Brasil vai importar arroz para evitar especulação de preços
Brasil vai importar arroz para evitar especulação de preços
Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção do grão no país.
Publicado por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil – Brasília
Para evitar
uma possível escalada no preço arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) vai comprar o produto já industrializado e empacotado no mercado
internacional. A informação foi dada nesta terça-feira (7) pelo ministro da
Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Trata-se de um dos efeitos das enchentes
no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz.
De acordo
com o ministro, perdas na lavoura, em armazéns alagados e, principalmente, a
dificuldade logística para escoar o produto, com rodovias interditadas, poderia
criar uma situação de desabastecimento, elevando os preços no comércio.
“O
problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas
que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande
dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste
momento, e levar para os centros consumidores”, explicou. Os recursos para
a compra pública de estoques de arroz empacotado serão viabilizados por meio da
abertura de crédito extraordinário.
“Uma
das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab
a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A
Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos
produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar
especulação”, acrescentou o ministro. A MP depende da aprovação, pelo Congresso
Nacional, de um decreto legislativo que reconhece a calamidade pública no Rio
Grande do Sul e, com isso, suspende os limites fiscais impostos pela legislação
para a ampliação do orçamento. O decreto, já foi aprovado na Câmara dos
Deputados, deve ser votado ainda nesta terça pelo Senado.
Na primeira
etapa, o leilão de compra da Conab, uma empresa pública federal, será para 200
mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do
Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia.
“Se a gente for rápido na importação, a gente mantém [o preço]
estável”, garantiu. O restante, até totalizar 1 milhão de toneladas, será
importando conforme a avaliação de mercado. Essa cota ainda poderá ser elevada,
se for necessário, assegurou o ministro.
Fávaro
explicou que a Conab só deverá revender o produto no mercado interno
diretamente para pequenos mercados, nas periferias das cidades, especialmente
nas regiões Norte e Nordeste, para não afetar a relação dos produtores de arroz
brasileiros com os atacadistas, que são seus principais clientes. Mais cedo, em
entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva havia antecipado a informação de que o país poderia ter que importar
arroz e feijão. No entanto, segundo o ministro Fávaro, apenas a importação de
arroz será necessária.
O Brasil
produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz, sendo que entre 7 e 8
milhões vêm de produtores gaúchos. O consumo interno anual, de 12 milhões de
toneladas, supera a produção nacional, e o país já costuma importar o grão
todos os anos.
Prorrogação de dívidas
O ministro
Carlos Fávaro também informou ter se reunido, mais cedo, com representantes da
Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul e 123 sindicatos rurais para
avaliar as demandas do setor frente ao desastre causado pelas chuvas no estado.
O titular da pasta da Agricultura adiantou que, a pedido dos produtores, o
governo deverá analisar o pedido de
prorrogação imediata, por 90 dias, de todos os débitos do setor.
A
prorrogação é do pagamento de parcelas de empréstimos e operações financeiras
de custeio e investimentos, contratadas pelos produtores. A medida precisa de
aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelos ministérios da
Fazenda, do Planejamento e pelo Banco Central. O órgão deverá realizar uma
reunião extraordinária nos próximos dias para encaminhar o pleito dos
produtores gaúchos.
Edição:
Aline Leal