacional deste magnífico instrumento de combate […]. Essa parceria
representa para a França uma transferência inigualável de tecnologia. Jamais
compartilhamos tanto do nosso conhecimento com o Brasil”, disse.