Guiana diz que não permitirá anexação de Essequibo pela Venezuela, promulgada por Maduro
Guiana diz que não permitirá anexação de Essequibo pela Venezuela, promulgada por Maduro
Governo local reagiu à promulgação de lei na Venezuela que permite ao país anexar o território de Essequibo, uma área que representa dois terços da Guiana mas que Caracas alega ser sua.
Por g1
O governo da Guiana disse nesta quinta-feira (4) que não vai permitir que a Venezuela anexe a região de Essequibo — área que representa dois terços de todo o território guianês mas que Caracas alega ser sua.
A declaração
foi a primeira reação da Guiana após o governo de Nicolás Maduro promulgar, na
quarta-feira (3), uma lei que prevê a anexação de Essequibo, após a realização
de um referendo no país, no ano passado, sobre o tema, que gerou ameaças de
guerra das duas partes.
Em
comunicado, o governo guianês acusou a Venezuela de violar “os princípios
mais fundamentais do direito internacional” e contradiz o documento que
ambas as partes assinaram no encontro bilateral que os presidentes dos dois
países mantiveram em dezembro de 2023, com a intermediação do Brasil.
“Neste
sentido”, diz a nota, “o governo da República Cooperativa da Guiana
deseja alertar o governo da República Bolivariana da Venezuela, os governos da
Comunidade do Caribe e da Comunidade Latino-Americana e Caribenha de Nações,
bem como o secretário-geral da Nações Unidas e ao secretário-geral da
Organização dos Estados Americanos, que não permitirá a anexação, apreensão ou
ocupação de qualquer parte do seu território soberano”.
A disputa
por Essequibo, uma briga antiga entre os dois países, voltou à tona no ano
passado, quando o governo de Nicolás Maduro realizou um referendo sobre a
anexação. A consulta pública, que teve participação de menos da metade da
população, aprovou que o país anexe a região vizinha, do tamanho do Ceará e
rica em petróleo.
Acordo
Em dezembro
de 2023, Guiana e Venezuela assinaram um acordo proibindo ameaças e o uso da
força no conflito envolvendo Essequibo. Entre os pontos acordados pelos dois
países na ocasião, estavam:
A resolução
de controvérsias de acordo com o que rege o direito internacional.
O
comprometimento em buscar coexistência pacífica e unidade da América Latina e
Caribe.
A ciência
sobre a controvérsia envolvendo a fronteira e a decisão do Tribunal
Internacional de Justiça sobre o tema.
A
continuidade do diálogo sobre questões pendentes.
Criação de
uma comissão conjunta com ministros das Relações Exteriores para tratar
questões mutuamente acordadas.
O acordo
também estabeleceu um novo encontro para discutir o assunto no Brasil.
Disputa
O território
de Essequibo é disputado por Venezuela e Guiana há mais de 100 anos. Desde o
século 19, a região estava sob controle do Reino Unido, que adquiriu o controle
da Guiana em um acordo com a Holanda. A área representa 70% do atual território
da Guiana, e lá moram 125 mil pessoas.
Na
Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em
2015, foi descoberto petróleo na região.
Estima-se
que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais
significativa é “offshore”, ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por
causa do petróleo, a Guiana é o país sul-americano que mais cresce nos últimos
anos.
Tanto a
Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em
documentos internacionais:
A Guiana
afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito
em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana
era um território do Reino Unido.
Já a
Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo
firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no
qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução
negociada.