Focus: em semana de Copom, mercado passa a prever corte menor nos juros e Selic em 10,5%
Focus: em semana de Copom, mercado passa a prever corte menor nos juros e Selic em 10,5%
Até a semana passada, boletim Focus indicava previsão de juro básico a 10,25% – 0,5 ponto percentual abaixo da atual. Nova edição prevê corte de 0,25 ponto; Copom se reúne na quarta.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
Economistas do mercado financeiro passaram a prever um corte menor de juros nesta semana, de 0,25 ponto percentual. Se confirmado, a Taxa Selic passaria dos atuais 10,75% para 10,5% ao ano.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana para definir o novo patamar de juros – o resultado deve ser divulgado na quarta (8).
A nova previsão consta no relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, sobre as projeções para a economia.
Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, após seis reduções seguidas promovidas pelo Banco Central.
Na semana retrasada, o mercado financeiro ainda projetava um corte mais pronunciado na taxa de juros, de 0,50 ponto percentual, para 10,25% ao ano.
Para definir o nível da taxa Selic, o Banco Central trabalha com o sistema de metas de inflação. Se as estimativas para o comportamento dos preços estão em linha com as metas pré-definidas, pode reduzir a taxa. Se as previsões de inflação começam a subir, pode optar por manter ou subir os juros.
A meta central de inflação é de 3% neste ano, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
No próximo ano, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
O Banco Central já está mirando, neste momento, na meta do ano que vem, e também em 12 meses até meados de 2025.
A expectativa do mercado financeiro de um corte menor nos juros nesta semana aconteceu após a equipe econômica do presidente Lula propor uma redução nas metas para as contas públicas neste ano.
Para 2025, o governo propôs uma mudança da meta fiscal atual, que é de um superávit de 0,5% do PIB (+R$ 62 bilhões) para uma meta fiscal zero, sem déficit nem superávit.
Para 2026, a equipe econômica propôs uma mudança na meta vigente, que é de um saldo positivo de 1% do PIB (cerca de R$ 132 bilhões) para um superávit menor, de 0,25% do PIB — cerca de R$ 33 bilhões.
Com a redução das metas fiscais, o espaço que o governo pode obter para novos gastos públicos é de cerca de R$ 161 bilhões nos dois anos — o que pode impulsionar mais a inflação.
Inflação e PIB
Para a inflação deste ano, os analistas dos bancos reduziram a expectativa de inflação de 3,73% para 3,72%.
Com isso, a expectativa dos analistas para a inflação de 2024 se mantém abaixo do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2025, a estimativa de inflação avançou de 3,60% para 3,64% na última semana.
Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a projeção do mercado subiu de de 2,02% para 2,05%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
Já para 2025, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro ficou estável em 2%.
Outras estimativas
Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
– Dólar: a projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2024 permaneceu em R$ 5. Para o fim de 2025, a estimativa continuou em R$ 5,05.
– Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção recuou de US$ 80 bilhões para US$ 79,8 bilhões de superávit em 2024. Para 2025, a expectativa para o saldo positivo avançou de US$ 75 bilhões para US$ 76 bilhões.
– Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano subiu de US$ 67 bilhões para US$ 68,8 bilhões de ingresso. Para 2025, a estimativa de ingresso ficou estável em US$ 73 bilhões.