Homicídio e pobreza são desafios do Brasil na comparação com G20
Homicídio e pobreza são desafios do Brasil na comparação com G20
Apenas África do Sul e México têm piores índices de assassinatos.
Publicado por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A proporção
de homicídios no Brasil é um dos indicadores mais desafiadores do país em uma
comparação de dados envolvendo países do G20 (Grupo dos 20, que reúne as
principais economias do mundo). A população que vive abaixo da linha de pobreza
e a presença de mulheres no Congresso Nacional também são pontos que chamam
atenção negativamente.
Por outro
lado, a participação de mulheres em posições gerenciais e a taxa de
informalidade feminina no mercado de trabalho são pontos positivos do Brasil na
comparação internacional.
As constatações
fazem parte do estudo Criando Sinergias entre a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável e o G20, divulgado nesta terça-feira (9) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O
levantamento apresenta indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), que incluem a Agenda 2030, um conjunto de metas a serem atingidas pelos
países. Os ODS são um compromisso assinado pelos integrantes da Organização das
Nações Unidas (ONU), em setembro de 2015.
Apesar de a
União Europeia (UE) e a União Africana (UA) participarem do G20, esses blocos
não estão incluídos na comparação do IBGE. Isso significa que 19 países fazem
parte do universo de pesquisa. No entanto, o instituto sinaliza que nem todos
disponibilizaram à ONU todas as informações pesquisadas.
Homicídios
Dos sete
indicadores ODS comparados, um que mostra o Brasil em má situação é o número de
vítimas de homicídio intencional, por 100 mil habitantes. Os registros são de
2021, ano que apresentou o maior número de homicídios intencionais no mundo em
relação as duas últimas décadas.
Entre os 15
países do G20 com informações liberadas, África do Sul, México e Brasil apresentaram
os maiores números.
No país
africano, o índice chegou a 72,04 por 100 mil habitantes entre os homens. Em
seguida figuram México (50,54) e Brasil (39,55). Japão (0,25), Coreia do Sul
(0,55), Itália (0,64) e Alemanha (0,87) se destacam positivamente.
É possível
notar grande diferença de proporção entre homens e mulheres. África do Sul
(10,67), México (6,17) e Brasil (3,53) também lideram o ranking de homicídios
de mulheres por 100 mil habitantes.
Para efeito
de comparação, a taxa global foi de 5,8 por 100 mil, sendo 9,3 para homens e
2,2 para mulheres. O ODS prevê a redução significativa de todas as formas de
violência e as taxas de mortalidade.
Pobreza
Nove países
do G20 fornecem dados sobre a proporção da população vivendo abaixo da linha de
pobreza internacional – US$ 2,15 por dia (cerca de R$ 11). O Brasil é o segundo
país com maior proporção, com 5,8% da população nesta situação. Perde apenas
para a Índia, que tem 12,9% da população abaixo da linha de pobreza. França
(0,1%), Estados Unidos (0,2%) e Reino Unido (0,2%) têm as menores proporções.
Os números
compilados são de 2021. Isso significa que não registra efeitos mais recentes,
como a crise econômica na Argentina, que aparece com apenas 0,9% da população
abaixo da linha corte.
É um ODS
erradicar a pobreza extrema. O estudo do IBGE adianta que o Brasil,
diferentemente da maioria dos países do G20, já apresentou dados de 2022,
alcançando o índice de 3,5%.
Mulheres
Quando o
assunto é participação feminina, o Brasil se destaca na proporção de mulheres
em posições gerenciais. Dos 15 países ranqueados, o Brasil figura em terceiro,
com 38,8%, atrás apenas de Estados Unidos (41,4%) e Rússia (46,2%). Os números
são de 2021.
No entanto,
quando a avaliação é referente à proporção de assentos ocupados por mulheres em
parlamentos nacionais, dados de 2022 colocam o Brasil na penúltima posição
entre as 19 nações, com 14,81%. O Brasil fica à frente somente do Japão
(9,68%). O ranking é liderado pelo México, que alcançou a igualdade, ou seja,
metade das vagas são ocupadas por mulheres.
Trabalho e educação
O
levantamento aponta o quadro de desemprego, fazendo recorte analítico por idade
e sexo. Os piores índices pertencem à África do Sul. No país africano, cerca de
metade da população masculina está desocupada. Entre as mulheres, o desemprego
atinge cerca de um quarto delas.
O Brasil
encontra-se na metade superior do ranking, rodeado de países emergentes e ainda
distante de economias desenvolvidas, como Estados Unidos, Alemanha, Japão e
Coreia do Sul. Itália e França surgem em posições piores que a do Brasil.
Entre homens
jovens brasileiros (15 a 24 anos), a taxa de desocupação é de 17,64%. Para as
jovens brasileiras, 5,52%. Na população a partir de 25 anos, as taxas
brasileiras são de 24,71% para homens e 8,85 para mulheres. No Japão, nenhuma
dessas taxas chega a sequer 5%.
Outro
indicador relacionado ao mercado de trabalho é a taxa de informalidade, isto é,
com garantias trabalhistas. A Índia tem os piores índices para homens (88,18%)
e mulheres (91,32%). O Brasil ocupa a sexta posição na listagem de dez países –
40,26% para homens e 36,08% para mulheres. Alemanha e França, na ordem,
apresentam as melhores situações, com menos de 5% da força produtiva na
informalidade.
Treze países
disponibilizaram dados de 2021 relativo à taxa de conclusão do ensino médio.
Com o melhor indicador, os Estados Unidos alcançaram 94,58%. O Brasil é o nono,
com 73,37%, e o México fecha a lista, com 59,53%.
G20
O IBGE
considera que o estudo “traz para o debate as sinergias existentes entre a
Agenda 2030 e o G20, fornecendo um primeiro conjunto de informações que possam
subsidiar as discussões sobre o tema das desigualdades”.
Desde
dezembro de 2023 o Brasil é o presidente rotativo do G20. Ao longo deste ano,
uma série de encontros para tratar de desafios globais são realizados por
grupos de trabalho e forças-tarefa. O ponto alto da presidência brasileira no
fórum de países será o encontro de cúpula, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio
de Janeiro.
O G20 é
formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil,
Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália,
Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e mais a União Africana e União
Europeia.
Os membros
do grupo representam cerca de 85% da economia mundial e cerca de dois terços da
população do planeta.
Edição: Aline Leal