Falta espaço no Orçamento para bancar subsídios e evitar alta na conta de luz, diz Tesouro
Falta espaço no Orçamento para bancar subsídios e evitar alta na conta de luz, diz Tesouro
Governo busca solução estrutural para aumento na conta de luz. Pagamento da conta de subsídios é uma das ideias ventiladas pelo setor e pelo Ministério de Minas e Energia.
Por Alexandro Martello, Lais Carregosa, Thiago Resende, g1 e TV Globo — Brasília
Falta espaço
no Orçamento Federal para bancar os subsídios de energia, um dos itens que mais
pesam na conta de luz dos consumidores. A afirmação é do secretário do Tesouro
Nacional, Rogério Ceron, em entrevista ao g1 e à TV Globo.
Os subsídios
de energia são um dos itens que compõem a conta de luz, cujo crescimento é um
dos fatores que mais pesam nos reajustes tarifários, aumentando a conta de luz.
“O orçamento
fiscal já tem zero espaço para acomodar despesas novas relevantes. Não se trata
de mérito, não é uma discussão se é legítimo ou não. O orçamento público está
já bastante tensionado, já tem mil e uma demandas já existentes, que demandam
zelo e cuidado”, declarou.
Os subsídios estão reunidos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que deve custar R$ 37 bilhões em 2024, dos quais aproximadamente R$ 33 bilhões são pagos pelos consumidores na conta de luz.
A inclusão
da CDE no orçamento federal é citada pelo setor elétrico e pelo ministro de
Minas e Energia, Alexandre Silveira, como uma das soluções possíveis contra o
aumento nas tarifas de energia.
No início de
abril, depois de reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e
representantes da Casa Civil, Silveira afirmou que havia levado três sugestões
para o governo.
Entre as
propostas, está a de transferir essas despesas para o Orçamento, retirando o
gasto do limite estabelecido pelo arcabouço fiscal.
Questionado,
Ceron disse que “alocar algo fora do teto de gastos não muda a realidade de que
é uma despesa pública que vai impactar o primário, que vai demandar um aumento
da dívida pública [com] mais emissão de títulos no mercado, que vai aumentar a
inflação”.
O secretário
destacou ainda que, caso isso seja feito, haveria a possibilidade de efeito um
contrário ao pretendido.
“Como a
realidade do dia de hoje mostra, o país vive um equilíbrio muito tênue, então
qualquer ruído, seja de fora ou interno, gera consequências imediatas sobre
todos os indicadores como sobre o câmbio. E o câmbio gera inflação, que afeta a
população de menor renda. Certamente não é o objetivo de nenhum gestor público
tomar qualquer medida que vai afetar diretamente a população”, declarou.
Entenda a
discussão sobre as tarifas
O governo
publicou neste mês uma medida provisória com o objetivo de reduzir as tarifas
de energia no curto prazo, mas o texto pode ampliar o custo ao consumidor ao
longo dos anos.
Diante da
repercussão negativa, o Executivo reuniu especialistas do setor para discutir
alternativas para uma redução estrutural da conta de luz. A reunião aconteceu
no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).
Como mostrou
o g1, três fatores têm pressionado o aumento nas tarifas:
– crescimento
dos subsídios pagos pelos consumidores;
– custo da
contratação de energia;
– investimentos
em transmissão.
Só em 2024,
o consumidor vai pagar R$ 32,7 bilhões em encargos nas tarifas de energia, o
que representa 12,5% da conta de luz do brasileiro. Esses recursos custeiam
políticas públicas do setor, como a tarifa social e o incentivo a usinas de
energia renovável.
Já o custo
da contratação da energia diz respeito aos contratos celebrados pelas
distribuidoras junto às usinas. O consumidor do mercado regulado — ou seja, o
consumidor residencial, rural, pequenos comércios, e outros — paga por uma
energia mais cara.
É no mercado
regulado que estão contratadas fontes como as termelétricas, mais caras e
poluentes, mas também necessárias em momentos de baixa geração de outras
fontes.
Os
investimentos em transmissão, por sua vez, são os custos da construção das
linhas de transmissão – que transportam a energia gerada pelas usinas.
Como houve
um incentivo para a construção de muitas usinas eólicas e solares, há
necessidade de mais investimento em transmissão. Por isso, o governo tem
realizado leilões com expectativas de investimentos bilionários, que viram
tarifa para o consumidor.